Assessor de Bolsonaro diz que ajeitava lapela: “Mentes doentias”

Filipe Martins acompanhava ministro Ernesto Araújo no Senado quando gesto seu criou confusão. Pacheco manda Polícia Legislativa investigar

atualizado 24/03/2021 22:46

Filipe Martins no Senado Reprodução/TV Senado

Assessor diretamente ligado ao presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins, alvo de críticas após gesto feito durante sessão no Senado, disse que estava ajeitando a lapela do terno. Ele usou o Twitter, na noite desta quarta-feira (24/3), para justificar as imagens em tom ácido: “Mentes doentias enxergaram um gesto autoritário numa imagem que me mostra ajeitando a lapela do meu terno”.

Em outro post, ele divulgou fotos do ex-presidente Lula e do youtuber Felipe Neto fazendo gestos que na visão dele seriam semelhantes aos seus: “A oposição ao governo atingiu um estado de decadência tão profundo que tenta tumultuar até em cima de assessor ajeitando o próprio terno. São os mesmos que vêm gesto nazista em oração, que forjam suásticas e que chamam de anti-semita o governo mais pró-Israel da história”.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), decidiu instaurar procedimento de investigação para apurar o fato. A polícia do Senado vai inclusive ouvir Filipe Martins.

Entenda

O gesto feito pelo assessor, que estava sentado atrás do presidente do Senado Federal. Além de ser usado pelos supremacistas brancos nos Estados Unidos, o gesto pode indicar uma obscenidade.

Diante da cena, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) reagiu irritado e afirmou que Martins estava sendo desrespeitoso.

Randolfe pediu a retirada imediata do assessor pela Polícia Legislativa e que a sessão então fosse cancelada. O parlamentar ainda chamou o servidor de “capacho do senhor presidente da República”.

“Eu não sei qual o sentido do gesto do senhor Filipe. Mas é inaceitável, em uma sessão do Senado Federal, durante a fala do presidente do Senado, um senhor estar procedendo de gestos obscenos, ironizando o pronunciamento. Isso é inaceitável, é intolerável. Peço que conduza imediatamente este senhor para fora das dependências do Senado Federal”, disse, revoltado.

Veja:

 

Após a fala de Randolfe, Pacheco pediu que a Polícia Legislativa apurasse o episódio para tomar as providências cabíveis. No entanto, o presidente decidiu dar prosseguimento ao andamento da sessão.

“Eu pedirei à Secretaria-Geral da Mesa, igualmente à Polícia Legislativa, que identifiquem o fato apontado por Vossa Excelência, mas eu não prejudicarei o andamento desta sessão do Senado Federal, porque é muito importante nós ouvirmos o ministro das Relações Exteriores, que aqui comparece para poder fazer os esclarecimentos necessários aos senadores. Identificarei, Senador Randolfe a ocorrência do fato. E, tendo havido de fato, nas circunstâncias serão tomadas todas as providências, e enérgicas, por parte da Presidência do Senado”, disse Pacheco.

Filipe Martins continuou na sessão.

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