Foragido, Allan dos Santos participa de motociata de Bolsonaro nos EUA
O militante, que era dono do extinto site Terça Livre, é investigado em dois inquéritos no STF e está foragido desde outubro de 2021
atualizado

O foragido da Justiça brasileira Allan dos Santos apareceu em uma transmissão ao vivo pelo perfil do Facebook do presidente Jair Bolsonaro (PL) participando de uma motociata neste sábado (11/6). O presidente está em agenda nos Estados Unidos.
O blogueiro aparece na garupa de um homem, a poucos metros da moto do mandatário brasileiro. Santos está à esquerda do vídeo.
Veja:
Mais cedo, em uma fala à imprensa, em Orlando (Flórida), Bolsonaro não negou que poderia encontrá-lo. “Se estiver presente, eu falo com ele. É um cidadão. Falo com ele, sem problema nenhum. É um cidadão brasileiro. Se expressou, se foi bem ou mal, sua pena jamais poderia ser ameaça de prisão”, disse Bolsonaro, segundo O Globo.
No Instagram, Allan dos Santos ironizou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes: “O Xandão [em referência ao ministro Alexandre de Moraes] não queria que eu participasse de motociata no Brasil, hein. Aí o que Deus faz? Traz a motociata pra cá”, disse.
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Pedido de prisão
O ministro Alexandre de Moraes atendeu pedido da Polícia Federal e determinou a prisão de Allan dos Santos no início de outubro do ano passado. O militante, que era dono do extinto site Terça Livre, é investigado em dois inquéritos na Suprema Corte: um sobre a propagação de fake news e outro sobre participação em milícias digitais que ameaçariam a democracia brasileira.
Na decisão sobre a prisão, o ministro do Supremo afirma que existe “uma verdadeira organização criminosa, de forte atuação digital e com núcleos de produção, publicação, financiamento e político absolutamente semelhantes àqueles identificados no Inquérito 4.781, com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito”.
Ainda segundo Moraes, medidas decretadas anteriormente foram inúteis, pois “o investigado continua a incorrer nas mesmas condutas investigadas, ou seja, permanece a divulgar conteúdo criminoso, por meio de redes sociais, com objetivo de atacar integrantes de instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral brasileiro, reforçar o discurso de polarização; gerar animosidade dentro da própria sociedade brasileira, promovendo o descrédito dos poderes da república, além de outros crimes, e com a finalidade principal de arrecadar valores”.

Allan dos Santos, nascido em 1983, é blogueiro, influencer, youtuber e ativista da extrema-direita. Natural de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, é, atualmente, foragido da Justiça brasileira e mora nos Estados Unidos com a família Hugo Barreto/Metrópoles

Allan é o criador do site Terça Livre e tornou-se conhecido por disseminar fake news. Antes de ter as redes sociais retiradas do ar, recebia dinheiro de financiamento coletivo bolsonarista e era seguidor fervoroso de Olavo de Carvalho Hugo Barreto/Metrópoles

Considerado peça chave na investigação do Gabinete do Ódio, Santos foi um dos fundadores da militância bolsonarista e do registro nacional de apoiadores ao atual presidente da República Hugo Barreto/Metrópoles

O youtuber se tornou alvo da Polícia Federal após a abertura do inquérito das fake news em 2019, cujo relator é o ministro Alexandre de Moraes. O pedido, apresentado pela Procuradoria Geral da República, foi solicitado após uma manifestação bolsonarista que exigia o fechamento do STF, do Congresso e a restituição do AI-5 no país Reprodução/Redes sociais

Investigado por disseminação de notícias falsas na internet e atos contra a democracia, Allan teve prisão preventiva decretada em outubro de 2021, mas fugiu para os Estados Unidos, com visto de turista vencido Hugo Barreto/Metrópoles

Mensagens interceptadas pela Polícia Federal sugerem que Eduardo Bolsonaro, filho número 03 de Jair, teria ajudado o blogueiro a sair do Brasil Reprodução

Desde que chegou aos EUA, já com contas bancárias bloqueadas e perfis em redes sociais suspensos pela Justiça brasileira, Allan dos Santos tem se dedicado a atacar as autoridades que determinaram medidas cautelares e um mandado de prisão contra ele Reprodução

O alcance dos ataques do bolsonarista só foi reduzido quando o Telegram, rede sem sede no Brasil, cumpriu outra decisão de Moraes e bloqueou o canal do extremista. A rede russa informou que o canal, que tinha 128 mil seguidores, “violou as leis locais” Hugo Barreto/Metrópoles

Com contas alternativas no Instagram, que ele divulgava no canal do Telegram, Santos burlava o bloqueio e insultava sobretudo o ministro Alexandre de Moraes. Além das ofensas, divulgou viagens, fotos posadas ao lado do presidente Bolsonaro e com fuzis Reprodução/Instagram

Em seus canais alternativos, o militante criou mecanismos para receber doações em moeda estrangeira e até em Bitcoin, e chegou a dizer aos seguidores, em janeiro de 2022, que já não tinha dinheiro para pagar nem a própria defesa Hugo Barreto/Metrópoles

Após o pedido de prisão contra Allan, Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal acionasse a embaixada do Brasil nos EUA e incluísse o jornalista na lista da Difusão Vermelha da Interpol. A intenção é garantir que ele seja capturado e extraditado ao Brasil Aline Massuca/Metrópoles

Segundo o ministro, Santos é suspeito de cometer crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa, calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou o preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional TSE

Agora, a barreira que o STF encontra para levar a cabo a decisão de Morares é a própria lei dos EUA. Uma interpretação de que Allan dos Santos teria apenas, à luz da lei americana, dado sua opinião, e não feito uma ameaça, como suspeita Alexandre de Moraes, dificulta a movimentação do governo americano para prendê-lo Hugo Barreto/Metrópoles

Enquanto isso, o ativista bolsonarista continua atuando por lá, usando a internet para propagar conteúdo falso e violento e até participando de eventos com autoridades brasileiras Roque de Sá/Agência Senado
Demora no processo
Apesar de Moraes ter determinado também a inclusão de Allan dos Santos na lista de procurados da Interpol e sua extradição, o processo, que depende da atuação do Ministério da Justiça brasileiro, se arrasta.
O Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), órgão do Ministério da Justiça que pediu a extradição do ativista bolsonarista Allan dos Santos, está sem um chefe formal desde o início de novembro do ano passado, quando o governo federal exonerou a delegada Silvia Amelia da chefia do DRCI por ter encaminhado o pedido de extradição do militante.
O governo brasileiro nega estar dificultando o processo de extradição.
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