metropoles.com

PF diz que MinC ignorou denúncia sobre Lei Rouanet

Operação Boca Livre, deflagrada na terça-feira (28/6), resultou na prisão temporária de 14 pessoas e buscas e apreensões em dez empresas sediadas em São Paulo, Rio e Brasília

atualizado

Compartilhar notícia

Rafaela Felicciano/Metrópoles
lei rouanet, polícia federal
1 de 1 lei rouanet, polícia federal - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

As investigações da Operação Boca Livre que apontaram desvios de R$ 180 milhões em contratos de projetos culturais via Lei Rouanet tiveram como origem uma denúncia ignorada pelo Ministério da Cultura (MinC) em 2011. A operação, deflagrada na terça-feira (28/6) resultou na prisão temporária de 14 pessoas e buscas e apreensões em dez empresas sediadas em São Paulo, Rio e Brasília.

Relatório da PF sobre a operação não especifica a denúncia, mas diz que a pasta concluiu por “sua improcedência”, após investigação interna. A força-tarefa suspeita da prática de prevaricação por parte de servidores da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, tendo em vista que o Grupo Bellini, principal alvo da operação, continuou operando. A secretaria é responsável pela aprovação, monitoramento e prestação de contas de projetos culturais.

A conclusão da pasta por arquivar a denúncia, porém, foi revista pela Controladoria-Geral da União (CGU), atual Ministério da Transparência. A revisão atribuiu a Arlicio Oliveira dos Santos, “que ocupava cargos de grande influência na avaliação e acompanhamento e prestação de contas” da secretaria, o delito de “condescendência criminosa”. Segundo o ministério, Santos é servidor concursado e ainda trabalha na pasta.

No fim de 2013, o MinC emitiu Nota Técnica apontando “indícios de falsificações” em documentos anexados à organização que teria desviado verbas liberadas por meio da Lei Rouanet. A nota foi entregue à CGU que, então, transmitiu os dados à PF, que abriu inquérito em 2014.

A PF e a Procuradoria da República apontam “inércia” do Ministério da Cultura ante o descumprimento da Lei Rouanet – pelo menos 250 contratos estão sob suspeita, firmados desde 2001 Apenas em 2015, os incentivos fiscais relacionados à Lei Rouanet renderam investimentos de R$ 1,086 bilhão.

Escutas
As suspeitas sobre a participação de servidores do ministério no esquema de fraude relacionado à Lei Rouanet são corroboradas por interceptações telefônicas, realizadas com autorização da Justiça, que captaram diálogos entre os principais alvos operação, os empresários Antônio Carlos Bellini Amorim e sua mulher Tânia Regina Guertas, do Grupo Bellini.

Os diálogos do casal citam um contato no ministério que teria a função de dar curso a projetos ilícitos na pasta, segundo a PF. Bellini e a mulher estão entre os presos na operação.

Investigação
Em nota, o MinC confirma ter recebido uma denúncia sobre desvios em contratos relacionados à Lei Rouanet em 2011. Segundo o ministério, assim que identificou as fraudes, inabilitou as empresas do Grupo Bellini, “que não tiveram mais nenhum processo admitido”.

“Ocorre que a organização criminosa desenvolveu estratégias: passou a operar com outras empresas, com outro CNPJ. À medida em que o MinC identificava novas empresas, as inabilitava – e comunicava à CGU”, afirma nota enviada pela assessoria de imprensa do ministério. “O Ministério da Cultura realiza análise criteriosa de prestação de contas de projetos – tanto que foi uma investigação do ministério que resultou na Operação Boca Livre.”

Com relação à suspeita de participação de Santos nas fraudes identificadas pela operação, o ministério informou que um processo interno apura eventuais desvios de servidores da pasta no caso.

A reportagem não localizou os defensores do Grupo Bellini para comentar as investigações. O servidor do ministério citado no relatório da Polícia Federal também não foi encontrado ontem.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?