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Rachadinha: ou Janones mentiu à Justiça Eleitoral ou a assessores

Ao cobrar que assessores aceitassem rachadinha, deputado André Janones disse ter gasto R$ 475 mil a mais do que declarou na campanha de 2016

atualizado

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Agência Câmara
Janones Homem discursa na tribuna
1 de 1 Janones Homem discursa na tribuna - Foto: Agência Câmara

Na reunião em que cobrou parte do salário de assessores para “recompor seu patrimônio”, o deputado federal André Janones disse ter gasto R$ 675 mil na campanha de 2016. Naquele ano, ele tentou se eleger prefeito de Ituiutaba, em Minas Gerais.

Mas de acordo com a declaração de despesas apresentada por Janones à Justiça Eleitoral, o então candidato gastou R$ 200 mil na campanha daquele ano. Há, portanto, uma lacuna de R$ 475 mil entre o que foi verbalizado à sua equipe e o que foi informado ao TSE.

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Então, dos dois, um. Ou Janones mentiu aos assessores para tentar sensibilizá-los a lhe dar parte do salário ou o então candidato fez caixa dois na campanha de 2016, sem declarar ao Tribunal Superior Eleitoral todo o valor usado na campanha.

“Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser”, argumentou Janones.

O deputado foi gravado pedindo parte dos salários de assessores em 2019, no início do seu primeiro mandato na Câmara, durante reunião ocorrida na sala de reuniões do Avante, seu partido, na Câmara.

“O meu patrimônio foi todo dilapidado. Eu perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 (mil). Eu acho justo que essas pessoas também participem comigo da reconstrução disso. Então, não considero isso uma corrupção”, disse Janones aos assessores.

Em sua prestação de contas da campanha de 2020, a maior despesa declarada por Janones se refere à produção de programas de rádio e TV para o guia eleitoral. O gasto declarado foi de R$ 88 mil.

A produção de jingles e vinhetas aparece em seguida, com despesa de R$ 38,4 mil. A despesa com serviços de contabilidade, no valor de R$ 26 mil, ficou em terceiro lugar.

No encontro de 2019, Janones também sugeriu uma “vaquinha” entre os servidores para juntar R$ 200 mil para a campanha de 2020. Ele era cotado para a disputa pela prefeitura de Belo Horizonte, mas acabou não se candidatando.

“Eu pensei de a gente fazer uma vaquinha entre nós, e aí nós vamos decidir se vai ser R$ 50, se vai ser R$ 100, R$ 200, se cada um dá proporcional ao salário. Se cada um der R$ 200 na minha conta, vai ter mais ou menos R$ 200 mil para a gente gastar nessa campanha”, sugeriu o segundo deputado federal mais votado de Minas Gerais em 2022.

Nesta terça-feira (28/11), um dia depois da coluna revelar a denúncia dos ex-assessores de Janones, 45 deputados de oposição acionaram a Procuradoria-Geral da República para pedir investigação por ato improbidade administrativa contra o parlamentar do Avante.

No pedido, eles alegam que Janones também cometeu crime de falsidade ideológica eleitoral ao declarar uma despesa melhor do que teria tido durante a campanha de 2016.

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