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“Lava Jato foi uma verdadeira cruzada contra Lula”, diz advogado

Cristiano Zanin declarou que a operação fez do ex-presidente “troféu” obtido de forma “ilegítima”

atualizado

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Felipe Rau/Estadão Conteúdo
Lula deixa sede de seu instituto em São Paulo após ter prisão decretada por Moro
1 de 1 Lula deixa sede de seu instituto em São Paulo após ter prisão decretada por Moro - Foto: Felipe Rau/Estadão Conteúdo

O advogado Cristiano Zanin, responsável pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou neste domingo (03/11/2019) que a Operação Lava Jato fez do petista “um troféu”. “Dentro do devido processo legal, da boa aplicação das leis, ela jamais poderia ter obtido esse troféu. Ela obteve o troféu de forma ilegítima e não quer devolver”, declarou, em entrevista ao UOL.

Para o advogado, que aguarda o Supremo Tribunal Federal (STF) avaliar seu pedido de suspeição do ex-juiz e hoje ministro da Justiça, Sergio Moro, o julgamento vai ser “simbólico para o restabelecimento da plenitude do Estado de Direito”.

A expectativa do advogado é que o processo seja analisado ainda em novembro: “Tenho a expectativa de que ele seja julgado com a prioridade que o caso requer, até por que estamos falando de uma pessoa presa há mais de 570 dias indevidamente”.

Zanin avaliou que, atualmente, o cenário pode ser mais favorável para os pedidos da defesa da Lula. “Fatos mais recentes, como a Vaza Jato, como o lançamento do livro do ex-chefe da PGR [Procuradoria-Geral da República] Rodrigo Janot, dentre outros, vieram mostrar que nós sempre estivemos certos. Vieram mostrar que a Lava Jato foi uma perseguição, uma verdadeira cruzada, contra o ex-presidente Lula.”

Ele também comentou o julgamento da prisão em segunda instância e a interpretação de que a medida resultaria em impunidade: “Não há que se cogitar qualquer argumento que possa se sobrepor à nossa Constituição”.

“O que a Suprema Corte vai julgar é a presunção de inocência de todo e qualquer cidadão. Lula, como qualquer outro cidadão brasileiro, tem direito a essa presunção de inocência. Não existe nenhuma decisão condenatória definitiva contra ele”, defendeu.

Sobre a possibilidade de o ex-presidente progredir para o semiaberto, ele afirmou que Lula pode, sim, se negar a fazê-lo – o que é contestado pela Justiça do Paraná. “Nós entendemos que a progressão de regime é um direito. O ex-presidente Lula tomou a decisão de não exercer esse direito porque ele está vinculado a um processo ilegítimo.”

“É uma ilusão achar que a Lava Jato estaria buscando reparar seus próprios erros. O que eu vejo é um processo de contenção de danos. A Lava Jato foi desmascarada pelas nossas iniciativas, pela Vaza Jato e por outros fatos”, criticou ele, comentando medidas recentes da operação, como a anulação da condenação do ex-presidente no caso sítio de Atibaia (SP).

Na avaliação do advogado, a Lava Jato “não vai deixar ao país um legado positivo”. “Será lembrada como um período em que houve uma profunda erosão do Estado de Direito no país, com resultados catastróficos para a economia, para os direitos sociais e o sistema de Justiça como um todo”, concluiu.

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