metropoles.com

Moro condena Gim Argello a 19 anos de prisão

O ex-senador foi preso em abril e condenado por seis crimes de corrupção passiva, três de lavagem de dinheiro e por obstrução de Justiça

atualizado

Compartilhar notícia

Rafaela Felicciano/Metrópoles
gim-argello-3
1 de 1 gim-argello-3 - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O juiz Sérgio Moro condenou nesta quinta-feira (13/10) o ex-senador Gim Argello a 19 anos de prisão. O político está preso em Curitiba (PR) desde abril deste ano, quando foi levado à cadeia durante a 28ª fase da Operação Lava Jato por supostamente exigir propinas de empresários que têm negócios com a Petrobras. O dinheiro teria sido cobrado por Gim para que os empreiteiros não fossem convocados a depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava os negócios da estatal.

Argello é o primeiro político do Distrito Federal a ser condenado durante a Operação Lava Jato, que investiga desvios bilionários na Petrobras. O ex-senador vai cumprir pena por 10 crimes, sendo seis relacionados à corrupção passiva, três à lavagem de dinheiro e um por obstrução de Justiça. É uma das penas mais altas resultantes da operação.

Além dos 19 anos de prisão, o político brasiliense também foi condenado a pagar multa de R$ 7,35 milhões referentes à reparação pelos danos causados pela sua atuação. Esse dinheiro será repassado ao caixa do Congresso Nacional. Moro decretou ainda o confisco de R$ 46.578,06 nas contas do ex-senador e dos imóveis por ele adquiridos e transferidos para a empresa Solo Investimentos e Participação Ltda., até que o valor seja quitado totalmente. Além disso, o juiz determinou que, até que o político arque com esse valor, todo seu patrimônio fique bloqueado.

De acordo com delatores da Lava Jato, ao longo de 2014, Gim pediu R$ 5 milhões para cada empreiteira suspeita de envolvimento com os desvios na Petrobras. Pelo menos oito teriam sido abordadas, segundo depoimento de José Antunes Sobrinho, sócio da Engevix, o que poderia representar um montante de até R$ 40 milhões em cobrança de propina.

Moro também decidiu manter a prisão cautelar do político, assim como de Léo Pinheiro, mesmo durante a fase recursal. Sérgio Moro é o juiz que coordena os trabalhos da Operação Lava Jato. Ele atua na 13ª Vara Federal de Curitiba. Cabe recursos à segunda instância.

0

O filho de Gim, Jorge Argello Júnior, foi absolvido por Moro, assim como Paulo Roxo Ramos, Valério Neves Campos, Roberto Zardi Ferreira e Dilson de Cerqueira Paiva Filho. Na denúncia, o Ministério Público Federal (MPF) alegou que os três haviam auxiliado o ex-senador na cobrança das propinas. O juiz, no entanto, afirmou que tomou a decisão por “falta de prova suficiente para condenação criminal”.

Segundo o advogado de Gim Argello, Marcelo Bessa, a defesa não concorda com a condenação e vai entrar com os recursos cabíveis.

Absolvição
Nessa mesma sentença, Moro absolveu Argello da acusação de organização criminosa e José Adelmário Pinheiro por corrupção envolvendo a UTC Engenharia, a Andrade Gutierrez e a Engevix Engenharia. Segundo a decisão, não há provas suficientes para a condenação deles nesses crimes.

Ainda nesse despacho, o juiz federal impôs ao empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, 8 anos e 2 meses de reclusão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Outro empreiteiro, Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, pegou 10 anos e seis meses de prisão pelos mesmos crimes.

O executivo Walmir Pinheiro Santana, ligado à UTC, foi condenado a 9 anos, 8 meses e 20 dias de reclusão por corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação de organização criminosa. Ricardo Pessoa e Walmir Santana são delatores da Lava Jato e vão cumprir penas estabelecidas em seus acordos de colaboração premiada.

Paróquia
No seu despacho, Moro volta a citar a Paróquia São Pedro. Dirigida pelo padre Moacir Anastácio, ela recebeu R$ 350 mil da OAS, como parte das propinas de Argello. De acordo com Moro, trata-se de vantagens indevidas ao senador intermediadas pelo padre.

“Trata­-se aqui do pagamento da vantagem indevida solicitada por Jorge Afonso Argello na forma de doação para a Paróquia São Pedro, o que atendia aos interesses eleitorais do então Senador”, disse Moro na decisão.

Advogados de Gim publicam nota
Por meio de nota divulgada no fim da tarde desta quinta (13), a defesa de Gim Argello disse “não concordar com qualquer das imputações usadas para justificar a decisão da Justiça Federal que condenou o ex-senador”. Afirma, ainda, “que apresentará recurso ao Tribunal Regional Federal”.

“Sua família, perplexa diante da condenação, reafirma com veemência que foi demonstrado a inexistência de qualquer ato ilícito do ex-senador Gim Argello praticado em relação à CPMI da Petrobras, a qual o ex-senador foi vice-presidente”, diz o documento.

Ainda segundo a nota dos advogados, “mais uma vez, a família ressalva que o relatório final da CPMI foi contundente ao determinar o indiciamento de diversas empresas e pessoas físicas que supostamente teriam se beneficiado de alguma irregularidade praticada por Argello. Entre elas, a Construtora OAS S.A, a OAS Engenharia e Participações , a UTC Engenharia S.A, e os empresários Jose Aldemario Pinheiro Filho, Julio Gerin de Almeida Camargo e Ricardo Ribeiro Pessoa”.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?