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Chovemos todos na quarta-feira mágica. Chuvaréu de felicidades

Em Brasília é assim: caem umas gotinhas e faz-se uma celebração maior do que o Carnaval, Natal e Réveillon juntos

atualizado

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Daniel Ferreira/ Metrópoles
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1 de 1 catedral1 - Foto: Daniel Ferreira/ Metrópoles

De cada cidade vinha notícias de que algo de maravilhoso acontecia: chovia, chovíamos e choveremos. Em Brasília, a chuva é uma emanação divina. Na minha primeira terra, Belém, chove todos os dias, no meio da tarde, é amor presente. Na minha segunda terra, Brasília, a chuva vira saudade. São dias, meses, quase séculos de desprezo. Mas também quando ela volta, é uma celebração maior do que o Carnaval, as festas juninas, o Natal e Réveillon, juntos. Caem umas gotinhas e a felicidade desce do bloco, estica o braço na janela, dança na varanda, saltita na calçada, rodopia no quintal e escreve nas redes.

Foi assim na quarta-feira passada, o histórico e memorável 25 de setembro de 2019. Mia Couto estava em Brasília, lugar que ele sonhou em prosa quase verso: “Quero morar numa cidade onde se sonha com chuva. Num mundo onde chover é a maior felicidade. E onde todos chovemos”. Entre outros muitos atributos mágicos, o moçambicano querido também faz chover. Chovemos com ele.
Chovi lendo os posts nas redes. Fazia tempo que não via a internet tão chuvosamente feliz.

“Que cheiro bommmmm de terra molhada! Primeira chuva em 114 dias! Só brasiliense sabe a emoção”. Era a Mariana Sales de Melo Soares chovendo emojis de coração, de taças brindando, de menina dando cambalhota. “Aqui na 111 Norte está chuviscando! Tô quase feliz!”, escreveu Miguel Simão Costa, às 19h26. “Boa noite, querido povo do Gamão. A Dona Chuva deu as caras pelos seus setores? Aqui no Sul choveu, mas não ‘repangalejou‘ (adorei o neologismo, é quase uma onomatopeia). Vamos continuar firmes nas orações e nas danças tribais para que ela venha firme e que caia por inteiro”, postou o chuvoso Eduardo Gonçalves Brito, do grupo Nós que amamos o Gama.

A Nathália Lima aproveitou para derramar amor: “A chuva veio e trouxe um pouquinho de mansidão pra esse meu coração que tem pulsado em um peito alheio. Só sabe quem é como eu…” (Eu sou, Nathália, eu sou…). “Chuviscando na Quadra 12!! Uhuuuuu”, comemorou torrencialmente a Thaís Carvalho Lobo, moradora do Lago Norte. Foi uma chuva democrática, por certo. Do Lago Norte ao Gama. “É chuva que se diz?”, perguntou a Luzia Damé, postando fotos do para-brisa molhado.

 

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Foi uma chuva só, mas foram 3 milhões de chuva. Uma para cada brasiliense. A Adriana Bonfim estava se sentindo agradecida: “Chuva caindo tão mansa, na paisagem do momento”. O João Leal já prenunciava queixas: “Muito em breve, vamos ouvir: se continuar chovendo como está, vamos mofar. Certo ou errado?”. É assim mesmo, João. Se não reclamar, não tem graça. “Chovendo no Tororó”, postou, em roxo, o Maurício Euclydes Borges.

O Euler França Belém deu notícias de Goiânia: “Saudade perdeu. Chuva é a palavra mais bela da língua portuguesa, a penúltima flor do Lácio”. Choveu em português, o Euler. A Luciana de Maya Ricardo anunciou a chuva no final da asa: “Choveu na 215 Sul. Tá… é um chuvisquinho”.

Em Samambaia também choveu na milagrosa noite de quarta, anunciou a Mariana Branco. A Beth Fernandes estava ansiosa (quem não estava?): “Contaram pra mim que estão caindo umas gotinhas do céu em Taguatinga e Ceilândia. Será?”. “Está chovendo no VP. Bora reclamar…”, atiçou a Rosane Dantas. Quem mora em Vicente Pires sabe torrencialmente do que ela está falando.

O Marconi Scarinci deixou-se encantar pela melodia: “Não há som mais belo do que o da chuva”. Marina Mara, a poeta, poetou: “Perfume de terra molhada no ar”. Choveu no Park Way, avisou o Ton Ramalho. A Fátima de Deus celebrou: “Acabo de entrar em casa molhada da cabeça aos pés. Chove mansinho e feliz estou”. A Simone de Moraes confessou desejos: “Eu queria muito ser uma garota do tempo. Não tipo uma Maju, mas uma cacique cobra-coral. Tá chovendo em BsB”.

O Rogério Marcos se entusiasmou pra caramba: “Chuva em Águas Claras, impeachment de Trump, Boris enrolado. Tudo milagre. Se pedir mais um, queda do Bozo, será que sai?”. O Francisco Leitão, arquiteto, fez justiça à ciência que tem o dom de nos avisar como anda o humor das estações do ano, da chuva e do vento, do frio e do calor: “Adoram criticar a meteorologia, mas a previsão da chuva foi certinha, dia 25”.

A previsão para este domingo (29/09/2019) é de pancadas de chuvas e trovoadas… mas isoladas. Mesmo se chover só no Gama ou só em Planaltina, só de ver os gamenses e os planaltinenses chovendo alegria nas redes sociais, já me sinto chovida. Choveremos todos.

* Este texto representa as opiniões e ideias do autor.

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