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Em resposta a Fernández, Bolsonaro posta saudação militar: “Selva!”

Presidente da Argentina disse que brasileiros saíram da selva e argentinos vieram de barco da Europa

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Bolsonaro com indígenas
1 de 1 Bolsonaro com indígenas - Foto: Reprodução

Após declaração preconceituosa do presidente da Argentina, Alberto Fernández, que remeteu a origem dos brasileiros à selva, enquanto os argentinos chegaram em barcos da Europa, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) postou no Twitter a saudação militar “Selva!”, que na linguagem castrense significa “tudo bem”.

A saudação foi publicada acompanhada de uma foto dele usando cocar, mas sem máscara de proteção, cercado de indígenas. O registro foi feito em maio, durante uma agenda no município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Durante a visita, o presidente visitou reservas do povo yanomami em Matucará.

Em entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, no Museu do Bicentenário da Casa Rosada, na quarta-feira (9/6), Fernández afirmou:

“Mexicanos saíram dos índios, brasileiros saíram da selva, mas nós, os argentinos, chegamos de barcos que vinham da Europa. E assim construímos nossa sociedade”, afirmou o presidente argentino em um discurso na Casa Rosada, sede do Poder Executivo.

O presidente argentino citava erradamente Octavio Paz, escritor mexicano vencedor do Nobel de Literatura em 1990. Na verdade, o trecho vem da música Chegamos dos barcos, do compositor argentino Litto Nebia, que diz: “Brasileiros saem da selva, mexicanos vêm de índios, mas nós, argentinos, viemos dos navios”.

Eleito no fim de 2019 com a bandeira da centro-esquerda, acenando para minorias, o professor de direito da Universidade de Buenos Aires tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner. No discurso de posse, ao derrotar Mauricio Macri, Alberto Fernández prometeu uma Argentina mais igualitária.

Horas depois da declaração, Fernández se desculpou pelas redes sociais: “Eu não queria ofender ninguém, em qualquer caso, quem se sentiu ofendido ou invisível, desde já minhas desculpas”.

Reações

O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), chamou de “lamentável” e “preconceituosa” a declaração de Fernández. Para o deputado, o tom do mandatário argentino foi depreciativo e reproduz uma visão colonialista, atrasada e superada da história.

“É lamentável a declaração preconceituosa feita pelo presidente Fernandéz. O tom depreciativo que reproduz uma visão colonialista, atrasada e superada da história merece repúdio. Nós, brasileiros, temos muito orgulho e respeito pelas nossas origens da mesma forma que os argentinos devem ter da sua própria diversidade”, disse.

“Disposto a agradar o primeiro-ministro espanhol, o presidente Fernandez parece não se importar em tentar depreciar seus vizinhos na América Latina e demonstrar subserviência à Europa. Isso em nada ajuda o esforço de promovermos, juntos, o desenvolvimento de nossa região. Um desserviço ainda maior em um momento em que o Mercosul tem sido questionado. A declaração vai na contramão dos países europeus que estão publicamente revendo o passado com ações que buscam a reparação histórica, como fazem recentemente França, Alemanha e Reino Unido”, prosseguiu Aécio.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que já presidiu a Comissão de Relações Exteriores, também criticou a declaração de Fernández e provocou o país.

“Não dirão que foi racista contra indígenas e africanos que formaram o Brasil? Porém, afirmo: o barco que está afundando é o da Argentina.”

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