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Entenda a crise entre Bebianno e a família Bolsonaro em sete pontos

Caso tem origem em suspeitas de financiamento de candidaturas laranjas e nas desavenças entre o ministro e o filho do presidente

atualizado

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Em foto colorida, o ex-ministro Gustavo Bebianno com Jair Bolsonaro
1 de 1 Em foto colorida, o ex-ministro Gustavo Bebianno com Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução/Facebook

A tensão instalada entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, causou preocupações nos integrantes do governo e na base no Congresso. O caso, que tem origem em suspeitas de financiamento de candidaturas laranjas pelo PSL e desavenças antigas entre o ministro e o vereador Carlos Bolsonaro, chegou ao ponto de ebulição após o chefe do Executivo nacional admitir a possibilidade de Bebbiano sair do governo.

A crise ocorre no momento em que o Planalto tenta manter coesão para as negociações da pauta de votação mais importante no Legislativo, a da reforma da Previdência. Entenda o caso.

Suspeitas
No início de fevereiro, surgiram suspeitas de que esquemas de financiamento de candidaturas laranjas tenham ocorrido durante as eleições de 2018 no partido do presidente, o PSL. O primeiro integrante do governo citado no caso foi o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que era dirigente do diretório da sigla em Minas Gerais.

De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo, quatro postulantes em Minas receberam R$ 279 mil do comando nacional da legenda. Elas ficaram entre as 20 candidaturas do partido que mais receberam recursos no país, mas tiveram baixa votação – menos de mil votos cada uma –, o que levantou a possibilidade de que os pleitos tenham sido de fachada. O ministro negou as acusações.

Essa seria a primeira de uma série de suspeitas relacionadas a repasses de recursos para candidaturas do PSL.

Implicação de Bebianno
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, foi implicado diretamente nas suspeitas de financiamento de candidaturas laranjas cerca de 10 dias após a primeira reportagem sobre o caso. Bebianno, então presidente do PSL e coordenador da campanha de Bolsonaro à Presidência, teria aprovado o repasse de R$ 250 mil para a candidatura de uma ex-assessora. As prestações de conta mostram que o dinheiro foi repassado a uma gráfica em um endereço de fachada – que não tinha máquinas para impressões em grande escala.

Enquanto Bebianno era presidente da sigla, sete candidatos do PSL repassaram R$ 1,2 milhão a uma empresa de um dirigente do partido.

O valor – gasto em gráfica em um pequeno imóvel em Amaraji, na Zona da Mata pernambucana – é equivalente ao triplo do que a campanha de Jair Bolsonaro declarou em gastos com impressão de materiais gráficos. Entre os sete candidatos, só um foi eleito: o próprio presidente nacional do PSL, o deputado federal Luciano Bivar.

Inquérito da PF
A Polícia Federal entrou no caso oficialmente na terça-feira (12/2), quando intimou uma candidata a deputada federal pelo PSL, acusada de ter sido laranja durante as eleições, a prestar depoimento. A Procuradoria Regional Eleitoral e a Polícia Civil de Pernambuco também apuram o caso.

No dia seguinte, o presidente Jair Bolsonaro disse, em entrevista à TV Record, que havia dado “carta branca” ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, para investigar o caso por meio da PF.

Desmentidos
Carlos Bolsonaro, filho do chefe do Executivo nacional, foi às redes sociais para dizer que Gustavo Bebbiano mentiu ao afirmar que teria conversado três vezes com o presidente na terça-feira (12). Ele também publicou um áudio que indica ter sido gravado pelo pai no qual Bolsonaro diz a Bebianno que não falará com ninguém.

“Falei três vezes com o presidente”, garantiu Bebianno em uma entrevista ao jornal O Globo, oportunidade em que negou ser motivo de instabilidade no governo. Horas depois, Jair Bolsonaro endossou os ataques do filho ao republicar a mensagem, no Twitter, que continha o áudio.

“Voltar às origens”
No mesmo dia, o presidente admitiu a possibilidade de demissão de Bebianno, caso alguma irregularidade relacionada a repasse de recursos a candidaturas laranja seja identificada. “Se (o Bebianno) estiver envolvido e, logicamente, responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens”, afirmou, em entrevista à TV Record.

Na conversa, gravada antes dos tuítes de Carlos Bolsonaro contra o ministro, o presidente ainda confirmou que Bebianno mentiu. Ele disse que não houve conversa entre os dois sobre as acusações contra o PSL.

Bebianno, por sua vez, afirmou à imprensa que não pretende deixar o cargo e confidenciou a amigos próximos que se o presidente quiser que ele saia, terá de demiti-lo.

Reações
A crise entre a família Bolsonaro e Bebianno acendeu o alerta na ala militar do governo e nos integrantes da base do governo no Congresso. O PSL tentou montar uma estratégia para impedir que a briga atrapalhe votações no Legislativo.

A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) pregou a separação entre o núcleo familiar do presidente e o governo. “O Palácio (do Planalto) não pode invadir a casa do presidente”, disse.

Após o episódio, interlocutores do presidente, principalmente militares, se convenceram de que “é preciso estancar” a ação dos filhos de Bolsonaro no governo. Há o temor de que, caso seja demitido, Bebianno possa causar problemas.

Histórico
Não é o primeiro atrito entre Carlos e Bebianno. O filho do presidente deixou a equipe do governo de transição em novembro após rusgas com o agora ministro. O vereador chegou a ser cotado para assumir a Secretaria de Comunicação da Presidência. A possibilidade foi comunicada pelo próprio Bebianno em novembro, após ser confirmado como futuro ministro. A atitude de Bebianno foi vista como precipitada e como um “afago falso”.

“Caráter não se negocia. Quando há compulsão por aparecer a qualquer custo, sempre tem algo por trás”, escreveu Carlos no Twitter, à época.

Mesmo com a saída oficial do governo, Carlos ainda é o filho mais próximo do presidente. Uma demonstração de prestígio do “zero dois”, como é chamado, ocorreu na posse de Bolsonaro, quando ele sentou no banco de trás do Rolls Royce presidencial, acompanhando o cortejo até o Congresso e o Planalto.

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