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JN cobra responsabilização de Bolsonaro por ataques à vacinação; veja

Editorial lido por William Bonner e Renata Vasconcello acusa presidente de afrontar a verdade, desrespeitar luto, a Anvisa e a Constituição

atualizado

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1 de 1 bonner - Foto: Reprodução

A postura de sabotagem à vacinação contra a Covid-19 adotada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) rendeu um duro editorial da Rede Globo cobrando a responsabilização do chefe do Executivo federal por seus atos. O texto foi lido pelos âncoras do Jornal Nacional, William Bonner e Renata Vasconcellos, na edição do Jornal Nacional da noite desta quinta-feira (6/1).

“As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre as mortes de crianças por Covid afrontam a verdade e desrespeitam o luto de milhares de brasileiros – parentes e amigos das mais de 300 vítimas de 5 a 11 anos”, começa o texto. “O presidente também desrespeita todos os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ao questionar qual seria o interesse da Anvisa com a autorização da vacinação de crianças”, diz ainda o editorial.

Em uma escalada negacionista motivada pela aprovação pela Anvisa da vacinação de crianças, Bolsonaro passou esta quinta-feira (6/1) atacando a agência. “O que está por trás disso? Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí? Qual o interesse daquelas pessoas taradas por vacina? É pela sua vida, pela sua saúde?”, disse o chefe do Executivo federal em entrevista a uma rádio.

E em sua tradicional live de quinta nas redes sociais, Bolsonaro voltou a atacar a agência e a desincentivar a vacinação.

Veja a íntegra do editorial da Globo em vídeo e em texto:

“As declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre as mortes de crianças por Covid afrontam a verdade e desrespeitam o luto de milhares de brasileiros – parentes e amigos das mais de 300 vítimas de 5 a 11 anos.

O presidente também desrespeita todos os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ao questionar qual seria o interesse da Anvisa com a autorização da vacinação de crianças. O interesse da Anvisa está expresso na lei que a criou: coordenar o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, em defesa da saúde da população.

O 4º artigo da lei determina que a agência atue como entidade administrativa independente e que as prerrogativas necessárias ao exercício adequado de suas atribuições sejam asseguradas. Não é isso que o presidente tem feito ao ameaçar divulgar nomes de integrantes da Anvisa que aprovaram a vacinação infantil. E, agora, ao questionar a lisura do órgão.

Por fim, as declarações do presidente Jair Bolsonaro contrastam com aquilo que prevê o artigo 196 da Constituição que ele jurou respeitar: a saúde é direito de todos os cidadãos – e dever do Estado.

O governo Bolsonaro retardou a decisão sobre as vacinas para crianças desde o dia 16 de dezembro de 2021 até quarta-feira (5), data limite imposta pelo Supremo Tribunal Federal. Convocou uma consulta pública estapafúrdia, porque remédios não podem ser aprovados pelo público leigo, mas por cientistas.

Em razão dessa demora, as famílias brasileiras têm ainda que aguardar ao menos mais sete dias até a chegada das primeiras doses pediátricas.

Como se não bastasse, nesta quinta-feira (6), ele insistiu em atacar as vacinas. O presidente Jair Bolsonaro é responsável pelo que diz, pelo que faz. Espera-se que venha também a ser responsável por todas as consequências daquilo que faz e diz”.

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