metropoles.com

RJ: jovem denuncia tortura e ameaça por PMs no Jacarezinho

Caso na comunidade é acompanhado pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, que vai denunciar crime ao Ministério Público do Rio

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução/TV Globo
Policiais fazem operação para retomar controle do Jacarezinho
1 de 1 Policiais fazem operação para retomar controle do Jacarezinho - Foto: Reprodução/TV Globo

Rio de Janeiro – Um jovem morador da comunidade do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, denunciou ter sido torturado e ameaçado de morte por PMs do Batalhão de Operações Especiais (Bope).

O caso aconteceu no dia 21/1, dois dias após a ocupação do local para o programa Cidade Integrada – programa que visa reformular a segurança pública do estado. Felipe Gomes, de 24 anos, disse ao G1 que os policiais invadiram sua casa e o agrediram com socos nas costelas e tapas no rosto.

0

Segundo o estudante, ele também foi obrigado a desbloquear seu celular e um dos policiais teria dito que se encontrasse uma ligação entre Felipe e o tráfico de drogas, ele seria morto. O jovem afirmou que consegue reconhecer os autores da tortura.

“Tinha um PM que estava sem máscara, então eu sei reconhecer se me botar foto dele. Enquanto um me torturava, um segurava o meu pulso, e outro falava comigo, bebendo água, sem máscara”, contou o jovem ao G1.

A tortura, segundo ele, aconteceu no mesmo dia da primeira visita do governador Cláudio Castro (PL) ao Jacarezinho. Os PMs estão na favela desde o dia 19 de janeiro. Felipe relata que cinco policiais participaram da abordagem.

O caso é investigado pela 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), ligada à Corregedoria da Polícia Militar.

Outros crimes

Segundo o estudante, ele estava sozinho na casa em que afirma ter sido torturado. No dia das agressões, o jovem disse que pensou várias vezes que poderia ter morrido. Depois da abordagem, Felipe deixou o imóvel, onde morava com a mãe.

“Fiquei com eles [PMs] sozinho no quarto por 40 minutos. Pensei que eu não ia sair dali, não. Pensei na minha mãe chegando lá, vendo meu corpo. Eu tenho filho, fui ver meu filho, chorei muito”.

Ele assegura que não havia identificação nos uniformes policiais. O jovem também relata ter celulares e documentos roubados pelos policiais, itens estes que foram recuperados depois.

Comissão dos Direitos Humanos

O caso é acompanhado pela Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária, da OAB-RJ, que vai oficiar o Ministério Público sobre essa denúncia ainda nesta segunda-feira (31/1).

“O caso é mais um dos muitos relatos que a gente está tendo de moradores do Jacarezinho. São vários relatos de situações em que a polícia invade residências e intimida, às vezes até agride fisicamente alguns moradores. Nesse caso em específico, o rapaz resolveu fazer o registro de ocorrência, procurou a Comissão de Direitos Humanos e estamos dando assistência e cobrando investigação”, afirmou o presidente da Comissão, Álvaro Quintão, ao Metrópoles.

De acordo com Quintão, moradores da comunidade têm colocado placas em suas portas para indicar que naquele local mora um trabalhador:

“Os moradores já começaram a colar nas portas das suas casas cartazes dizendo ‘aqui moram trabalhadores’, é isso que tá acontecendo. O clima de terror é muito grande na comunidade”, contou Quintão.

A reportagem do Metrópoles tentou contato com a Polícia Militar e com a Polícia Civil, mas até a publicação da matéria as corporações não responderam.

Compartilhar notícia