metropoles.com

Maconha de uso medicinal: renúncia de diretor dificulta aprovação

Anvisa retoma nesta terça votação de resoluções que regulamentam uso da cannabis, mas saída de nome favorável reduz chance de liberação

atualizado

Compartilhar notícia

iStock
Maconha medicinal
1 de 1 Maconha medicinal - Foto: iStock

Em um cenário desfavorável à aprovação, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discutirá nesta terça (03/12/2019) a liberação do cultivo da maconha no Brasil por empresas para a produção de medicamentos. As resoluções estão sendo promovidas pelo diretor-presidente do órgão, William Dib, mas enfrentam forte oposição do governo federal, que parece estar vencendo a queda de braço. Na última sexta (29/11/2019), um dos diretores cujo voto pela liberação era esperado, Renato Porto, renunciou e não deve estar presente na votação.

Porto tinha mandato apenas até o próximo dia 12 de dezembro e antecipou a saída do cargo. Em outubro, quando a Anvisa tentou votar pela primeira vez as resoluções e um diretor já indicado pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL) pediu vista, interrompendo a discussão, Porto chegou a lamentar o fato de que o adiamento praticamente o excluiria do debate.

Com a renúncia, ele mesmo se retira. O ex-diretor não informou os motivos da antecipação.

O diretor-presidente já votou, pela regulamentação da cannabis medicinal, e o diretor indicado por Bolsonaro, o contra-almirante Antonio Barra Torres, pediu mais tempo para decidir – ele pode pedir mais tempo na reunião de amanhã.

A Anvisa tem um conselho de cinco diretores e Renato Porto deverá ser substituído por mais um nome indicado pelo governo (depois de aprovação pelo Senado). A falta de um diretor poderá ser usada como um dos motivos para adiar novamente o debate. O mandato do próprio Dib acaba este mês e a colocação das resoluções em pauta novamente é para ele uma tentativa de dar visibilidade à discussão, apesar da resistência do governo.

O diretor-presidente da Anvisa tem sido constantemente atacado pelo ministro da Cidadania, Osmar Terra, que o acusa de querer “liberar a droga”. Veja

Regulamentação traria solução nacional
O uso da maconha para fins medicinais no Brasil já é previsto pela Lei 11.343, de 2006, mas ainda não existe regulamentação — que seria papel da Anvisa. As resoluções foram propostas por Dib, e passaram por consultas públicas entre 21 de junho e 19 de agosto deste ano.

Em seu voto, o diretor-presidente defendeu a relevância do tratamento para pacientes de doenças como epilepsia e argumentou que “há omissão do poder público” e que isso “afronta o direito constitucional à saúde”.

A importação de remédios à base de princípios ativos da maconha já é regulamentada no Brasil desde 2015. O Metrópoles já mostrou que, enquanto o debate público não avança, quem tem condições financeiras busca cada vez mais a importação de remédios à base de canabidiol para o tratamento de doenças como epilepsia e esclerose múltipla.

Desde o início do ano, a Anvisa recebeu 5.321 pedidos de compra de remédios com canabidiol, um dos princípios ativos da planta de maconha. Em média, portanto, são 19,7 solicitações todos os dias. O número é 47% maior do que os 3.613 feitos em todo o ano passado. Para importar o produto, porém, é preciso pagar preços que superam R$ 1 mil a caixa.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?