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Embaixador do ecoturismo, Rasmussen responde por tráfico de animais

O apresentador de TV foi autuado em dez infrações pelo Ibama, com um total de multas acumuladas em R$ 263,1 mil

atualizado

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Carolina Antunes/PR
RASMUSSEN e Bolsonaro
1 de 1 RASMUSSEN e Bolsonaro - Foto: Carolina Antunes/PR

Aliado próximo do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o embaixador do turismo no Brasil e apresentador de TV, Richard Rasmussen, foi autuado pelo Ibama em dez infrações referentes ao meio ambiente. Entre as acusações, ele é investigado por traficar animais para criadouro no interior de São Paulo.

As informações são do jornal Folha de S. Paulo. Rasmussen foi anunciado como “embaixador” pelo Twitter do presidente, na última sexta-feira (02/08/2019), e será encarregado de representar o ecoturismo.

O total de multas acumuladas e aplicadas entre 2002 e 2009 é de R$ 263,1 mil. A maior multa dada ao apresentador foi de R$ 144 mil por supostamente transportar animais silvestres sem autorização do Ibama, em 2004. As autuações ocorreram em Carapicuíba, interior de São Paulo, onde o apresentador mantinha um criadouro ilegal com suspeitas de tráfico. Com as acusações, o espaço foi fechado em 2005.

“Faltavam diversos animais que constavam da fiscalização anterior, existindo outros que não constavam, vários micos-estrela estavam mortos na sala de atendimento veterinário e um morto no recinto, cães circulavam livremente no recinto de diversas aves e saguis, filhotes de onça eram mantidos em canil, entre outras irregularidades”, informa documento do Ministério Público sobre uma das fiscalizações que fez no terreno de Rasmussen.

Além desses, o texto expõem uma lista de outras acusações: “elevado número de morte de animais devido às más condições do criadouro; maus tratos, diante das condições de insalubridade, fugas, mortes por predadores, falta de cuidados veterinários e devida alimentação; nas recorrentes fugas de animais já acostumados à vida em cativeiro, sem o acompanhamento de sua devida reinserção na natureza; nos indícios de ainda maior número de mortes, fugas ou venda a pessoa sem condições de receber animais, diante da ausência de documentos de destino dos animais desaparecidos; na recepção de animais apanhados na natureza, por não haver documento comprobatório de origem lícita; nos danos causados aos ecossistemas nacionais pela introdução de espécimes exóticas”.

Com a indicação, o biólogo disponibilizou ao governo federal todo seu acervo pessoal de imagens. Porém, o conteúdo é criticado por especialistas por supostamente comprovarem indícios de perturbação e maus tratos à fauna silvestre. Desde a sua origem, a produção do programa do apresentador, agora embaixador, recebe críticas por maus tratos aos animais, como o mantimento das espécies fora do cativeiro e por simular situações de resgate. Eles questionam também a falta de cuidado ao interagir com os animais e a ausência de autorizações dos órgãos ambientais.

Ainda, Rasmussen foi acusado de fraude por pescadores da Amazônia, em 2014. Eles alegam ter recebido cem reais do apresentador para que matassem um boto. Os depoimentos foram registrados, na época, e o biólogo foi denunciado pela imprensa.

Aparentemente, o apresentador já iniciou os trabalhos como embaixador. Na última quarta-feira (31/07/2019), ele se reuniu com o secretário de ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente, André Germanos, com o presidente da Embratur, Gilson Machado, e ainda a deputada federal Carla Zambelli (PSL), apontada como articuladora da nomeação.

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