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CPI será prorrogada para investigar denúncias no contrato da Covaxin

Comissão investiga se houve corrupção na negociação da compra da vacina indiana. Próxima semana será decisiva para definir próximos passos

atualizado

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Edilson Rodrigues/Agência Senado
CPI da Covid
1 de 1 CPI da Covid - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Senadores independentes e de oposição que integram a CPI da Covid já afirmam que será “inevitável” prorrogar a comissão a fim de investigar as suspeitas de corrupção no contrato da vacina indiana Covaxin.

De acordo com a colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, a prorrogação da CPI será colocada em votação já na próxima semana.

Se o requerimento for aprovado, a comissão, que deveria ter os trabalhos encerrados em 7 de agosto, continuará funcionando até o início de novembro.

Também na próxima semana, os senadores deverão votar convite ao líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

Durante sessão da CPI na noite dessa sexta-feira (25/6), o nome do parlamentar foi citado em depoimento do deputado Luís Miranda (DEM-DF).

Segundo Miranda, Barros foi mencionado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como o “dono do rolo” no processo de negociação da Covaxin.

Entenda

De acordo com documentos do Tribunal de Contas da União (TCU), a vacina indiana Covaxin foi a mais cara negociada pelo governo federal, custando R$ 80,70 a unidade. O valor é quatro vezes maior que o da vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a AstraZeneca, por exemplo.

A CPI da Covid investiga por que o governo agilizou os trâmites na compra da vacina indiana. Segundo um levantamento do TCU, o Ministério da Saúde levou 97 dias para fechar o contrato da Covaxin, enquanto demorou 330 dias para ter um acordo com a Pfizer.

Além disso, o contrato entre o Ministério da Saúde e a Precisa Medicamentos para compra da Covaxin foi o único acordo do governo que teve um intermediário sem vínculo com a indústria de vacinas – o que foge do padrão das negociações e contratos de outros imunizantes.

O Ministério da Saúde firmou um contrato de R$ 1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses. O valor ainda não foi pago, mas está empenhado (reservado para desembolso), e as doses não foram importadas para o Brasil.

Alerta de denúncias

Chefe de importação do Departamento de Logística em Saúde do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro em 20 de março e alertou sobre suspeitas de corrupção envolvendo a aquisição da vacina indiana.

Durante depoimento ao Ministério Público, no inquérito apura a conduta do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o servidor afirmou que recebeu pressões para favorecer a Precisa Medicamentos em depoimento ao Ministério Público.

Na última quarta-feira (23/6), o deputado Luis Miranda disse que ele e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, alertaram Bolsonaro sobre as suspeitas.

Após a grande repercussão, o Palácio do Planalto informou que vai acionar a Polícia Federal, a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar o deputado e o servidor.

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