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Radicais que buscam “parar o país” sentem baque com nota de Bolsonaro, mas insistem em mobilização

Bolsonaristas que foram a atos de 7 de setembro com a expectativa de ruptura institucional se decepcionaram com recuo do presidente

atualizado

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Gustavo Moreno/Especial para o Metrópoles
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1 de 1 73612b39-6969-41b7-b4f4-ec5ece4516a3 - Foto: Gustavo Moreno/Especial para o Metrópoles

Bolsonaro fraquejou? Ao acenar à harmonia entre os Poderes e ceder a pressões de aliados para recuar no discurso beligerante contra o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da República rachou sua base mais ideológica nas redes sociais e grupos de aplicativos de mensagens. Famosos e anônimos que costumam apoiar incondicionalmente o chefe do Executivo estão mostrando abatimento desde o fim da tarde de quinta-feira (9/9), quando Bolsonaro divulgou sua carta à nação dizendo que suas falas contundentes podem ser apenas fruto do “calor do momento”.

O sentimento de traição é maior entre a franja de bolsonaristas que busca ruptura institucional no rastro dos atos de 7 de setembro, marcados por pauta abertamente golpista contra o STF.

Militantes, como os caminhoneiros que enfrentaram a polícia para permanecer na Esplanada dos Ministérios após a manifestação e os que promoveram bloqueios de estradas na maioria dos estados com o objetivo de dar um ultimato ao Senado e ao Supremo, sentiram duro baque na mobilização.

O explosivo militante Zé Trovão, que postou mais de 10 vídeos ao longo do dia conclamando a população a se juntar aos protestos de caminhoneiros pelo Brasil e tentou descolar o movimento da liderança de Bolsonaro, se calou em seu grupo no Telegram após a publicação da carta.

Num grupo de apoiadores de sua causa no mesmo aplicativo, chamado “Amigos Zé Trovão Patriota”, contudo, o sentimento foi de decepção e quase incredulidade quando surgiu a notícia da carta do presidente. Muitos chegaram a questionar a veracidade da informação num primeiro momento e depois se entregaram a lamentos. Veja:

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Em grupos bolsonaristas do WhatsApp acompanhados pela reportagem, o apoio sem questionamentos também se quebrou. Apesar de boa parte dos internautas bolsonaristas investir no discurso de “confiança” no presidente, muitos lamentaram o passo atrás após as promessas de endurecimento contra o Judiciário que Bolsonaro vinha fazendo.

Choro dos influencers

O estremecimento do apoio a Bolsonaro entre seus seguidores, que também está presente no perfil do presidente no Facebook, é reflexo da reação de seus fiéis influenciadores ao recuo. Perfis com milhões de seguidores que fazem a defesa do governo e são parte fundamental de sua estratégia digital receberam muito mal a mensagem de Bolsonaro.

“O sistema venceu”, lamentou o perfil Te Atualizei, cujo canal no YouTube foi desmonetizado pelo Tribunal Superior Eleitoral sob a acusação de propagação de fake news relativas às urnas eletrônicas. “O sistema declarou guerra ao povo. O presidente sucumbiu ao sistema”, avaliou o comentarista e youtuber Rodrigo Constantino. “Game over”, ou “fim de jogo”, escreveu Allan dos Santos, editor do portal Terça Livre. “Continuo aliado, mas não alienado”, alertou o pastor Silas Malafaia, na noite dessa quinta.

Acabou o radicalismo?

Apesar dos protestos contra o que chegaram a classificar de “traição” de Bolsonaro, integrantes do movimento que vêm tentando “parar o país” pela destituição de ministros do Supremo dão sinais de que pretendem insistir na tentativa de parar o país. Antes de divulgar a carta que escreveu com a ajuda do ex-presidente Michel Temer (MDB), Bolsonaro recebeu no Palácio do Planalto representantes dos caminhoneiros que se concentravam na Esplanada e em ao menos 10 estados na noite de quinta.

Após deixar o Palácio do Planalto, o autônomo Francisco Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, disse que não havia acordo. “Vamos trancar tudo, não vamos arregar. Interdite todas as rodovias que puder”, disse ele, em vídeo divulgado pelo canal de Zé Trovão.” Só sairemos de Brasília a partir do momento em que Rodrigo Pacheco receber nossa pauta. Dissemos a Bolsonaro que iniciamos o movimento não para fazer foto, mas para mudar o país”, avisou.

“Vá para cima, vá para as pistas, porque a hora é agora, não vamos arregar”, reforçou essa liderança emergente do bolsonarismo radical, que vai ocupando o espaço de Trovão, em fuga da PF no México.

Mesmo com o chamado à manutenção do radicalismo, na noite de ontem, porém, os bolsonaristas que se recusavam a deixar a Esplanada dos Ministérios aceitaram a desmobilização exigida pela Polícia Militar do DF. A corporação vinha mantendo postura de não provocar o confronto nos últimos dias, permitindo aos manifestantes ocupar a área central da cidade, em mobilização que teve atos de violência contra jornalistas e tentativa de invasão ao Ministério da Saúde, além de repetidos esforços para acessar a Praça dos Três Poderes e o prédio do STF.

Veja imagens da retirada:

Ao mesmo tempo, o monitoramento do Ministério da Infraestrutura indicava, na noite de quinta, que a mobilização ainda existia nas estradas, mas vinha diminuindo gradualmente:

Resposta de Bolsonaro

Após divulgar a carta, Bolsonaro reagiu às críticas durante sua live semanal nas redes sociais. “Eu sempre disse que ia jogar dentro das quatro linhas da Constituição. Alguns se irritam, querem que eu saia por aí escalpelando os outros, fechando instituições, prendendo, atirando. Eu até reconheço que você está bastante chateado com muita coisa que acontece no Brasil”, disse o presidente.

“Alguns querem reação imediata, dizem ‘eu autorizo’, mas eu não vou sair das quatro linhas, vou dizer a alguns: você tem que andar nas quatro linhas também”, completou o mandatário, que disse ainda que os caminhoneiros o avisaram que vão “manter o movimento” até domingo (12/9).

“É um direito deles. Não influencio nessa área. Fui bem claro que, se passar de domingo, vamos começar a ter problemas seriíssimos de abastecimento, influencia na economia, aumenta a inflação. Os problemas se voltam contra nós, contra eles que fizeram o movimento e contra mim, que sou chefe de Estado”, disse o presidente.

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