Bolsonaro ignora 608 mortes de crianças com menos de 5 anos por Covid
O presidente criticou a vacinação infantil dizendo que a chance de morte para crianças é quase zero
atualizado
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Jair Bolsonaro ignorou nesta quinta-feira (6/1) a morte de 608 pessoas com até cinco anos por Covid ao dizer que não conhece nenhum caso de morte de crianças pela doença. “Quando morre um garoto que contraiu Covid geralmente, eu desconheço, mas existe com toda certeza algum moleque que morreu em função da Covid, tinha um problema de saúde grave. Era muito obeso ou tinha outra comorbidade qualquer”, disse.
As informações estão no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde de 27 de novembro deste ano. O documento traz a morte por faixa etária.
Não é possível obter informações mais atuais porque o banco de dados com todos os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) já está há quase um mês fora do ar.
Em entrevista à TV Nova Nordeste mais cedo, o presidente questionou quem quer vacinar crianças. “Você vai vacinar o teu filho contra algo que o jovem por si só, uma vez pegando o vírus, a possibilidade dele morrer é quase zero?”, disse. Ele também chamou de “pessoas taradas por vacina” quem deseja imunizar jovens.

A Anvisa aprovou, em 16 de dezembro, a aplicação do imunizante da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. Para isso, será usada uma versão pediátrica da vacina, denominada Comirnaty baona/Getty Images

A vacina é específica para crianças e tem concentração diferente da utilizada em adultos. A dose da Comirnaty equivale a um terço da aplicada em pessoas com mais de 12 anos Igo Estrela/ Metrópoles

A tampa do frasco da vacina virá na cor laranja, para facilitar a identificação pelas equipes de imunização e também por pais, mães e cuidadores que levarão as crianças para receberem a aplicação do fármaco Aline Massuca/Metrópoles

Desde o início da pandemia, mais de 300 crianças entre 5 e 11 anos morreram em decorrência do coronavírus no Brasil ER Productions Limited/ Getty Images

Isso corresponde a 14,3 mortes por mês, ou uma a cada dois dias. Além disso, segundo dados do Ministério da Saúde, a prevalência da doença no público infantil é significativa. Fora o número de mortes, há milhares de hospitalizações Getty Images

De acordo com a Fiocruz, vacinar crianças contra a Covid é necessário para evitar a circulação do vírus em níveis altos, além de assegurar a saúde dos pequenos Vinícius Schmidt/Metrópoles

Contudo, desde o aval para a aplicação da vacina em crianças, a Anvisa vem sofrendo críticas de Bolsonaro, de apoiadores do presidente e de grupos antivacina HUGO BARRETO/ Metrópoles

Para discutir imunização infantil, o Ministério da Saúde abriu consulta pública e anunciou que a vacinação pediátrica teria início em 14 de janeiro. Além disso, a apresentação de prescrição médica não será obrigatória Igo Estrela/ Metrópoles

Inicialmente, a intenção do governo era exigir prescrição. No entanto, após a audiência pública realizada com médicos e pesquisadores, o ministério decidiu recuar Divulgação/ Saúde Goiânia

De acordo com a pasta, o imunizante usado será o da farmacêutica Pfizer e o intervalo sugerido entre cada dose será de oito semanas. Caso o menor não esteja acompanhado dos pais, ele deverá apresentar termo por escrito assinado pelo responsável Hugo Barreto/ Metrópoles

Além disso, apesar de não ser necessária a prescrição médica para vacinação, o governo federal recomenda que os pais procurem um profissional da saúde antes de levar os filhos para tomar a vacina Aline Massuca/ Metrópoles

Segundo dados da Pfizer, cerca de 7% das crianças que receberam uma dose da vacina apresentaram alguma reação, mas em apenas 3,5% os eventos tinham relação com o imunizante. Nenhum deles foi grave Igo Estrela/Metrópoles

Países como Israel, Chile, Canadá, Colômbia, Reino Unido, Argentina e Cuba, e a própria União Europeia, por exemplo, são alguns dos locais que autorizaram a vacinação contra a Covid-19 em crianças Getty Images

Nos Estados Unidos, a imunização infantil teve início em 3 de novembro. Até o momento, mais de 5 milhões de crianças já receberam a vacina contra Covid-19. Nenhuma morte foi registrada e eventos adversos graves foram raros baona/Getty Images

A decisão do Ministério da Saúde de prolongar o intervalo das doses do imunizante contraria a orientação da Anvisa, que defende uma pausa de três semanas entre uma aplicação e outra para crianças de 5 a 11 anos Rafaela Felicciano/Metrópoles
Bolsonaro e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, entraram em uma queda de braço com a Anvisa depois que a agência autorizou a vacinação de crianças entre cinco e 11 anos. Isso já acontece na Europa e nos Estados Unidos.
A disputa foi vencida pela Anvisa, já que a imunização de pessoas nessa faixa etária começará no próximo dia 14, sem a necessidade de prescrição médica, como chegou a ser aventado por Bolsonaro.