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Análise: após ONU, Bolsonaro evita imprensa e se reaproxima de Moro

Desde que voltou dos Estados Unidos, o presidente anulou todas as conversas com jornalistas. O ministro retoma status de “reserva moral”

atualizado

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Marcos Corrêa/PR
29/08/2019 Solenidade de Lançamento do Projeto em Frente Brasil
1 de 1 29/08/2019 Solenidade de Lançamento do Projeto em Frente Brasil - Foto: Marcos Corrêa/PR

Com a sua avaliação positiva em queda, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) deu indícios de que está reformulando a sua  estratégia de comunicação. O presidente não tem mais parado na porta do Palácio da Alvorada para as entrevistas matinais, como vinha fazendo há alguns meses, nas quais diversas polêmicas foram lançadas.

Ao mesmo tempo, ele mudou a forma de tratamento concedida ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que, apesar de ter enfrentado desgastes com os vazamentos de diálogos da época em que era juiz da operação Lava Jato, mantém altos índices de confiança – superiores aos do presidente.

O índice de aprovação ao desempenho de Moro oscilou de 52% para 51% entre julho e agosto, conforme medição do Datafolha, após a divulgação das informações que levantaram suspeitas de que ele orientava as ações da força-tarefa que ele mesmo julgava.

Já a reprovação do presidente cresceu de 33% no início de julho para 38% na última semana de agosto, o índice mais alto desde o início de seu governo de acordo com pesquisa divulgada pelo Ibope na semana passada. No mesmo período, a aprovação à gestão do militar reformado caiu de 33% para 29%, e a taxa dos que a avaliam como regular oscilou de 31% para 30%.

Opiniões divididas
As conversas no Alvorada sempre dividiram a equipe de comunicação do presidente. Parte do grupo ligado ao porta-voz Otávio Rêgo Barros não tinha simpatia pelas conversas matinais que, muitas vezes, tiveram de ser equacionadas ao longo do dia ou mesmo no final da tarde, nos briefings para a imprensa conduzidos pelo general. Os ministros militares rechaçaram desde o início a exposição do presidente.

Outro grupo, sob a gestão do chefe da Secretaria de Comunicação do Planalto, Fabio Wajngarten, incentivou os diálogos como forma de preservar seu eleitorado mais fiel, afeito às polêmicas que o presidente frequentemente gera.

A avaliação, segundo auxiliares, é de que tendo 30% do eleitora cativo, é possível vencer eleições no país. A leitura é que até 2022, fatores presentes nas últimas eleições, como a onda do antipetismo, devem permanecer no radar. Com isso, Bolsonaro se tornaria o candidato com mais aptidão para vencer os antigos mandatários do Palácio do Planalto.

O fato é que dessas entrevistas surgiram polêmicas como os ataques a família do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, além de petardos lançados ao presidente francês, Emmanuel Macron, no auge da crise sobre os incêndios na Amazônia.

Na volta de Nova York, depois de um discurso incisivo na abertura da 74ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Bolsonaro deu sinais da sua nova postura perante a imprensa. E já no discurso ele voltou a elogiar Moro – que até então vinha sendo criticado pelo presidente.

Bolsonaro, que antes parava para falar com a imprensa, agora se dirige apenas aos admiradores que se acostumaram a espera-lo durante as manhãs. Dificilmente responde às perguntas de jornalistas. No máximo, de longe, solta alguma frase.

As mudanças em relação a Moro se fizeram visíveis na última semana. Bolsonaro citou o ministro em diversas aparições públicas em tom elogioso, diferente do tratamento adotado quando das decisões em relação à cúpula da Polícia Federal e de outros órgãos de controle que passaram pela intervenção direta do presidente. Na época, Bolsonaro chegou a dizer que Moro era “ingênuo” e que quem manda era ele, não o ministro.

Com a nova estratégia, os discursos de Bolsonaro voltaram a fazer de Moro a “reserva moral” do governo. Foi assim no discurso de posse do novo procurador-geral da República, Augusto Aras, na quarta-feira (03/02/2019) e no dia seguinte, durante o lançamento de uma campanha publicitária para reavivar o projeto de lei anticrime proposto pelo ministro, mas que foi deixado em segundo plano na Câmara até que se aprovasse a reforma da Previdência.

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