PRDF abre apuração sobre suposta propina em compra de vacinas

Roberto Ferreira Dias é acusado de ter cobrado US$ 1 por cada vacina que viria a ser comprada pelo governo federal

atualizado 12/07/2021 18:57

Roberto Ferreira Dias_CPI da Covid Pedro França/Agência Senado

A Procuradoria da República do Distrito Federal (PRDF) determinou, nesta segunda-feira (12/7), a abertura de apuração preliminar para investigar a conduta do servidor Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, nas negociações da pasta com a Davati Medical Supply. Dias é acusado por um representante da empresa de ter cobrado US$ 1 por cada vacina que viria a ser comprada pelo governo federal.

De acordo com a Procuradoria, as investigações correm sob sigilo.

A acusação de suposta cobrança de propina partiu do policial militar, que paralelamente representava a Davati, Luiz Paulo Dominguetti Pereira. Ambos já depuseram à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 após a denúncia do caso, revelada pelo jornal Folha de S.Paulo.

Aos senadores, Dominguetti confirmou o que disse ao jornal, enquanto Dias rebateu as acusações e chamou o vendedor de vacinas de “picareta“. Os parlamentares, no entanto, não acreditaram na versão relatada pelo ex-diretor e deram voz de prisão a ele por perjúrio.

Agora investigado também pela PRDF, Dias se contradisse durante todo depoimento no Senado. Uma das lacunas não esclarecidas pelo depoente durante a oitiva é, justamente, o encontro do suposto pedido de propina.

O ex-diretor afirmou à CPI que estava no restaurante com um amigo e Dominghetti apareceu, levado pelo coronel Blanco, assessor de Logística do ministério. Segundo o depoente, o encontro foi “acidental”. “Fui tomar um chope. Em dado momento, uma pessoa se dirigiu ao coronel Blanco, apresentando-se como Dominguetti”, disse.

Dias antes, no entanto, áudios do celular de Dominguetti, obtidos pela CPI, apontam que o encontro foi previamente combinado.

“Dominguetti, no dia 25, às 14h55, recebe um áudio dizendo ‘está tudo acertado hoje à noite o encontro seu com Roberto Dias?’ Ele responde: ‘Está.’ Está nos áudios que temos do senhor Dominguetti. Então não pode ter sido coincidência ter se encontrado. Isso tá me cheirando… E eu estou tentando lhe ajudar. Agora chegar aqui, dizer que saiu, e não sabe por quê; que tiraram poderes do seu departamento e não sabe por quê; que demitiram duas pessoas do seu departamento e não sabe por quê”, queixou-se Aziz.

Outro ponto que irritou o colegiado foi a existência de um dossiê que Dias teria feito para se proteger, ao ser exonerado no último dia 30 de junho. “O senhor sabe que o senhor fez um dossiê para se proteger. Eu estou afirmando, eu não estou achando. Nós sabemos onde está esse dossiê, e com quem está. Não vou citar nomes para que a gente não possa atrapalhar as investigações. O senhor recebeu várias ordens da Casa Civil por e-mail, lhe pedindo para atender. Era ‘gente nossa’, ‘essa pessoa é nossa’. Não foi agora, não”, declarou Aziz, impaciente com algumas respostas de Dias.

Dias não confirmou, nem negou a existência do dossiê. O senador Randolfe Rodrigues (Rede) disse que o documento está em Madri, com um primo de Dias.

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