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Variante Ômicron acende alerta de blocos de Carnaval do Rio

Presidentes de ligas seguem otimistas com realização do evento, mas deixam claro que a ciência é o único fator de definição possível

atualizado

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Reprodução/Instagram
Bateria do Bloco Carmelitas, no Rio de Janeiro
1 de 1 Bateria do Bloco Carmelitas, no Rio de Janeiro - Foto: Reprodução/Instagram

Com a suspeita de um caso da variante Ômicron do coronavírus no Rio de Janeiro, ligas de blocos de rua do Carnaval carioca se preocupam com a realização do evento em 2022. A prefeitura informou que festividades como Réveillon dependem da situação da pandemia da Covid-19 na cidade e do aval do Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19 (CEEC), base para tomadas de decisão do prefeito Eduardo Paes (PSD).

A Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur) comunicou que cadastrou 620 pedidos de desfile de 506 blocos para a folia do ano que vem. As propostas estão em fase de análise e a lista de selecionados será divulgada no final de dezembro.

A Associação Independente dos Blocos da Zona Sul e do Centro do Rio de Janeiro (Liga Sebastiana) tem sua posição: só após o Réveillon definirá se seus 11 blocos, como Carmelitas e Simpatia É Quase Amor, sairão às ruas.

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Em entrevista ao Metrópoles, a presidente da liga, Rita Fernandes, afirmou que ainda é cedo para dizer que o evento está em risco, mas reforçou que quaisquer decisões da organização serão tomadas com embasamento científico.

“A suspeita de um caso de variante por aqui não coloca o Carnaval em risco. É preciso muito mais, analisar a situação. É tudo muito precoce, deve-se aguardar a ciência neste sentido. Vamos esperar o Réveillon para ver o que acontece, acompanhar a vacinação e ouvir o que a ciência tem a dizer. Só depois vamos tomar a decisão”, declarou.

Esta também é a visão de Rodrigo Rezende, presidente da Liga dos Amigos do Zé Pereira, que abriga o Cordão do Bola Preta. Ele garante que, neste momento, o foco está na organização da estrutura, pois, desta forma, o grupo estará preparado para qualquer cenário.

“Estamos já fazendo a preparação, mas a gente não está com discussões e decisões a respeito de desfilar ou não. Agora, o sentimento é de reencontro entre nós mesmos e de expectativa, afinal, quem manda não somos nós. Estamos também nos preparando psicologicamente para caso não haja Carnaval”, explicou ao Metrópoles.

Carnaval fora de época

No início deste ano, foi levantada a possibilidade de realizar o Carnaval em julho. O governador Cláudio Castro chegou a sancionar uma lei que autorizava o evento fora de época. Porém, dias depois, o prefeito Eduardo Paes afirmou que não havia condições de promover a festividade.

Rezende expôs que, caso isso aconteça no próximo ano, acredita que os blocos da liga irão aderir. Mas deixou claro: “Não é Carnaval”.

“Carnaval tem um período certo, uma data específica. Se não é no Carnaval, não é Carnaval! É uma outra festa, super legal, válida e bacana. Mas, para nós, não será um adiamento de desfiles, e sim, uma outra festividade”, explicou.

Já Rita pontuou que uma eventual mudança de data fará a Liga Sebastiana se reunir para avaliar se a medida se justifica. “Isso não está em questão agora, e sim, em avaliação”, disse.

Otimismo

Mesmo com as incertezas, otimismo e esperança são sentimentos presentes na organização do Carnaval de rua carioca. Rodrigo Rezende destaca o significado do evento para a cidade e torce para que seja possível festejar.

“No Carnaval, é como se estivéssemos olhando para nossa própria cédula de identidade, é um exercício de carioquice. Até há artistas no evento, mas é o momento em que o cidadão comum tem para expressar sua alegria, ser irônico e tudo mais”, afirmou.

“A nossa perspectiva é positiva. Estamos confiantes de que a pandemia vai ser revertida com a vacinação, que é o mais importante agora. Se continuarmos com altos índices de imunização, vai ser possível realizar não só o Carnaval, como outros eventos também”, ressaltou Rita Fernandes.

Prefeitura

Em vídeo publicado nas redes sociais na segunda-feira (29/11), Paes afirmou que a prefeitura tem um planejamento em relação ao evento e ao Réveillon. No entanto, é possível cancelar o que foi planejado, uma vez que, a depender da situação da pandemia, o Comitê Científico pode não recomendar a realização.

“Quaisquer eventos ou festividades que irão, em tese, ocorrer daqui a semanas ou meses só vão ser realizados caso haja condições seguras para tal. Eu garanto que o Rio está pronto para realizar os principais eventos de 2022, que são muito importantes para a nossa cultura, a nossa economia e a vida da nossa cidade. Ainda assim, eu quero lembrar que ter planejamento para o evento não significa, necessariamente, que ele vai ser realizado. Afinal, é plenamente possível cancelar o que foi planejado”, assegurou.

Os membros do comitê se reuniram no dia do anúncio e não viram motivos para alterar as medidas restritivas em vigor. O grupo recomendou que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) “avalie a possibilidade e a viabilidade da exigência do passaporte vacinal em estabelecimentos de hospedagem e outros serviços”.

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