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Análise: Bolsonaro demonstra tolerância com crimes ao manter ministro

A permanência do titular do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, avaliza comportamento que reforça a imagem negativa dos políticos

atualizado

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Valter Campanato/Agência Brasil
Turismo
1 de 1 Turismo - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A permanência do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, na Esplanada afronta a moralidade pública. Como consequência, sinaliza indesejável tolerância do presidente Jair Bolsonaro com práticas criminosas.

Indiciado pela Polícia Federal sob acusação de uso de candidaturas laranjas do PSL de Minas Gerais nas eleições de 2018, Antônio desponta como fruta podre no governo. Um ano depois da disputa nas urnas, as investigações apontam o agora ministro como autor de crime eleitoral e de associação criminosa.

Não é pouco. Cargo público deve ser ocupado por pessoas de reputação ilibada. Mesmo que ainda não tenha sido condenado, o trabalho feito pela PF é suficiente para macular a imagem do ministro e deixar os brasileiros em dúvida quanto à sua honestidade.

Crimes eleitorais são crimes contra a democracia. O desvio de finalidade do dinheiro público é tão grave nas contas de um partido – no caso, a legenda do presidente – quanto em um ministério.

Quem forja candidaturas de mulheres a fim de abocanhar recursos de campanha tem capacidade para outros tipos de irregularidade no governo.

Antônio não se faz de rogado. Em nota, disse ser inocente e que ainda não foi notificado. Esse modelo de resposta à sociedade se enquadra no padrão adotado por quem não tem explicação plausível para as acusações. Advogados e marqueteiros orientam seus clientes a agir assim.

Se tivesse mesmo justificativa para os fatos apurados pela Polícia Federal, certamente o ministro já teria dado, pois o caso se tornou público em abril, quando candidatas de Minas Gerais denunciaram os desvios das verbas eleitorais. Ao manter Antônio no cargo, Bolsonaro avaliza comportamento que reforça a imagem negativa dos políticos.

Curioso que o presidente tenha se elegido, em boa parte, pelo discurso conta a corrupção dos governos passados. A palavra do capitão, assim, ganha status de letra morta.

Uma das explicações para a conivência de Bolsonaro com a situação é o fato de que Antônio estava ao seu lado em Juiz de Fora (MG) no momento da facada desferida por Adélio Bispo do Santos. Ajudou, inclusive, no transporte do futuro chefe para o hospital da cidade.

Passional, o capitão parece colocar esse fato acima da moralidade exigida dos governantes.

Aqui vale ressaltar que, tanto no caso da facada quanto no caso dos laranjas, o chefe do Executivo não respeita as diligências da PF, que finalizou o inquérito do atentado com a conclusão de que Adélio agiu sozinho. O presidente insiste em tentar achar um mandante “de esquerda”, o que alimenta seu discurso de radicalização ideológica.

Esse é mais um desdobramento pernicioso para as instituições do país. Ao rejeitar as investigações, o presidente desmoraliza a Polícia Federal.

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