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Bolsonaro: se necessário for, militares agirão dentro da Constituição

Presidente tem repetido fala em contrariedade às medidas decretadas por governadores e prefeitos no enfrentamento da pandemia de coronavírus

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
presidente jair bolsonaro durante evento no palacio
1 de 1 presidente jair bolsonaro durante evento no palacio - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a falar, nesta quinta-feira (27/5), que “se necessário for” o Exército agirá “dentro das quatro linhas da Constituição”.

A declaração foi feita durante almoço com militares, em São Gabriel da Cachoeira (AM), onde Bolsonaro terá agenda na tarde desta quinta (leia mais abaixo). Recentemente, o presidente da República tem repetido a fala em contrariedade às medidas decretadas por governadores e prefeitos no enfrentamento da pandemia de coronavírus.

Em seu discurso, que durou pouco mais de cinco minutos, o mandatário do país afirmou esperar que o Brasil “parta para a normalidade”.

“Mais do que obrigação e dever, tenho certeza de que vocês agirão dentro das quatro linhas da Constituição, se necessário for. Espero que não seja necessário – que a gente parta para a normalidade. Não estamos nela ainda, estamos longe dela”, disse Bolsonaro.

Eleições

O discurso também tomou tons eleitorais, quando Bolsonaro falou a respeito da expectativa de escolha em 2022. “Quem fizer uma análise do que aconteceu no Brasil nos últimos 20 anos, eu duvido que essa pessoa erre no ano que vem”, apontou.

O presidente ainda afirmou que ninguém pode acusá-lo de “ser uma pessoa que não seja democrática” e saiu em defesa de seu governo.

“Um governo que tem dois anos e quatro meses sem nenhuma comprovação ou ato de corrupção. Isso não é virtude, é obrigação. Mas, para quem se recorda, há poucos anos não era isso que acontecia no Brasil”, declarou.

Nos últimos dias, no entanto, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga crimes contra a administração pública, como corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando, praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro.

Além disso, à época em que era ministro do Turismo do governo, Álvaro Antônio (PSL-MG) foi denunciado pela PF e pelo Ministério Público Eleitoral por estar envolvido no escândalo das candidaturas laranjas em Minas Gerais na campanha eleitoral de 2018.

Mesmo após Álvaro Antônio ter sido indiciado em inquérito pela Polícia Federal e denunciado pelo MP, Bolsonaro decidiu mantê-lo no governo por quase dois anos.

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Visita à comunidade indígena

Depois de inaugurar a ponte, no início da tarde, está prevista uma visita do presidente à comunidade yanomami Maturacá. A Terra Indígena Yanomami é uma das que mais sofrem com mineração ilegal. A visita não consta na agenda oficial do presidente para esta quinta.

Em uma live no dia 29 de abril, Bolsonaro disse que planeja visitar um pelotão de fronteira do Exército (PEF), “conversar com indígenas” e “aterrissar” em um garimpo ilegal.

Por ser defensor da mineração em terras indígenas, Bolsonaro é alvo de críticas por ambientalistas. Lideranças locais publicaram uma carta de repúdio à presença de Bolsonaro na comunidade indígena.

Para eles, a visita é para “tratar e tentar acordar conosco a legalização de mineração no território yanomami, portanto, essa não é a nossa ansiedade yanomami”.

Reunião sobre Pazuello

O comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, acompanha o presidente Bolsonaro em agenda no Amazonas. O evento de inauguração da ponte Rodrigo e Cibele, construída pelo Exército, acontece no mesmo dia em que vence o prazo para que o general da ativa e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, apresente sua defesa para a Força Armada.

O comandante deve definir a punição a ser aplicada a Pazuello, que discursou em defesa do governo do alto de um carro de som no último domingo (23/5), no Rio, algo proibido a um militar da ativa pelo Regulamento Disciplinar do Exército.

Segundo o colunista do Metrópoles Ricardo Noblat, Pazuello será punido apenas com uma advertência. As outras punições previstas no regulamento são: censura, suspensão e até 30 dias de cadeia. Do fim da ditadura militar de 64 para cá, nenhum general foi preso.

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