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Pastores do MEC tiveram reuniões em vários ministérios desde 2019

Vídeos obtidos pelo Metrópoles mostram que pastores do “gabinete paralelo” no MEC atuam com desenvoltura por todo o governo desde o início

atualizado

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Ministro Onyx Lorenzoni com pastor Arilton e deputado federal Marcelo Brum
1 de 1 Ministro Onyx Lorenzoni com pastor Arilton e deputado federal Marcelo Brum - Foto: Reprodução/Instagram

Imagens gravadas durante cultos de Gilmar Santos registram o pastor contando sobre suas reuniões com o presidente da República a dois deputados. Há também registros de vários encontros do líder da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, hoje envolvido em denúncias de propinas para direcionamento de recursos no Ministério da Educação (MEC), em uma série de outros gabinetes da Esplanada, em Brasília.

O religioso circula com desenvoltura pelo primeiro escalão do governo Jair Bolsonaro (PL) desde o início do mandato do presidente. Em um dos vídeos, Santos conta que, no primeiro encontro, em abril de 2019, relatou o apoio de seus pastores na Região Nordeste a Bolsonaro. O chefe do Executivo federal teria reagido com o pedido de uma nova reunião, mais extensa, “de uma hora”.

Neste momento, não há denúncias de irregularidades em pastas além do MEC, apenas o suposto modo de operação de Santos e seu colega pastor Arilton Moura na busca por recursos da educação para municípios do país.

A conversa de Bolsonaro e Santos no primeiro semestre de mandato presidencial também teve a presença do pastor Arilton Moura, apontado como outro integrante do “gabinete paralelo” que regularia, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a agenda e a distribuição de recursos do  MEC.

Segundo o prefeito de Luis Domingues, no Maranhão, Moura teria pedido R$ 15 mil e 1 kg de ouro para facilitar o acesso do município a dinheiro do MEC. Um enredo parecido é narrado pelo prefeito de Boa Esperança do Sul, no interior de São Paulo, Manoel de Souza.

Em maio de 2019, Jair Bolsonaro compareceu pessoalmente a um culto do pastor Gilmar. “O pastor Arilton é o nosso assessor para esse assuntos”, disse o religioso para o presidente, ao citar o encontro no Palácio do Planalto e ressaltar que ambos foram tratados com “grande apreço”.

Durante uma participação do deputado João Campos (Republicanos-GO) em uma atividade da igreja, Santos disse que apresentaria líderes da denominação em 22 estados ao presidente. “Ele quer conhecer todos (…) só no Maranhão são mais de 200 igrejas”, afirmou.

Em uma conversa com o deputado Marcelo Brum (PSL-RS), também ocorrida em julho de 2019, fica evidenciado que Arilton Gomes frequentou diferentes ministérios da estrutura federal.

“Eu tinha uma agenda com a ministra Damares Alves e também com o ministro Onyx. E nós convidamos o pastor Arilton para estar lá na Casa Civil”, relatou o deputado gaúcho.

O Metrópoles localizou fotos – inéditas até agora – que mostram Arilton em uma reunião com Onyx Lorenzoni no dia 4 de julho de 2019.

Em outubro de 2019, o pastor Gilmar teve um novo encontro com Bolsonaro, acompanhado dos líderes da igreja. Como prometido, diversos representantes de estados do Nordeste estiveram na reunião. Um dos participantes descreveu o evento como “a caravana do nosso querido Gilmar”, em um vídeo gravado no Palácio do Planalto.

Desde então, houve uma aproximação entre os dois pastores e figuras do governo federal. Nos sermões de Gilmar Santos, elogios ao presidente Jair Bolsonaro se tornaram cada vez mais frequentes.

“Que época bonita nosso país está vivendo”, afirmou o religioso em outubro de 2021. No evento denominado como “pré-congresso dos Gideões”, estava o ministro da Educação, Milton Ribeiro.

Os vídeos reforçam as afirmações de Milton Ribeiro em um áudio obtido pelo jornal Folha de São Paulo. Na gravação, Ribeiro diz que busca atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar, por orientação do presidente Bolsonaro.

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Em nota divulgada nessa quarta-feira (23/3) Gilmar Santos se defendeu das acusações. “Nego, peremptoriamente, a falácia de que pedi, recebi, mandei pedir, ou, de alguma forma, contribuí, para o recebimento de propina, ou qualquer outro ato de corrupção junto ao Ministério da Educação”, afirmou.

Arilton Gomes não foi localizado e não se manifestou até o momento da publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

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