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Rio: ex-secretário preso prometeu “fazer a diferença” ao assumir cargo

Para assumir cargo na Administração Penitenciária, Raphael Montenegro prometeu mudanças. Ele é acusado de negociar trégua com criminosos

atualizado

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Raphael Montenegro, secretário estadual de Administração Penitenciária
1 de 1 Raphael Montenegro, secretário estadual de Administração Penitenciária - Foto: Reprodução

Rio de Janeiro – Preso nesta terça-feira (17/8), o agora ex-secretário de Administração Penitenciária do Rio, Raphael Montenegro, de 41 anos, se tornou titular da pasta em janeiro, nomeado pelo atual governador, Cláudio Castro, mas já tinha cargo no governo desde o período de Wilson Witzel como governador do Estado.

Raphael Montenegro foi susbsecretário-geral da secretaria de Administração Penitenciária, em outubro do ano passado, na gestão do coronel Marco Aurélio Santos. O então subsecretário conquistou os agentes e policiais penais ao ser contrário à permanência de policiais militares em postos-chave da administração, ação que o levou a ser titular da pasta. Nos discursos, prometia “fazer a diferença, tornando o sistema penitenciário mais humanizado”.

Na linha popular, Montenegro se aproximou do Sindicato dos Policiais Penais do Estado do Rio de Janeiro (SindSistema), fazia selfies com os sertvidores usando colete dos policiais penais e visitava as cadeias pelo menos duas vezes por semana, quando conversava com presos, segundo ele, de qualquer facção ou grupo miliciano.

Montenegro está preso após a decisão judicial que o privou de liberdade temporariamente, por cinco dias, acusado de falsificação ideológica e associação ao tráfico. Em maio, começou a visitar líderes da facção criminosa Comando Vermelho, entre eles Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, detido na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná. O então secretário chegou a dizer, em conversas gravadas por escutas de ambiente, que VP tinha mais importância que a figura do secretário de Segurança Pública do Rio.

De acordo com a Polícia Federal, Montenegro negociava trégua em alguns crimes com os criminosos, o que reduziria as investidas policiais gerando, ao bando mais lucro. Em sua casa, no momento da prisão, foram apreendidos computadores, documentos e R$ 250 mil em espécie (reais e moedas estrangeiras).

Segundo a PF, em troca da trégua, Montenegro agiria para trazer de volta ao Rio traficantes perigosos presos em unidades fora do estado, como Cláudio José de Souza Fontarigo, o Claudinho da Mineira. Nas conversas, Raphael estabelece um acordo de cavalheiros”: “Agora, eu tenho que ter a certeza do seguinte, se eu trouxer o Claudio pro Rio, no primeiro problema que eu tiver, eu vou falar: pô, o Claudio não teve papo de homem comigo”.

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