metropoles.com

Máfia dos Concursos: candidata deu casa de R$ 850 mil em troca de vaga

Imóvel serviu para que ela garantisse aprovação no concurso de delegado da Polícia Civil de Goiás, organizado pelo antigo Cespe

atualizado

Compartilhar notícia

GIOVANNA BEMBOM/METRÓPOLES
Brasília (DF), /00/2017 – – Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles
1 de 1 Brasília (DF), /00/2017 – – Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles - Foto: GIOVANNA BEMBOM/METRÓPOLES

A denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) contra mais oito integrantes da Máfia dos Concursos traz novos detalhes do esquema criminoso montado no DF e em Goiás para a compra de vagas no serviço público. Um deles chama a atenção pela alta quantia paga por uma mulher que almejava passar no concurso de delegado da Polícia Civil goiana. Ela transferiu uma casa no valor de R$ 850 mil, em Goiânia, para um dos envolvidos nas fraudes.

De acordo com a denúncia, 19 suspeitos que figuram como os primeiros colocados no certame, que está suspenso, foram investigados. As apurações apontaram que a candidata Simone Marques Rassi formalizou um contrato de compra e venda do imóvel avaliado em R$ 850 mil. No documento, Weverson Vinícius da Silva, um dos operadores do esquema, segundo investigações da Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deco), aparece como comprador. Ele foi denunciado pelo MP por fraude em concurso público.

Na primeira fase da Operação Panoptes, deflagrada em 21 de agosto deste ano, a Polícia Civil do DF cumpriu mandado de busca e apreensão na casa de Weverson, chamado pelos comparsas de “Vinícius”. Na ocasião, os policiais encontraram com ele uma cópia completa do inquérito policial que investigava a Máfia dos Concursos, liderada pelo ex-servidor do Tribunal de Justiça do DF Helio Ortiz, e seu filho, Bruno Ortiz. Entre os documentos apreendidos na residência de Weverson, também estava o contrato de compra e venda do imóvel transferido pela candidata.

Imagens da primeira fase da Operação Panoptes:

0

 

Interceptações
A participação de Weverson nos crimes foi comprovada por interceptações telefônicas feitas com a autorização da Justiça. Nos grampos, ele conversa abertamente sobre as fraudes praticadas nos concursos e confirma ter recebido dinheiro de candidatos que pagaram pelas vagas.

As escutas também flagraram a relação de proximidade de Weverson com funcionários do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), entidade ligada à Universidade de Brasília (UnB). As gravações captam o momento em que o operador marca reuniões com empregados da organizadora de concursos para negociar o vazamento das provas.

“A atuação delituosa de Weverson é robustecida por outras conversas. Entre as quais, a que ele afirma a Rafael (um dos investigados) ter se encontrado novamente com o pessoal (provavelmente funcionários do Cespe/Cebraspe) e que decidiram não resolver o problema do candidato Cadu agora, pois houve um incidente e iriam deixar para o próximo ano, pois dariam um tempo para fazer com mais tranquilidade”, diz trecho da denúncia encaminhada pelo MP à Justiça esta semana.

Imagens da segunda fase da Operação Panoptes:

0

Também na casa de Weverson, os policiais encontraram comprovantes de depósitos bancários e cheques que pertenciam a candidatos suspeitos de terem sido aprovados em concursos públicos de forma fraudulenta. Depoimentos prestados por outros envolvidos afirmam que Weverson tinha como principal objetivo organizar a logística e os meios empregados para ter acesso às respostas de provas que ainda seriam aplicadas.

O esquema
Os criminosos, de acordo com os investigadores, cobravam dinheiro de alunos de cursinhos prometendo garantir vagas em concursos públicos e até mesmo em vestibulares concorridos de universidades federais.

Era dado um sinal entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. Se o nome constasse entre as primeiras colocações na divulgação do resultado, os aprovados desembolsavam até 30 vezes mais para concretizar o negócio. Na denúncia do MP, os envolvidos sugeriam até mesmo que o candidato aprovado fizesse empréstimo consignado para pagar o que devia à máfia.

As investigações da Deco apontaram que as fraudes ocorriam, geralmente, de quatro formas. Uma delas era a utilização de ponto eletrônico pelos candidatos, que recebiam as respostas de membros da organização criminosa, denominados “pilotos”. Eles seriam os responsáveis por fazer a prova e sair do local com as respostas. Outra forma de operação era a utilização de celular escondido no banheiro, com transmissão das soluções.

Também foi verificado o envolvimento de bancas organizadoras, que recebiam as folhas de resposta quase em branco e faziam o preenchimento de acordo com o gabarito oficial. O último método consistia na realização da prova por outra pessoa, que não o inscrito, com o uso de documentos falsificados.

O grupo agia sob a liderança de Helio Ortiz. E envolvia até o dono de uma faculdade, que fornecia diplomas de curso superior aos candidatos. Ortiz foi preso pela primeira vez em 2006. Julgado e condenado, acabou solto por não ter, à época, a tipificação do crime de fraudes em concursos públicos.

Segundo a Polícia Civil, Bruno Ortiz, morador de Águas Claras, era o executor do esquema e aliciava os candidatos; Rafael Rodrigues da Silva Matias trabalhava sempre ao seu lado, auxiliando nas atividades ilícitas; e Johann viabilizava diplomas falsos de graduação e pós-graduação a quem precisasse e pagasse bem. Os quatro continuam presos.

 

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?