Bolsonaro critica Fachin por linguagem neutra: “O que tem na cabeça?”

Em novembro de 2021, o ministro do STF derrubou uma lei estadual que proibia o uso da linguagem neutra nas escolas

atualizado 10/01/2022 12:59

Na imagem colorida, um homem está posicionado no centro. Ele uda terno e gravata em cor azul escuro, camiseta branca e está com a mão na cabeça enquanto olha para o lado inferior esquerdo Gustavo Moreno/Especial Metrópoles

O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), por decisão que suspendeu uma lei estadual que proibia o uso da linguagem neutra nas escolas. Bolsonaro tem atacado a adoção do gênero neutro.

“Você vê: linguagem neutra. O que que leva a isso? O nosso português já é uma língua difícil. Imagina como vai se manifestar lá fora perante o mundo. Se eu não me engano, Santa Catarina tem uma lei lá que foi sancionada pelo governador proibindo a linguagem neutra. O que o ministro Fachin fez? Deu uma liminar contra essa lei que estava lá proibindo a linguagem neutra”, criticou Bolsonaro à Jovem Pan News. A entrevista, exibida nesta segunda-feira (10/1), foi gravada na semana passada.

“Que país é esse? Que ministro é esse do Supremo Tribunal Federal? O que que ele tem na cabeça? Virou ‘Eu quero, eu não quero’?”, prosseguiu Bolsonaro.

Em novembro de 2021, Fachin suspendeu os efeitos de uma lei de Rondônia que proibiu o ensino de novas formas de expressão da língua portuguesa. A norma, assinada pelo governador Marcos Rocha (PSL), proibiu a linguagem neutra em editais de concursos públicos, no material didático e na grade curricular de instituições de ensino.

Em seu voto, Fachin destacou que, “a pretexto de valorizar a norma culta da língua, a lei configura ofensa à Constituição”. Segundo o magistrado, além disso, cabe somente à União legislar sobre a matéria.

O ministro afirmou que o uso dessas novas formas de expressão visa combater preconceitos linguísticos, que subordinam um gênero em relação a outro. A ação foi ajuizada no Supremo pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee).

Em junho, o governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (sem partido), editou um decreto semelhante proibindo a linguagem neutra no estado sulista.

A liminar de Fachin será analisada pelo plenário do STF e deverá ter repercussão geral. O julgamento ainda não tem data.

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O uso do gênero neutro na língua portuguesa é tema de projeto de lei em 19 estados brasileiros e no Distrito Federal, de acordo com levantamento feito pela Agência Diadorim. No total, 34 propostas têm por objetivo impedir a variação gramatical para além do gênero feminino e masculino.

Distrito Federal, Minas Gerais, Paraíba, Espírito Santo, Santa Catarina, Pernambuco e Rio de Janeiro lideram a lista na quantidade de propostas de lei, cada unidade federativa com três. Regionalmente, o Sudeste é onde existem mais proposições (11), seguido do Nordeste (10), e do Sul e Centro-Oeste, ambos com seis. No Norte, além de Rondônia, o Amazonas discute o assunto.

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