metropoles.com

Aras pede apuração sobre invasões a hospitais e agressões a profissionais

O procurador-geral da República enviou ofícios aos estados pedindo que abram procedimentos para apurar responsabilidades pelos atos

atualizado

Compartilhar notícia

Michael Melo/Metrópoles
Procurador-geral da República, Augusto Aras
1 de 1 Procurador-geral da República, Augusto Aras - Foto: Michael Melo/Metrópoles
O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu a abertura de investigação sobre a invasão a hospitais de campanha e agressões a profissionais de saúde ocorridos nas últimas semanas. Em ofícios assinados neste domingo (14/06), ele solicitou a cada unidade do Ministério Público nos estados a instauração de procedimentos para apurar eventuais responsabilidades por invasões a hospitais destinados ao tratamento de pacientes com coronavírus.

Os ofícios foram endereçados aos procuradores-gerais de Justiça dos estados onde, segundo divulgado pela imprensa, houve casos de invasão. Os documentos pontuam que “condutas dessa natureza colocam em risco a integridade física dos valorosos profissionais que se dedicam, de forma obstinada, a reverter uma crise sanitária sem precedentes na história do país”.

Ainda conforme os ofícios, os episódios de invasão narrados pela imprensa são graves e podem ensejar, em tese, a responsabilidade criminal dos autores. Por isso, Augusto Aras solicita que o respectivo procurador-geral de Justiça distribua o documento como notícia-crime, de acordo com as regras da unidade, para que o promotor natural adote as medidas que compreender necessárias.

Os primeiros ofícios têm como destinatários os chefes dos MPs nos estados de São Paulo e Distrito Federal, Mario Luiz Sarrubbo e Fabiana Costa, respectivamente. No caso de São Paulo, a invasão relatada teria ocorrido no Hospital de Campanha do Anhembi, em 4 de junho. Já no Distrito Federal, a ocorrência foi em 9 de junho, no Hospital Regional de Ceilândia. Outros estados deverão ser notificados em seguida.

Incentivo

O documento, a ser oficializado na segunda-feira (15/06), será protocolado após o presidente Jair Bolsonaro ter solicitado que “arranjassem uma maneira de entrar” em hospitais públicos e filmassem leitos de UTI para comprovar se as estruturas estão realmente ocupadas.

O pedido foi feito a apoiadores durante a transmissão de live semanal, pelo Facebook, na quinta-feira (11/06). A atitude do presidente provocou reação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que pediu publicamente a interferência do Ministério Público.

“Indubitavelmente, condutas dessa natureza colocam em risco a integridade física dos valorosos profissionais que se dedicam, de forma obstinada, a reverter uma crise sanitária sem precedentes na história do país”, afirma Aras em ofício direcionado ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo, a quem caberá a investigação.

Aras cita a possibilidade de os responsáveis pela invasão serem processados criminalmente. “Observadas as condições de procedibilidade, os eventos narrados podem ensejar, em tese, a responsabilidade criminal ou por ato de improbidade dos seus autores, razão pela qual solicito a Vossa Excelência a adoção das medidas que compreender necessárias ao enfrentamento da questão.”

No Distrito Federal, a investigação deverá apurar ameaças e agressões contra profissionais de saúde. No dia 1º de maio, o protesto de um grupo de enfermeiros na Praça dos Três Poderes por melhores condições de trabalho e pela manutenção do isolamento social durante a pandemia de covid-19 acabou em confusão. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro tentarem interromper o ato e agredir os profissionais.

0
Notícia-crime

As invasões também provocaram reação em parlamentares. A bancada do PSB da Câmara decidiu apresentar uma notícia-crime na PGR contra o presidente Jair Bolsonaro, diante do tensionamento da crise por parte de populares que passaram a invadir hospitais públicos em todo o país.

Na avaliação do líder da bancada, deputado Alessandro Molon (RJ), Bolsonaro agiu de forma irresponsável e criminosa ao incitar apoiadores a invadir hospitais para atrapalhar o já árduo trabalho dos profissionais de saúde nesta pandemia.

Molon avalia que a conduta de Bolsonaro se enquadra no art. 286 do Código Penal, ao cometer incitação ao crime, e também no art. 265, também do Código Penal, pelo induzimento à conduta de outras pessoas para atentar contra a segurança e o funcionamento de serviço de utilidade pública.

“Já que o PGR está investigando os que atentaram contra a saúde pública, nada mais coerente do que investigar quem estimulou essas ações criminosas. Bolsonaro deve responder por mais este crime, que coloca em risco os heroicos profissionais de saúde e os próprios pacientes. Ele não pode continuar causando a morte de brasileiros impunemente. Já passou de todos, todos os limites”, disse.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?