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CPI ouve representante de operadora que teria coagido médicos a usar “tratamento precoce”

Operadora de saúde é acusada de adotar medicamentos sem comprovação de eficácia contra Covid-19 e de ter pressionado médicos para usá-los

atualizado

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Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do procurador da empresa Davati Medical Supply no Brasil_
1 de 1 Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do procurador da empresa Davati Medical Supply no Brasil_ - Foto: null

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 ouve, nesta quinta-feira (16/9), o diretor-executivo da Prevent Senior, o médico Pedro Benedito Batista Júnior. A operadora de saúde é acusada de adotar medicamentos – como cloroquina, hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina – sem comprovação de eficácia para o tratamento da Covid-19 e de ter coagido médicos com esse objetivo.

Nas últimas semanas, a comissão vinha focando em casos de corrupção envolvendo VTCLog, Precisa Medicamentos e Covaxin, mas o depoimento de Batista faz parte da linha de investigação a respeito da aquisição e indução de medicamentos do chamado kit Covid e da participação do governo Jair Bolsonaro na disseminação desses fármacos.

Os senadores querem saber sobre a aplicação de recursos públicos na aquisição e distribuição dos medicamentos, procuram entender a atuação do Conselho Federal de Medicina em relação ao uso do kit Covid e desejam conhecer como foi a distribuição e prescrição dessas drogas por operadoras de planos de saúde, a despeito da ausência de comprovação científica de eficácia, com anuência da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

No dia 26 de agosto, o senador Humberto Costa (PT-PE) relatou, durante sessão da comissão, ter recebido cópia de um processo movido por um grupo de médicos ligados à Prevent Senior por causa “da política de coerção” à que seriam submetidos “para adotarem aquelas orientações do chamado tratamento precoce”. “Aqueles que se recusaram a implementar essas medidas foram demitidos”, afirmou.

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Costa afirmou ainda que, de acordo com a denúncia, o hospital orientava que pacientes e familiares não soubessem da experiência. “A informação que se tem é de que isso foi um acerto entre a direção do hospital e o governo federal”, declarou o senador.

“Os resultados não se apresentam positivos, implicando, inclusive, graves reações adversas e mortes de pacientes. A divulgação desses medicamentos imbui nas pessoas a falsa crença de que existe prevenção medicamentosa, tratamento e cura para a Covid-19, acentuando a negligência com medidas recomendadas cientificamente de distanciamento e isolamento social e uso de máscaras”, diz o requerimento.

Em abril de 2020, o governo federal aplicou recursos da ordem de R$ 1,1 milhão pelo Ministério da Defesa para a produção de 3,2 milhões de comprimidos de cloroquina pelo Laboratório Químico Farmacêutico do Exército para tratamento da Covid-19.

Habeas corpus

O diretor executivo da Prevent Senior acionou, nesta quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) para não responder perguntas que o autoincriminem e para ter garantia de não ser preso por desobediência ou falso testemunho. O ministro Ricardo Lewandowski foi designado relator do pedido e, na noite dessa quarta, concedeu parcialmente o pedido: manteve a obrigatoriedade do comparecimento, mas assegurou o direito de permanecer em silêncio – apenas em relação a perguntas que o autoincriminem – e não ser ameaçado de prisão ou de processo, caso siga os critérios definidos na decisão.

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