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Ministérios enviaram a servidores pesquisa de instituto privado de militares da reserva

Servidores públicos receberam questionários por e-mail

atualizado

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Marcos Corrêa/PR
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1 de 1 bolsonaro-militares - Foto: Marcos Corrêa/PR

Um instituto fundado por militares da reserva em Brasília apresentou a ministérios do governo Bolsonaro e esses a servidores públicos um questionário para embasar a formação de uma “política nacional de longo prazo”. O Instituto Sagres, em parceria com os institutos Villas Bôas, do ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, e Federalista, que diz defender o federalismo, elaborou as perguntas com o objetivo de embasar o documento “Projeto de Nação”, que deve ficar pronto até o fim do ano e ser ofertado ao governo Bolsonaro e a outros interessados.

No mês passado, o repórter Rafael Moro Martins revelou a existência da pesquisa, inicialmente distribuída apenas dentro do Exército.

Segundo o general da reserva Luiz Eduardo Rocha Paiva, diretor do Sagres e integrante da Comissão da Anistia no governo Bolsonaro, o questionário foi apresentado em reuniões à Vice-Presidência, Casa Civil e cerca de outros 16 ministérios da gestão Bolsonaro. Universidades e entidades patronais, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), também receberam explicações do trabalho, de acordo com o militar.

Na última semana, servidores do Ministério do Turismo e do Ministério de Minas e Energia relataram à coluna ter recebido o questionário do Sagres por e-mail. Rocha Paiva nega ter feito contato com funcionários públicos e afirma que os ministérios repassaram o material.

“Nós levamos o projeto aos ministérios e eles mesmos passaram não só para seus servidores como para entidades vinculadas. Não recebemos dados de ninguém de órgãos públicos ou privados, até porque isso contraria a Lei Geral de Proteção de Dados”, disse Rocha Paiva.

A consulta online, que aborda 37 temas estratégicos que podem afetar o país em 2035, tem quatro eixos: gestão estratégica e estratégia nacional; desenvolvimento; relações externas, segurança nacional e inteligência estratégica; e bem-estar nacional. Foi encerrada no último dia 8 e registrou cerca de 2,5 mil participantes.

O objetivo do trabalho é “criar condições objetivas para o Brasil proporcionar um futuro de justiça e felicidade ao povo brasileiro”. No fim do ano, quando esse trabalho for encerrado, o Sagres pretende apresentá-lo ao governo Bolsonaro e outros interessados.

Outra meta do “Brasil sonhado” é “constituir uma nação que comungue de valores morais, cívicos e democráticos, que fortaleçam a família e a coesão nacional e social”, de acordo com um documento sobre o projeto.

Rocha Paiva diz tratar-se de um “projeto de centro”. Contudo, os posicionamentos do próprio general e do Instituto Sagres, fundados por seis coronéis do Exército em 2004, contestam a versão. Rocha Paiva costuma levar às sessões da Comissão da Anistia o livro “A verdade sufocada”, de Carlos Brilhante Ustra, coronel condenado por tortura na ditadura militar. Rocha Paiva escreveu o prefácio e o epílogo da obra.

Em março, Rocha Paiva publicou em redes sociais que o país se aproximava de uma “ruptura institucional” após a anulação de condenações de Lula no STF. O site do Sagres chama a ditadura militar de “revolução de 31 de março de 1964”.

Outro diretor da entidade é o general da reserva Ridauto Fernandes, que comanda o Departamento de Logística no Ministério da Saúde desde julho. Seu antecessor, Roberto Dias, foi demitido ao ser acusado de cobrar propina por vacinas. Em abril, o general Fernandes pregou nas redes sociais a intervenção federal e o estado de sítio em meio à pandemia.

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