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Debate entre presidenciáveis na TV Globo: checamos em tempo real

Esse foi o último encontro entre os candidatos antes da realização do primeiro turno no domingo (7)

atualizado

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
DEBATE DOS PRESIDENCIÁVEIS.
1 de 1 DEBATE DOS PRESIDENCIÁVEIS. - Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

Sete candidatos à Presidência da República participaram do debate promovido pela TV Globo na noite da quinta-feira (4/10). Este foi o último encontro entre os presidenciáveis antes da realização do primeiro turno, que acontece no domingo (7).

Alvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Henrique Meirelles (MDB) e Marina Silva (Rede) estiveram no encontro, que teve quatro blocos e durou cerca de duas horas e meia.

Cabo Daciolo (Patriota) não participou porque seu partido não tem cinco representantes eleitos no Congresso Nacional, número mínimo exigido pela lei eleitoral para que o candidato esteja no debate. Jair Bolsonaro (PSL) também não foi. Alegou que recebeu orientações médicas para não participar do evento.

Lupa acompanhou o encontro, conferindo em tempo real as frases ditas pelos presidenciáveis. As checagens produzidas pela agência também foram publicadas no Twitter, no @agencialupa.

As assessorias dos candidatos foram avisadas sobre o trabalho da Lupa e poderão enviar comentários sobre o material a seguir a qualquer momento.

Veja o resultado das checagens:

“O RJ está sob intervenção militar [federal]. Os índices [de segurança] só pioraram”
Guilherme Boulos (PSOL)

Instituto de Segurança Pública (ISP) considera estratégicos três indicadores de segurança pública: letalidade violenta, roubo de rua e roubo de veículo. Destes, letalidade violenta e roubo de rua tiveram resultados piores durante a intervenção federal do que no mesmo período do ano anterior. Os números de letalidade violenta subiram de 3.810 em 2017 para 4.039 neste ano. Já os roubos de rua cresceram de 76.833 no passado para 77.720 em 2018. Os roubos de veículos, por outro lado, diminuíram: foram 32.890 de fevereiro a agosto de 2017 e 30.629 no mesmo período deste ano. Veja os números aqui.


“O ITR (Imposto Territorial Rural) é menor do que a arrecadação de três meses do IPTU da cidade de São Paulo”
Guilherme Boulos (PSOL)

Em 2017, a União arrecadou R$ 1,370 bilhão com o ITR. O município de São Paulo, por sua vez, arrecadou R$ 8,380 bilhões com o IPTU. Ou seja, em três meses, arrecadou, em média, R$ 2,095 bilhões.


“Eu fui oposição a vida inteira. Só por sete meses eu fui do governo FHC”
Alvaro Dias (Podemos)

Filiado ao PSDB, Dias foi eleito senador pelo Paraná em 1998 e tomou posse em fevereiro de 1999. Em agosto de 2001, ele foi expulso do PSDB e deixou a base aliada. Logo, ele ficou 31 meses na base do governo, não “só sete”, como disse durante o debate.


“A CPMF é um imposto ruim”
Geraldo Alckmin (PSDB)

A Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF) foi instituída em 1996, pelo governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e foi renovada por quatro vezes, até 2007, quando foi extinta pelo Senado.

Em 2002, Alckmin defendeu o imposto e chegou a declarar o seguinte: “a contribuição é necessária para trazer o equilíbrio fiscal ao país e gerar emprego e renda”.

Em 2007, como presidente do PSDB, o hoje candidato à Presidência passou a se manifestar contra a CPMF. Acusou o governo de ter “ganância arrecadatória” e disse que já era “um bom momento internacional para diminuir a carga tributária” do Brasil.


“[Em SP] Reduzimos imposto de remédio. Todos os genéricos: de 18% para 12%”
Geraldo Alckmin (PSDB)

Em 2016, durante seu mandato como governador de SP, Geraldo Alckmin reduziu de 18% para 12% o imposto de remédios genéricos. Na época, Alckmin afirmou o seguinte: “É uma conquista importante para a população e para as empresas, porque nós temos a certeza de que a indústria farmacêutica de São Paulo vai crescer ainda mais.”


“Nós vamos criar o Renda Jovem para que 2 milhões de jovens tenham (…) R$ 3,7 mil ao fim do Ensino Médio”
Marina Silva (Rede)

O programa Renda Jovem não consta no plano de governo que Marina registrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O projeto foi apresentado durante a campanha, mas o link com o detalhamento dele no site da candidata estava fora do ar na madrugada da quinta-feira (5).


“Vai mais dinheiro para o Fies do que para a universidade pública”
Guilherme Boulos (PSOL)

Segundo o orçamento de 2018, os gastos previstos com as universidades federais representa mais do que o dobro do que o gasto previsto para o Fies neste ano. São R$ 43 bilhões de despesas nas universidades públicas contra os R$ 19,3 bilhões do Fies.


“7 milhões de crianças estão precisando de creches”
Henrique Meirelles (MDB)

O estudo Aspectos dos cuidados das crianças de menos de 4 anos de idade, publicado pelo IBGE em 2017 com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mostra que, em 2015, 7,7 milhões de crianças com menos de 4 anos não frequentavam creches nem de manhã nem à tarde. No entanto, os responsáveis por apenas 61,8% dessas crianças registraram interesse em matriculá-las em creches. Isso significa que 4,7 milhões de crianças efetivamente buscavam creches.


“[As ações da Taurus subiram] 180% em 60 dias”
Ciro Gomes (PDT)

Há três tipos de ação da Taurus negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa): FJTA3FJTA3F e FJTA4. Uma delas, a FJTA3, de fato, cresceu 180% entre 6 de agosto e 4 de outubro: o valor foi de R$ 1,85 para R$ 5,19. A FJTA3F cresceu mais, 201%, e a FJTA4 cresceu menos, 132%.


“O Ceará, hoje, tem uma das menores mortalidades infantis do Brasil”
Ciro Gomes (PDT)

De acordo com o IBGE, o Ceará ocupava o 11º lugar no ranking de mortalidade infantil  no país – eram 14,4 mortes a cada mil nascidos vivos, em 2016. Assim, 10 estados têm taxas menores, de acordo com as informações mais recentes disponíveis: Espírito Santo (8,8), Santa Catarina (9,2), Paraná (9,3), Rio Grande do Sul (9,6)São Paulo (9,9), Distrito Federal (10,5), Minas Gerais (10,9), Rio de Janeiro (11,5), Pernambuco (12,7) e Mato Grosso do Sul (14). Além disso, a taxa cearense é maior do que a do Brasil, que é de 13,3 mortes a cada mil nascidos vivos.


“70% [da população prisional brasileira] são jovens, presos com minúsculas quantidades de drogas”
Ciro Gomes (PDT)

O mais recente Levantamento de Informações Penitenciárias (Infopen), publicado no fim do ano passado pelo Ministério da Justiça, não tem números que relacionem a faixa etária dos presos com os crimes cometidos. O estudo conseguiu precisar a idade de 75% da população carcerária do país – 514.987 entre as 726.712 pessoas que estavam privadas de liberdade no país em junho de 2016. Destes mais de 500 mil, 55% eram jovens (até 29 anos). O Infopen mostra, também, que 176.691 pessoas estavam presas por tráfico no Brasil – o que representa 24,4% do total de presos. Não há dados sobre quantos deles são jovens.

*Esta checagem foi feita em parceria com o Instituto Sou da Paz.


“O senhor [Meirelles] estava lá, em todos esses governos: Lula, Dilma e Temer”
Alvaro Dias (Podemos)

Meirelles foi presidente do Banco Central entre 2003 e 2010 e foi ministro da Fazenda no governo Temer, entre 2016 e 2018. Durante o governo Dilma, Meirelles representou o governo federal no conselho da Autoridade Pública Olímpica por quatro anos – mas não atuou diretamente na gestão Dilma, como fez antes, com Lula, e depois, com Temer. Na mesma época, foi presidente do Conselho de Administração do grupo J&F, ou seja, estava trabalhando no setor privado.


“[A Petrobras pagou] US$ 20 bilhões para evitar o prosseguimento da ação judicial movida por acionistas americanos”
Alvaro Dias (Podemos)

acordo fechado pela Petrobras para encerrar investigações ligadas à Operação Lava Jato nos Estados Unidos custou US$ 853 milhões – não US$ 20 bilhões. O valor citado pelo candidato é mais de 23 vezes o total pago pela empresa. Segundo o acordo, as autoridades brasileiras devem receber 80% do que a Petrobras pagou aos americanos.


“No seu governo em SP [de Geraldo Alckmin], foram R$ 15 bilhões em desonerações fiscais”
Guilherme Boulos (PSOL)

O número é ligeiramente maior do que o citado pelo candidato. Segundo o anexo de metas fiscais do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2018, do governo de São Paulo, a expectativa de perda de arrecadação com renúncia de receitas era de R$ 16,1 bilhões, R$ 15 bilhões do ICMS e R$ 1,1 bilhão de IPVA. Para 2019, a previsão é de R$ 24,1 bilhões em renúncias.


“Ainda agora tem um [ministro do PSDB] remanescente [no governo Temer], inclusive elogiando o Bolsonaro”
Fernando Haddad (PT)

No dia 27 de setembro, em entrevista à BBC News Brasil, o atual ministro das Relações Exteriores, o tucano Aloysio Ferreira Nunes, quando perguntado se o candidato Jair Bolsonaro representa um risco à democracia respondeu o seguinte: ele “joga de acordo com as regras da democracia”. Em seguida, acrescentou que ainda não vê “‘nenhum retrocesso nas relações internacionais” com sua eventual vitória.


“[A reforma trabalhista permitiu] Mulher grávida (…) trabalhar em local insalubre”
Marina Silva (Rede)

Reforma Trabalhista divide a insalubridade em três graus: máximo, médio e mínimo. De acordo com a lei, as grávidas só devem ser afastadas obrigatoriamente de atividades insalubres de grau máximo. Para ser afastada das atividades de grau médio e mínimo, ela precisa que um médico emita um atestado e recomende seu distanciamento. Ou seja, na prática, a mulher grávida pode trabalhar em local insalubre.


“Bolsonaro propôs cortar o 13º [salário]”
Fernando Haddad (PT)

Apesar das críticas feitas ao 13º por parte de seu candidato a vice, o general Hamilton Mourão (PRTB), Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência da República, não propôs que esse benefício fosse cortado. Mourão, por sua vez, fez críticas ao 13º em evento realizado no Rio Grande do Sul no mês passado. Disse que se tratava de uma “jabuticaba”. Mas foi repreendido por Bolsonaro, que publicou em suas redes sociais duras críticas a essa fala: “Criticá-lo [o 13º salário], além de uma ofensa a quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição”.


“Criei (…) 12 milhões de empregos [no período em que eu estive no Banco Central]”
Henrique Meirelles (MDB)

Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), entre 2003 e 2010, foram gerados 11,3 milhões de empregos formais.


“[Os governos do PT geraram] 20 milhões de empregos em apenas 12 anos”
Fernando Haddad (PT)

Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, a diferença entre o número total de pessoas empregadas entre 2002, último ano antes de Lula tomar posse, e 2015, último ano completo do PT no governo, era de 19,4 milhões.

Já o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), também do Ministério do Trabalho, mostra que, durante os governos do PT, 14,1 milhões de empregos foram criados. O número é o resultado da soma dos empregos gerados entre o primeiro mês do governo Lula (janeiro de 2003) e o último mês completo do governo Dilma Rousseff (abril de 2016).

Há diferenças importantes entre essas duas fontes oficiais que explicam a diferença nos números. Primeiro, o escopo. O Caged mostra apenas empregos no setor privado, enquanto a Rais também contabiliza empregados na administração pública. Entre 2002 e 2015, a administração pública criou 2,4 milhões de novos postos de trabalho.

Além disso, a periodicidade de atualização das duas fontes é diferente. Como o nome diz, a Rais é anual, enquanto o Caged é publicado todo mês. Por causa disso, pela Rais, não é possível saber quantos empregos foram perdidos entre janeiro e abril de 2016, últimos meses de Dilma no comando do país, enquanto no Caged esse dado está disponível.


“Mais de 52 milhões de brasileiros [estão] abaixo da linha da pobreza”
Alvaro Dias (Podemos)

De acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais, estudo publicado pelo IBGE com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 25,4% da população brasileira vivia com até US$ 5,50 por dia em 2016. Essa é, pelos critérios do Banco Mundial, a linha da pobreza para países com renda média alta, caso do Brasil. De acordo com o IBGE, a população brasileira, naquele ano, era de 206,1 milhões de pessoas – logo, 25,4% disso equivale a 52,4 milhões.


“[O novo presidente] Assumirá com déficit de quase R$ 139 bilhões”
Geraldo Alckmin (PSDB)


O projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019 prevê uma meta de déficit primário de R$ 139 bilhões para o governo central. Para 2020 e 2021, o déficit previsto é de R$ 110 bilhões e R$ 70 bilhões, respectivamente.


“O PT criou 43 empresas estatais”
Geraldo Alckmin (PSDB)

Ao todo, 54 empresas estatais foram criadas durante o governo do PT – de 2003 a 2016. Segundo o Ministério do Planejamento, o Brasil tem 144 empresas estatais.


“Vocês [PSDB] indicaram quatro ministros [do governo Temer]Ainda agora tem um remanescente”
Fernando Haddad (PT)

Quando Temer assumiu a presidência, três ministros indicados eram filiados ao partido: José Serra, das Relações Exteriores, Bruno Araújo, das Cidades, e Alexandre de Morais, da Justiça. Em 3 de fevereiro de 2017, Luislinda Valois, também filiada ao partido, assumiu o Ministério dos Direitos Humanos. Nenhum deles está no governo atualmente. Ainda passaram pelo governo Antônio Imbassahy, que foi ministro da Secretaria de Governo, e Aloysio Ferreira Nunes, que substituiu Serra no ministério das Relações Exteriores – e é o ministro remanescente do PSDB ao qual Haddad se refere.


“Tenho dito, desde 2010, que, se ganhar, vou governar com os melhores”
Marina Silva (Rede)

Candidata à Presidência pelo PV, em 2010, Marina Silva afirmou, diversas ocasiões, que governaria o país “com os melhores” quadros de cada partido. “É preciso se juntar aos melhores para governar o país. Os melhores do PT, PSDB, PMDB. Existem pessoas em todos os partidos. Tem que ter disposição para dialogar, convencer e mostrar que não é o dono da verdade. Precisa do apoio e das ideias dessas pessoas”, afirmou a então candidata do PV em entrevista a uma rádio do interior de São Paulo, em julho de 2010. No mesmo mês, afirmou que “não teria problema em fazer composição com os melhores do PT e do PSDB”.


“São 13,7 milhões de brasileiros desempregados”
Ciro Gomes (PDT)

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (Pnadc/M) mais recente, o número de desempregados no trimestre móvel de junho, julho e agosto de 2018 é de 12,7 milhões – ligeiramente menor do que o citado pelo candidato. O número citado por Ciro é correto, mas referente ao primeiro trimestre de 2018.


“60 mil mulheres brasileiras foram estupradas”
Ciro Gomes (PDT)

De acordo com o mais recente Anuário Brasileiro de Segurança Pública, foram registrados 60.018 casos de estupro no Brasil em 2017. No ano passado, o estado que registrou maior número de notificações foi São Paulo: 11.089. Roraima foi onde houve maior crescimento de notificações: um aumento de 131% no comparativo entre 2016 e 2017.

No entanto, o estudo, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, não divide os casos entre os que foram notificados por mulheres e os que foram registrados por homens, mas outros levantamentos, como o do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, indicam que o percentual de vítimas mulheres é maior. O ISP-RJ mantém uma ferramenta que conta com a diferenciação entre gêneros. Em 2017, foram registrados 4.952 estupros no Rio de Janeiro: 4.173 (84,2%) dos casos foram notificados por mulheres, e 701 (14,16%) por homens. Em 1,5% dos casos, o sexo das vítimas não foi identificado.


“63 milhões de brasileiros com seu nome humilhado no SPC”
Ciro Gomes (PDT)

Dados apurados em pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) indicaram, em julho de 2018, que o Brasil tem 63,6 milhões de consumidores inadimplentes, que atrasaram o pagamento de suas contas.

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