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Mesmo sem receita, Saúde quer que pais busquem médico antes de vacina

O Ministério da Saúde voltou atrás e decidiu não vincular vacinação de crianças contra a Covid-19 a prescrição médica

atualizado

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Fábio Vieira/Metrópoles
Vacinação contra a Covid-19 em São Paulo
1 de 1 Vacinação contra a Covid-19 em São Paulo - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

Criticada por especialistas que a veem como artifício para protelar o início da vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19, a consulta pública sobre a imunização desse público ajudou a frustrar os planos do governo federal de exigir uma receita médica para autorizar a aplicação da dose. Além de quase todos os participantes da audiência pública realizada na última terça-feira (4/1), a maioria do público que opinou na enquete promovida pelo Ministério da Saúde pediu para que essa exigência não fosse feita.

Em coletiva de imprensa no final da tarde desta quarta-feira (5/1), a pasta responsável pela gestão da pandemia de coronavírus voltou atrás em uma vontade que havia sido expressa pelo ministro Marcelo Queiroga e até pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e informou que não será exigida nenhuma receita. Pelo menos 19 estados e o Distrito Federal já haviam adiantado que não cumpririam essa determinação, caso ela se concretizasse.

Apesar do recuo, o governo federal resolveu fazer uma recomendação “imprescindível” para que os pais consultem, sim, um médico com o objetivo de perguntar se haveria alguma contraindicação à vacinação dos pequenos. A aplicação das doses pediátricas da vacina da Pfizer contra a Covid-19 foi autorizada no último dia 16 de dezembro sob o argumento de que eventuais riscos são menores do que o benefício que a imunização traz a esse público.

Opinião de um médico (e ex-ministro de Bolsonaro)

Em postagem nas redes sociais na última segunda-feira (27/12), o médico e ex-ministro da Saúde Nelson Teich falou sobre os dados disponíveis e defendeu que eles indicam com clareza que “o certo é vacinar as crianças de 5 a 11 anos”.

Teich analisou o principal argumento de quem resiste à vacinação: o risco aumentado de a criança desenvolver uma doença no sistema circulatório chamada miocardite. O ex-ministro mostrou dados sobre a ocorrência do problema nos Estados Unidos, onde 5 milhões de crianças foram vacinadas e 8 casos de miocardite foram registrados entre elas.

“No Brasil temos 20 milhões de crianças nessa fixa etária, aproximadamente. Se mantiver a mesma proporção dos EUA, até 32 delas poderiam desenvolver miocardite. E, levando em conta a taxa de mortalidade da miocardite, uma dessas 32 poderia morrer”, enumerou.

“O risco de miocardite pela Covid é pelo menos sete vezes maior do que pela vacina. Então, o argumento [dos resistentes à vacina] não se sustenta. Claro que nenhuma vacina vai funcionar 100% e sempre se poderá usar casos isolados de fracasso [para mostrar], mas os sucessos você não vê, pois as crianças estão bem”, argumentou Nelson Teich.

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