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Entidade da PF que ignorou ataques de Bolsonaro é próxima do governo

Fenapef destoou de entidades da PF e de outras carreiras federais ao não rebater os ataques de Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral

atualizado

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Marcos Corrêa/PR
Jair Bolsonaro Polícia Federal
1 de 1 Jair Bolsonaro Polícia Federal - Foto: Marcos Corrêa/PR

A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), que destoou de outras entidades da PF ao silenciar sobre os ataques sem provas de Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral, é próxima do bolsonarismo. A Fenapef alegou que posicionamentos sobre o sistema eleitoral ganharam um “viés político-ideológico”.

Na última terça-feira (19/7), três entidades que representam servidores da Polícia Federal vieram a público repudiar as mentiras de Bolsonaro sobre as urnas eletrônicas. Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) e Federação Nacional dos Delegados Federais (Fenadepol) manifestaram “total confiança” no sistema eleitoral. A Fenapef, por outro lado, não assinou o documento, nem fez reparos aos ataques de Bolsonaro.

Desde segunda-feira (18/7), quando Bolsonaro chamou embaixadores no Palácio da Alvorada para repetir boatos sobre as urnas, pelo menos 70 entidades saíram em defesa do sistema. A lista inclui juízes, procuradores, diplomatas, agentes de inteligência e cientistas.

No primeiro ano do governo Bolsonaro, em 2019, a Fenapef prestou solidariedade ao presidente em um momento sensível: o início da investigação de acusação de interferência na PF, levada ao STF pelo ex-ministro Sergio Moro. Em um documento enviado ao senador Flávio Bolsonaro, a entidade se antecipou e negou qualquer interferência de Bolsonaro. O ofício foi celebrado pelo presidente nas redes sociais.

Em 2021, a Fenapef promoveu o Pão Diário, uma associação religiosa que divulga conteúdos cristãos para profissionais da segurança pública. Naquele ano, o Ministério da Justiça fechou uma parceria de dois anos com o grupo, como mostrou a coluna. O projeto inclui cursos a servidores públicos como “Tornando Deus e Sua Palavra uma prioridade” e “Aprendendo a orar”.

Antes mesmo do início da gestão Bolsonaro, a entidade da PF já era próxima de Eduardo Bolsonaro, escrivão licenciado da corporação. Em 2016, a Fenapef foi ao gabinete de Eduardo na Câmara “em agradecimento ao seu trabalho no Congresso Nacional”. O deputado recebeu uma placa de presente do então presidente da Fenapef, Luís Boudens.

Na ocasião, disse Eduardo Bolsonaro: “A Fenapef é nota dez, trabalhamos em parceria. Fico muito feliz em receber essa homenagem. Com certeza, eu é que teria que prestá-la à Fenapef”.

Outro deputado próximo da Fenapef é o bolsonarista Sanderson, do PL do Rio Grande do Sul, mesmo partido de Jair Bolsonaro. No ano passado, o policial federal licenciado participou da assembleia geral da entidade.

Procurada, a Fenapef afirmou que manifestações sobre o sistema eleitoral “ganharam, neste momento, um viés político-ideológico”. O comunicado disse que esses posicionamentos fogem dos princípios da entidade, que são “a defesa dos policiais federais e a modernização do sistema de segurança pública”.

A nota afirmou ainda que a Fenapef “sempre se posiciona de maneira intransigente a favor da democracia e acredita na solidez das instituições brasileiras” e tem “autonomia e independência”.

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