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Brumadinho: leia a decisão que mandou cinco executivos para a prisão

Engenheiros que atestaram a segurança da barragem de rejeitos de minério foram alvo da Justiça mineira

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
resgate brumadinho
1 de 1 resgate brumadinho - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A Justiça de Minas Gerais expediu cinco mandados de prisão temporária que foram cumpridos nesta terça-feira (29/1), contra engenheiros que atestaram a segurança da barragem 1 da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG). A barragem se rompeu na última sexta-feira (25). Dois profissionais foram presos em São Paulo e três no estado mineiro.

  • Confira os nomes: 
    André Yassuda – engenheiro preso em SP, na TÜV-Süd
    Nakoto Mamba – engenheiro preso em SP, na TÜV-Süd
    César Augusto Pauluni Grandchamp – funcionário da Vale preso em MG
    Ricardo de Oliveira – funcionário da Vale preso em MG
    Rodrigo Artur Gomes de Melo – funcionário da Vale preso em MG

Veja a decisão que determinou a prisão:

PRISÕES-BRUMADINHO (1) by on Scribd

De acordo com a juíza federal da Comarca de Brumadinho, Perla Saliba Brito, a prisão temporária de três funcionários da Vale diretamente envolvidos no licenciamento da barragem que se rompeu na cidade e de dois engenheiros terceirizados que atestaram a estabilidade do empreendimento é “imprescindível” para as investigações. “Trata-se de apuração complexa de delitos, alguns perpetrados na clandestinidade.”

A magistrada destacou que os documentos demonstram a existência de indícios de autoria ou participação dos representados nas infrações penais de falsidade ideológica, crimes ambientais e homicídios, “crimes estes punidos com penas de reclusão”.

Em outro ponto da decisão, ela cita que a tragédia demonstrou não corresponder ao teor dos documentos, “não sendo crível que barragens de tal monta, geridas por uma das maiores mineradoras mundiais, se rompam repentinamente, sem dar qualquer indício de vulnerabilidade”.

“Convém salientar que especialistas afirmam que há sensores capazes de captar, com antecedência, sinais do rompimento, através da umidade do solo, medindo de diferentes profundidades o conteúdo volumétrico de água no terreno e permitindo aos técnicos avaliar a pressão extra provocada pelo peso líquido, o que nos faz concluir que havia meios de se evitar a tragédia”, concluiu a juíza.

Empresa alemã
A Polícia Federal também cumpriu mandados na sede da empresa alemã TÜV-Süd em São Paulo. A empresa foi responsável, em junho e setembro de 2018, por emitir um parecer que atestava a segurança da barragem que se rompeu em Brumadinho, causando a morte de ao menos 81 pessoas.

Procurada, a empresa ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem.

Outro lado
A Vale informou, via nota publicada em seu site, que está colaborando com as investigações. “Referente aos mandados cumpridos nesta manhã, a Vale informa que está colaborando plenamente com as autoridades. A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas.”

Desastre
O número de mortos com a tragédia de Brumadinho subiu para 81. A informação foi dada ao Metrópoles pela coordenação da operação de socorro, comandada pela Defesa Civil, antes de os novos números serem disponibilizados no sistema de dados sobre a catástrofe.

Até o momento, 19 corpos foram identificados, segundo a Defesa Civil de Minas Gerais. São 271 desaparecidos e 192 pessoas resgatadas com vida. Nessa segunda (28/1), as equipes de busca recuperaram 14 corpos, sendo que dois estavam no micro-ônibus da Vale encontrado pelos socorristas.

De acordo com o porta-voz do Corpo de Bombeiros, tenente Pedro Aihara, o trabalho de localização e identificação das vítimas pode levar até meses, devido à complexidade.

Veja imagens:

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Ainda segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, apesar de remota, existe a possibilidade de a corporação encontrar pessoas com vida. Os socorristas têm usado cajados e se arrastado pela lama em busca de sobreviventes e corpos. Eles estimam que os trabalhos durem ao menos até julho. Os bombeiros explicam que o serviço está sendo feito em etapas. Primeiramente, os helicópteros sobrevoam a região à procura de pessoas ou animais.

 

Gui Prímola/Metrópoles

 

 

 

Desastre
A barragem Mina Feijão rompeu-se por volta das 13h de sexta (25). O vazamento de lama fez com que uma outra barragem da Vale transbordasse. O prédio administrativo foi atingido e o restaurante da companhia, soterrado.

 

A lama se espalhou pela cidade, e moradores precisaram deixar suas casas. Equipes de bombeiros e da Defesa Civil foram mobilizadas para a área e estão em busca de vítimas. Tanto o governo federal quanto o local montaram gabinetes de crise e deslocaram autoridades para a região.

Confira imagens da tragédia e da repercussão nas redes sociais:

(Com agências de notícias)

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