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Vizinho de “DJ” que encarcerou filhos por 17 anos: “Ficavam amarrados”

Moradores do bairro da Foice já tinham denunciado a situação de maus-tratos promovidos por Luiz DJ

atualizado

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Reprodução/ PMERJ
PM resgata mãe e dois filhos em cárcere privado há 17 anos no Rio 1
1 de 1 PM resgata mãe e dois filhos em cárcere privado há 17 anos no Rio 1 - Foto: Reprodução/ PMERJ

Rio de Janeiro – Vizinhos de Luiz Antonio Santos Silva, conhecido com “DJ”, preso nessa quinta-feira (28/7) suspeito de manter a mulher e os dois filhos jovens em cárcere privado em casa há 17 anos, relataram o horror que viram. O caso ocorreu no bairro da Foice, em Guaratiba, zona oeste do Rio.

Os jovens, de 19 e 22 anos, filhos da mulher e do suspeito de mantê-los em cárcere, estavam amarrados, sujos e subnutridos quando foram encontrados. Por isso, eles têm aparência de crianças.

Além de manter a família em cárcere, o homem, que foi preso pela Polícia Militar, mostrava outra face cruel. Ele era conhecido na vizinhança da Rua Leonel Rocha como “DJ” por colocar o som muito alto. O que parecia um hábito comum, porém, teria a intenção de abafar os gritos de socorro da família.

“Ficavam presos, amarrados. Na quarta-feira (27/7), eu trouxe pão, mas a mulher contou que o Luiz viu e jogou fora, contou que ele queria bater nela, que achou ruim, e que eles não comeram nada”, contou Sebastião Gomes da Silva ao G1.

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Ele disse que, na quinta-feira (28/7), dia de resgate da família, conseguiu dar uma fruta para a mulher. “A menina pegou hoje aqui, a bichinha pegou a banana e comeu com casca e tudo. Ela estava com muita fome”, contou.

Vizinhos disseram que chegaram a pedir ajuda ao poder público, mas, como não tiveram êxito, passaram a alimentar a mãe e seus dois filhos escondidos.

Outra moradora da região, Marizete Dias, disse ter ficado impressionada com a situação de desnutrição da família. Segundo a mulher, no momento do resgate da família pela polícia, a esposa do homem não conseguia nem falar.

“Vimos o estado que as duas crianças saíram daqui e mais uma semana, acho que não iriam sobreviver, e eu falei com ela na ambulância. E ela está sem conseguir falar, se expressar, até porque de fraqueza”, disse Marizete, referindo-se aos dois jovens que têm aparência de criança.

Segundo ela, outro vizinho ajudava mais a família. “Quem ajudava muito era o seu Tião que tinha mais acesso. Ele ajudava e a gente ficava sabendo. Tentaram chamar o Conselho Tutelar, mas ninguém tinha acesso para entrar. Até que conseguiram chamar a polícia e conseguiram resolver”, disse Marizete.

“A situação era estarrecedora”, afirmou o policial que prestou socorro.

DJ, que foi apelidado assim por colocar o som alto e abafar os gritos da família, foi preso na quinta-feira (28), depois de uma denúncia anônima. Ele vai responder por sequestro ou cárcere privado; vias de fato; maus-tratos e crime de tortura.

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