metropoles.com

Análise: Helder e MPF desautorizam Bolsonaro sobre brigadistas

Governador do Pará e Ministério Público Federal esvaziaram investigação frágil que comprovava tese do presidente sobre autoria de incêndios

atualizado

Compartilhar notícia

DANIEL BELTRÁ/GREENPEACE/ARQUIVO
Queimadas
1 de 1 Queimadas - Foto: DANIEL BELTRÁ/GREENPEACE/ARQUIVO

Logo que estourou a onda de queimadas na Amazônia, em agosto, o presidente Jair Bolsonaro lançou a tese de que organizações não governamentais (ONGs) seriam responsáveis pelo fogo. Não apresentou provas.

Três meses depois, a Polícia Civil do Pará tentou confirmar a especulação do presidente. Para tanto, prendeu quatro brigadistas ligados a ONGs em Alter do Chão, região da floresta fortemente atingida pelos incêndios.

Conduzido pelo delegado José Humberto de Melo, o inquérito serviu para Bolsonaro alardear o discurso contra as organizações não governamentais. Em pouco tempo, porém, a investigação se mostrou frágil e temerária.

Para quem leu o inquérito, sobram dúvidas em relação à consistência das conclusões. De modo geral, o processo deixa a suspeita de que foi instaurado com o objetivo de comprovar a tese de Bolsonaro – apesar da precariedade das provas.

Dois movimentos esvaziaram os efeitos do inquérito. Primeiro, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), substituiu Melo no comando das investigações. Transferiu o caso da Delegacia de Conflitos Agrários para a unidade especializada em meio ambiente.

Ao anunciar a medida, Barbalho afirmou que ninguém pode ser vítima de prejulgamento ou ter seu direito à defesa cerceado. Com essa manifestação, o governador tornou pública a desconfiança em relação à qualidade do inquérito.

Em outro lance, o Ministério Público Federal (MPF) requisitou acesso ao processo. Como a área atingida inclui terras públicas federais, a instituição investiga incêndios na região desde 2015 e, diferente do delegado Melo, aponta grileiros de terras como responsáveis pela degradação ambiental.

As suspeitas de que o inquérito da Policia Civil foi desde o início direcionado para incriminar os brigadistas ganham força em decorrência do perfil do juiz responsável por autorizar as prisões. Alexandre Rizzi, o magistrado, pertence a uma família que possuiu madeireiras e teve conflitos com ONGs. Por fatos assim, a investigação de Melo perdeu credibilidade.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?