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O que significa a volta da família Marinho ao comando do grupo Globo?

Conglomerado de mídia brasileiro se prepara para o futuro e busca agilidade para concorrer com gigantes do streaming

atualizado

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O dito popular diz que o olho do dono engorda o gado. Este não é o espaço mais apropriado para considerações sobre o agronegócio, mas a expressão pode servir de ponto de partida para uma análise sobre as mudanças no organograma do Grupo Globo, antecipadas pela coluna LeoDias na noite de quarta-feira (13/10) e anunciadas oficialmente pelo conglomerado de mídia na quinta (14/10). 

 

A partir de 1º de fevereiro de 2022, João Roberto Marinho assume a presidência do grupo. Paulo Marinho será o responsável pelo comando da Globo. Duas gerações da família Marinho ocupando postos chave na hierarquia do grupo, que chega ao centenário em 2025. A pedra fundamental do império das comunicações foi a fundação do jornal O Globo, em 1925, por Irineu Marinho – avô de João Roberto e bisavô de Paulo.

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Os Marinho retomam o comando do grupo depois das mudanças profundas provocadas pela administração de Jorge Nóbrega. Responsável pela implementação do projeto Uma Só Globo, Nóbrega fortaleceu a marca da emissora, deu passos importantes para torná-la uma media tech e impôs à cultura de todo o grupo uma sinergia jamais experimentada. Antes mastodôntica, a Globo pareceu encolher para ter mais agilidade e, assim, se adaptar de forma mais rápida às inúmeras mudanças no mercado da comunicação.

 

Como nem tudo são flores, na gestão que chega ao fim no início do próximo ano a Globo demitiu como nunca. Desfez-se de astros e estrelas de primeira grandeza, fez cortes importantes em várias áreas, reduziu salários e custos operacionais. Apesar da economia provocada pelas medidas, no entanto, o grupo foi impactado pela pandemia e viu as receitas encolherem bastante no biênio 2020-2021. Sinal dos tempos.

 

Leitores mais pessimistas podem concluir, então, que a empresa está mal das pernas. Será o fim da Globo? A derrocada do império? Lamento contrariar os críticos da líder de audiência, mas nada sinaliza para este desfecho dramático. A Globo segue líder, dona dos títulos mais assistidos na TV aberta, responsável por alguns dos canais mais vistos no sistema fechado e, a despeito das concorrentes, investiu pesado no futuro, via Globoplay. Com o serviço de streaming, o grupo comandado pela família Marinho é o único do país que tem disputado, em pé de igualdade, a atenção dos espectadores com gigantes estrangeiros como Netflix, Amazon Prime Video, HBO Max, Disney e Apple TV. E tem se saído bem no embate: em 2020, a plataforma brasileira registrou aumento de 145% na base de assinantes. O número de horas consumidas pelos assinantes no ano passado disparou 224%. 

 

Mas leve e digital do que nunca, a Globo mira no futuro e repete um movimento feito pelos grandes estúdios de Hollywood no fim da Era de Ouro do cinema. Na época, atores e atrizes eram exclusivos das grandes grifes cinematográficas. Warner Bros, MGM 20th Century Fox e semelhantes só faziam filmes com seus respectivos contratados. No fim dos anos 1950, porém, os grandes estúdios reviram a política de contratos de exclusividade e chegaram à conclusão de que era muito mais barato contratar artistas por obra. 

 

Sete décadas depois, os grandes estúdios citados seguem ativos. Alguns mudaram de mãos, é verdade, mas continuam a encantar o mundo com suas produções. 

 

A Globo faz o mesmo. Se prepara para seguir. Mais leve e focada no digital. Com uma diferença: o quase centenário grupo brasileiro segue sob o domínio da família que o fundou. 

 

E nunca fez tanto sentido o verso da música de fim de ano que diz: “o futuro já começou”…

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