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Sustentabilidade e empreendedorismo são debate no Metrópoles Fashion & Design

A moda periférica também esteve entre os assuntos abordados no painel com representantes de brechós locais, no 2º dia de festival

atualizado

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Matheus Veloso/Metrópoles
Roda de conversa no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 - Metrópoles
1 de 1 Roda de conversa no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 - Metrópoles - Foto: Matheus Veloso/Metrópoles

O Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 ocorreu nos dias 14 e 15 de setembro. Um dos destaques da programação foram as rodas de conversa, com temas sobre tecnologia, localismo e biomateriais, entre outros. No segundo dia de evento, um dos painéis teve como tema a sustentabilidade, com convidados representantes dos brechós Perifa, Tela Ambulante e Lixomania. No debate, os convidados destacaram que a temática se trata de um desafio social e mundial. Moda periférica e empreendedorismo também foram assuntos abordados.

Vem conferir!

Roda de conversa no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 - Metrópoles
A roda de conversa sobre sustentabilidade e empreendedorismo ocorreu nessa sexta-feira (15/9)

 

Paradoxo da sustentabilidade

Com mediação da jornalista Rebeca Oliveira, editora de Vida & Estilo no Metrópoles, e da publicitária Heloísa Rocha, idealizadora do ateliê criativo Texturas, a roda de conversa constatou que a sustentabilidade chega a ser uma temática paradoxal. Apesar de a geração Z, por exemplo, ser adepta do consumo em brechós, também é assídua no fast fashion.

Criadora do antiquário de vestir Lixomania, Rachel Smidt, também conhecida como Tia Lixo, está no mercado de segunda mão há cerca de cinco anos. No empreendimento, o destaque são as peças vintage, feitas em décadas anteriores aos anos 1980. Para ela, a moda deve ser vista como uma ferramenta de educação e como um ato político revolucionário.

“É necessário furar as bolhas para entender de fato o que é ser sustentável. Afinal, o mundo da moda é o mundo inteiro; todos usam roupas”, apontou. “Nós podemos ter atitudes de sustentabilidade, mas ser 100% sustentável é inviável. No brechó, por exemplo, eu lavo roupas e gasto litros de água”, completou.

Representante do brechó e coletivo autoral Tela Ambulante, Victor Hugo Soulivier exaltou a necessidade de ultrapassar a teoria para alcançar a prática. “O sustentável se tornou quase um movimento de hype, algo que infla a moralidade. Mas eu vejo a moda como uma fonte de renda, sobretudo; ser sustentável é uma consequência.” 

Formada em ciência política, a fundadora do Perifa Brechó comanda o negócio desde 2020 com formato de feira itinerante mensal. No bate-papo durante o MFDF, ela falou sobre a necessidade de levar o debate para a sociedade como um todo. Na visão de Kellen Vieira, apesar de a indústria fashion não conseguir resolver a questão ambiental, é possível ser parte da solução com atitudes contínuas.

“Quando eu comecei a trabalhar com brechó que entendi a moda como uma produtora de lixo, como um problema ambiental. Essa associação não é falada em público; vemos as marcas lançando sempre novas coleções e não paramos para pensar sobre o que aconteceu com a coleção anterior, ou onde vai parar a roupa que doamos”, “O brechó é um ponto da sustentabilidade, a partir do momento em que há uma reutilização de algo que viraria lixo”, completou.

Roda de conversa no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 - Metrópoles
Heloísa Rocha foi uma das mediadoras da palestra

 

Roda de conversa no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 - Metrópoles
O talk foi conduzido também por Rebeca Oliveira

 

Roda de conversa no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 - Metrópoles
Kellen Vieira é a fundadora do Perifa Brechó

 

Roda de conversa no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 - Metrópoles
Rachel Smidt comanda o antiquário de vestir Lixomania

 

Roda de conversa no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 - Metrópoles
Victor Hugo Soulivier, do coletivo Tela Ambulante, enxerga a moda como um instrumento de pertencimento, ancestralidade e poética

 

Empreendedorismo e moda periférica

Para além das questões ambientais, a roda de conversa abordou desafios do empreendedorismo. Rachel Smidt, do Lixomania, acredita na importância do voto consciente e da cobrança de políticas públicas como fatores decisivos.

“Como empreendedores ou autônomos, temos pouquíssimos recursos e facilidades para estar nesse lugar; é preciso frequentar audiências públicas e falar diretamente com os políticos”, opinou. “Sustentável é comprar de alguém que vai sustentar a própria família”, acrescentou.

Kellen Vieira, do Perifa Brechó, destacou a problemática da desigualdade social que afeta a categoria. Ela afirmou que os pequenos empreendedores lidam diariamente com a “Precisamos entender que a gente vive em um sistema no qual muitas coisas não estão atreladas somente ao nosso esforço. Além disso, não há uma educação financeira adequada para se entender como lidar com dinheiro e como funciona o capitalismo.”

Para o mercado em geral, Victor Hugo Soulivier reconheceu a falta da humanização da mão de obra. Principalmente para a moda periférica, ele mencionou a relevância da capacitação profissional como ferramenta de sobrevivência e ascensão social. “Muitas vezes não veem os trabalhadores de brechós como profissionais, falta valorização e acreditarem no nosso sucesso”, concluiu.

Roda de conversa no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 - Metrópoles
Idealizado por Ilca Maria Estevão, o Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 teve rodas de conversa sobre temas variados

 

Roda de conversa no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 - Metrópoles
O público interagiu com os convidados

 

Roda de conversa no Metrópoles Fashion & Design Festival 2023 - Metrópoles
O papo ocorreu na cúpula do Museu Nacional da República

 

Metrópoles Fashion & Design Festival 2023

Para movimentar a moda brasiliense, Ilca Maria Estevão promoveu a segunda edição Metrópoles Fashion & Design Festival. A iniciativa foi realizada com apoio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal. O evento, que ocorreu de forma gratuita nos dias 14 e 15 de setembro, também proporcionou experiências musicais e gastronômicas.

Neste ano, o foco do MFDF foram brechós locais. Com a proposta de impulsionar a economia criativa e circular, o Museu Nacional da República recebeu 15 empresas do segmento. São elas: To Face, Bullseye, GG Garimpei, Reetiqueta, Bela Shop, Desapeguei Bonito, Choose Vintage, Reciclando Luxo, Lixo Mania, Pretty New, Peça Rara, Tela Ambulante, Brechó dos Óculos, Não Kero Maix e Bem QT Quis.

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