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Joesley pede investigação por ameaças após depoimento contra Cunha

Segundo advogado, empresário recebeu ligações anônimas um dia após audiência

atualizado

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Dida Sampaio/Estadão
JOESLEY BATISTA  DEPOIS DO DEPOIMENTO A PGR
1 de 1 JOESLEY BATISTA DEPOIS DO DEPOIMENTO A PGR - Foto: Dida Sampaio/Estadão

A defesa do empresário Joesley Batista, dono da JBS, protocolou nessa quarta-feira (5/12), na Polícia Federal, um pedido de instauração de inquérito para que sejam investigadas ameaças que o empresário afirma ter recebido ao longo de quatro dias na semana passada, após ter testemunhado contra os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves.

De acordo com documento obtido pelo jornal O Globo, o advogado de Cunha confirmou o endereço de Joesley, em audiência que tratava sobre o recebimento de dinheiro desviado da Caixa pelos emedebistas. E no dia seguinte, 28 de novembro, empregados da casa do empresário relatam ter recebido o primeiro de uma série de telefonemas ameaçadores, que se repetiria por três dias.

Em uma ligação, uma voz masculina dizia ser um delegado, pedia R$ 50 mil para serem depositados numa “conta da Caixa” e finalizava com a frase “Diga que o Eduardo está chegando em Brasília”.

Além disso, a defesa do empresário relata que, nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro e 2 de dezembro, viaturas da Polícia Militar de São Paulo se dirigiram à casa do empresário, no Jardim Europa, bairro nobre da capital, dizendo que haviam recebido denúncias anônimas de que estava ocorrendo ali um assalto com reféns, o que era falso.

Ameaça velada
A defesa não afirma categoricamente suspeitar de ninguém em especial, mas afirma enxergar nos episódios mensagens subliminares que “denotam ameaça velada” e ressalta a coincidência de os episódios relatados terem ocorrido no dia seguinte de o advogado de Cunha perguntar o endereço de Joesley.

“Detalhes sutis e mensagens subliminares dão a entender que se trata de questão ligada à Caixa Econômica Federal (onde teve início a operação Sepsis), que originou ação penal em que o requerente (Joesley) é testemunha de acusação. (…) uma espécie de recado”, diz o advogado no documento.

A operação Sepsis investiga fraudes na Caixa e levou os dois emedebistas e o doleiro Lúcio Funaro a se tornarem réus exatamente no processo da 12ª Vara Federal do Distrito Federal, em cuja audiência, no dia 28 de novembro, ocorreu a pergunta do advogado de Cunha.

“Coincidentemente, ou não, no dia seguinte, 29 de novembro de 2018, o requerente (Joesley) passou a receber diversas ligações em seu telefone fixo (…), instalado em sua residência, situada na (…). As ligações foram atendidas pela empregada, (…), e pelo cozinheiro da residência, (…). Além disso, foram feitas ligações nas mesmas datas, também para o apartamento do requerente em Salvador (…), atendidas pela empregada (…).”, diz trecho do documento entregue por Joesley à PF.

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