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Após críticas, Bolsonaro muda e oferece ajuda a governadores

O presidente anunciou um pacote de até R$ 88,2 bilhões para reforçar o caixa de estados e municípios durante a crise do coronavírus

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Após se reunir com governadores das regiões Nordeste e Norte, na tarde desta segunda-feira (23/03), o presidente Jair Bolsonaro anunciou um pacote de até R$ 88,2 bilhões para reforçar o caixa de estados e municípios durante a crise do coronavírus.

Após a reunião, o presidente participou por apenas dois minutos de uma coletiva, convocada pelo Palácio do Planalto – mas deixou com os ministros a tarefa de responder aos jornalistas e se retirou, antes que começassem as perguntas.

“Os senhores governadores se mostraram bastante satisfeitos. Apelamos que nossas propostas em tramitação na Câmara tivessem olhar muito especial por parte deles, porque todos nós devemos sair fortalecidos e com sensação de dever cumprido ao final dessa batalha. De forma muito cordial nos despedimos”, sustentou o presidente.

No domingo, em entrevista, o presidente atacou os chefes dos Executivos estaduais, dizendo que a população saberá que “foi enganada por governadores e imprensa” sobre coronavírus, novamente minimizando as consequências da crise provocada pela pandemia.

Entre as medidas anunciadas, está a suspensão das dívidas dos estados com a União, que custará ao Estado brasileiro R$ 12,6 bilhões. As ações devem ser tratadas em duas medidas provisórias (MP), ainda não publicadas.

Na semana passada, Bolsonaro se irritou com posturas de governantes locais por medidas restritivas à circulação de pessoas, que, de acordo com o Planalto, seriam de competência exclusiva do presidente.

“Não posso dizer que hoje ele não foi amigável”, disse o governador da Bahia, Rui Costa (PT), após a conferência com Bolsonaro. “Acho que isso é em função do colapso em que o Brasil estava entrando”, ressalvou o baiano.

Costa, porém, disse ter saído com dúvidas sobre os recursos anunciados pelo governo federal e espera esclarecer nas reuniões que  vão ser realizadas entre ministros e secretários estaduais ainda nesta semana. “Queremos saber se é dinheiro novo que será liberado ou se se são recursos já previstos no Orçamento”, disse o governador da Bahia.

“Sintonia”
Outro petista, o governador do Piauí, Wellington Dias, chegou a falar de “sintonia” para se referir ao tom usado nesta segunda-feira.

“Muita sintonia entre a proposta apresentada pela equipe dele e a nossa proposta. Sinto uma grande mudança nas falas dele em entrevistas nos últimos dias”, avaliou Dias.

Tanto Dias quanto Costa também esperam uma ação mais abrangente que contemple dívidas de estados nordestinos com bancos de fomento internacionais. Esse ponto ainda não chegou a ser discutido com o governo federal.

Controle
As reuniões marcam a tentativa de iniciar o controle da articulação com os estados pelo governo federal. Até então, diante da inércia do governo federal e dos discursos do presidente que minimizavam a todo momento o impacto da crise, governadores passaram a tomar frente nas iniciativas.

O anúncio do presidente ocorre uma semana após secretários estaduais e governadores terem feito uma lista de pedidos ao ministro da Economia, Paulo Guedes. Em ofício enviado a Guedes, os estados pediram R$ 15 bilhões mensais para compensar as perdas de arrecadação e reforçar o financiamento de ações emergenciais na área da saúde.

O próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reconheceu o novo tom do presidente. “Ele literalmente acalmou toda aquela região”, avaliou.

A reunião desta segunda-feira ocorreu com os chefes dos Executivos estaduais. Na quarta-feira, haverá uma nova reunião dos ministros e secretários especiais com os secretários estaduais das áreas de saúde e economia.

Nesta terça-feira (24/03), estão marcadas mais duas reuniões, nos mesmo moldes, com governadores das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste.

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