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Moraes vence disputa contra Allan dos Santos e o bane de maiores redes

Extremista foragido nos EUA ficou restrito a redes sem alcance no Brasil desde que o ministro do STF tomou medida drástica contra o Telegram

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Nelson Jr./Metrópoles
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, sorrindo
1 de 1 O ministro Alexandre de Moraes, do STF, sorrindo - Foto: Nelson Jr./Metrópoles

O extremista Allan dos Santos continua atacando o Supremo Tribunal Federal (STF) e os ministros da Corte, especialmente Alexandre de Moraes, mas suas palavras já não repercutem nas redes sociais mais usadas pelos brasileiros nem ganham as manchetes nos órgãos de imprensa. O “sumiço” do militante bolsonarista foragido nos Estados Unidos é resultado do sucesso de Moraes em conseguir silenciá-lo na web após longos meses de embates.

Esse sucesso se consolidou com a drástica decisão do ministro de mandar bloquear o Telegram no Brasil, há quase um mês. Cedendo às exigências do magistrado, o aplicativo de troca de mensagens excluiu os canais de Santos de sua plataforma e o impede de criar novos perfis. Esse bloqueio representou um duro golpe na estratégia do militante, de criar páginas alternativas nas redes em que já havia sido bloqueado pela Justiça ou pelas próprias empresas, como Twitter e YouTube.

Até meados de março, Santos conseguia ganhar visibilidade nesses perfis alternativos valendo-se de sua fama e de postagens cada vez mais radicalizadas, como quando gravou um blues chamando Moraes de “cabeça de piroca” e “amigo” de uma quadrilha, em fevereiro deste ano.

Hoje em dia, os ataques de Allan dos Santos às instituições e autoridades do Judiciário são feitos em espaços virtuais sem tradição ou alcance na internet brasileira – e pouco ou nada repercutem.

O militante brasileiro foragido mantém perfis em redes sociais criadas por conservadores norte-americanos justamente para tentar burlar o controle das grandes plataformas, como as mantidas pelo Meta/Facebook. E mesmo ostentando algumas dezenas de milhares de seguidores em plataformas como Gettr e Gab, Santos já não consegue romper a bolha extremista.

No Gettr, plataforma que teve seu fundador, Jason Miller, detido provisoriamente pela Polícia Federal quando veio ao Brasil, em setembro do ano passado, Allan dos Santos contava com 181 mil seguidores quando esta reportagem foi produzida. Ele usa a plataforma para transmitir vídeos ao vivo quase diariamente, e conquista audiências entre três mil e 12 mil visualizações, em média.

Não é pouco, mas é apenas uma pequena parcela da audiência que era alcançada pelo canal Terça Livre até sua exclusão definitiva do YouTube, no ano passado. A empresa de comunicação governista tinha 1,2 milhão de inscritos e suas transmissões diárias alcançavam facilmente entre 100 mil e 300 mil visualizações, gerando uma renda considerável com publicidade.

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Nas redes às quais ficou restrito, porém, Santos ainda não consegue monetizar o conteúdo, o que tem lhe forçado a apelar ao Supremo para tentar desbloquear as contas bancárias do Terça Livre, alegando que o bloqueio, também determinado em outubro de 2021 por Moraes, lhe “inviabilizou a subsistência própria e familiar”.

Apesar de não ter tido sucesso nesse pleito, porém, o extremista foragido está conseguindo sustentar sua militância nos EUA. Em conteúdos postados no Gettr nesta semana, ele mostrou que alugou uma pequena sala para servir como estúdio e conseguiu melhorar a velocidade da internet. “Está saindo caro, mas vou conseguir entregar mais [conteúdo]”, afirmou ele, em um dos vídeos.

allan dos santos nos eua
Allan dos Santos mostra seu novo estúdio nos EUA

Santos também revelou em suas postagens recentes que sua meta é “conseguir comprar uma rádio aqui na Flórida e encher a grade com programação de jornalistas brasileiros”, dizendo que “será o único lugar onde esses comunicadores poderão falar, já que a liberdade de imprensa e a liberdade de expressão no Brasil acabou”.

Vida de foragido

Allan dos Santos teve um mandado de prisão expedido pelo STF em outubro de 2021, quando já estava nos Estados Unidos. Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes determinou ainda que a captura do foragido fosse pedida ao consórcio internacional jurídico-policial, a Interpol. O processo para pedir a prisão e extradição, porém, passa pelo governo federal, que se esforçou para retardar a tramitação no Ministério da Justiça e, até agora, o nome do militante não aparece na lista de procurados, o que lhe garante passe livre para circular nos EUA.

Na América do Norte, Santos mantém sua militância bolsonarista, esteve em contato com o guru extremista Olavo de Carvalho até sua morte, em janeiro deste ano, e chegou a confraternizar com o ministro Fabio Faria, das Comunicações, após ser atração ao lado dele em evento político-religioso na Flórida, também em janeiro. (Após a divulgação do evento pelo Metrópoles, Faria se justificou dizendo que “não sabia” que Allan estaria presente e que, “se soubesse, não teria comparecido”).

Semanas depois, no último dia 25 de março, o então ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, também participou de um evento com o extremista foragido.

Líder de grupo criminoso

Em seus ataques a Moraes, Santos costuma alegar que não cometeu nenhum crime e que seria perseguido pelo ministro por suas opiniões. Na ordem de prisão da qual Allan dos Santos foge, no entanto, Moraes anotou que “a Polícia Federal apresentou indícios fortes, plausíveis e razoáveis da vinculação do representado à prática de diversos crimes”.

Moraes afirma na peça que Santos é um dos líderes do grupo criminoso responsável por atacar integrantes das instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral, reforçar o discurso de polarização e gerar animosidade na sociedade brasileira.

O militante, segundo o ministro, montou uma “verdadeira estrutura destinada à propagação de ataques” contra o STF, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Senado Federal, com foco voltado contra a CPI da Covid-19.

O ministro aponta ainda que Allan dos Santos é suspeito de cometer crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa, calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou o preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.

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