Youtuber negro de GO que denunciou PM muda de cidade após intimidação
Jovem se mudou de Estado por se sentir perseguido, desde que filmou e divulgou abordagem policial truculenta: “Tivemos que sair correndo”
atualizado
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Goiânia – O ciclista Filipe Ferreira, de 29 anos, anunciou em seu canal no YouTube, na última quarta-feira (30/6), que decidiu se mudar de cidade depois de se sentir intimidado por policiais militares. Ele foi vítima de uma abordagem policial constrangedora na manhã de 28/5 deste ano em uma praça de Cidade Ocidental, Entorno do Distrito Federal, e denunciou o caso nas redes sociais.
No dia da ocorrência, Filipe realizava manobras radicais de bicicleta em uma praça, quando foi abordado por dois militares. Vídeo feito pelo próprio youtuber mostra que um dos policiais aponta a arma para ele e outro o algema por “não obedecer ordem legal”, depois que o jovem questionou o motivo da abordagem.
Ainda na filmagem, o policial diz enquanto aponta a arma para Filipe: “Resiste aí para você ver o que vai acontecer contigo”. O vídeo teve muita repercussão nas redes sociais e foi compartilhado por influenciadores digitais, políticos e celebridades. A acusação contra o jovem negro foi arquivada.
No vídeo publicado na quarta, o youtuber, que também é eletricista, relata que foi intimidado por policiais depois que fez a denúncia. Ele diz que um militar acenou para ele, que uma viatura acionou a sirene ao passar e que os policiais ficam olhando para o jovem quando o veem.
Veja vídeo:
“O negócio ficou bem mais apertado, porque tive que mudar de cidade. Minha mãe teve que mudar de cidade, tivemos que sair correndo, abandonar tudo. Mas é isso mesmo, eu não vou me calar. Vou com isso até o fim”, declara Filipe no último vídeo.
Denúncia
No dia 8/6, o Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou o cabo Gustavo Brandão da Silva por constranger o youtuber, mediante grave ameaça e com emprego de arma de fogo. O outro policial que participou da abordagem não foi denunciado e seu caso foi arquivado.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSPGO), mas não teve resposta até as 11h30 desta segunda-feira (5/7). Na época que o vídeo teve repercussão, o secretário de Segurança Pública prometeu punição para casos de abuso.