metropoles.com

Há 1 ano, bolsonaristas inconformados paravam BRs e buscavam quartéis

Derrota de Bolsonaro para Lula no 2º turno foi estopim para manifestaçãoes pedindo golpe de Estado, que culminariam nos atos de 8 de Janeiro

atualizado

Compartilhar notícia

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Caminhoneiros fecham rodovias com pneus queimando, após derrota de Bolsonaro, país tem 63 bloqueios em rodovias - Metrópoles
1 de 1 Caminhoneiros fecham rodovias com pneus queimando, após derrota de Bolsonaro, país tem 63 bloqueios em rodovias - Metrópoles - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Minutos após a confirmação da vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições presidenciais, em 30 de outubro de 2022, rodovias de Santa Catarina começaram a ser bloqueadas por manifestantes, muitos vestidos com camisetas da seleção brasileira ou de apoio ao candidato derrotado, o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Durante a noite e a madrugada entre 30 e 31 de outubro, os pontos de bloqueios se espalharam pelo país, gerando uma tensão que esses militantes contrariados com o resultado das urnas esperavam que abrisse caminho para uma ruptura institucional.

Começava ali um período de incertezas no país, com manifestações golpistas também em frente a quartéis do Exército Brasil afora e até atentados violentos, alimentados pela esperança de impedir a posse de Lula. Foram 70 dias de agitação, que culminariam na invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro deste ano.

A primeira onda de bloqueios das rodovias foi a mais caótica e se concentrou entre a noite de 30 de outubro e 2 de novembro, quando protestos golpistas pelo país se transformaram em acampamentos fixos em frente a unidades das Forças Armadas, como o Quartel-General em Brasília. Muitos duraram mais de dois meses.

Nos três primeiros dias após a eleição, foram dezenas de voos cancelados e centenas de viagens de ônibus adiadas pelo país. Em algumas regiões, houve desabastecimento de gasolina e problemas no abastecimento de alimentos, pois os caminhões não conseguiam passar pelos bloqueios golpistas.

Uma segunda onda de bloqueios aconteceu entre os dias 18 e 22 de novembro, mas foi menor que a primeira e concentrada nos estados de Mato Grosso e Rondônia, em regiões com financiadores desses atos golpistas, que tinham tido suas contas bloqueadas por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Das estradas para os quartéis

O caos provocado pelos bloqueios em rodovias federais e os acampamentos viraram os principais assuntos pós-eleição. Pressionado, Bolsonaro fez declarações para garantir o direito de ir e vir, mas não condenou o motivo dos protestos: a não aceitação do resultado das urnas e pedidos de intervenção militar, o que seria um golpe de Estado. O ex-presidente chegou inclusive a dizer que manifestações eram bem-vindas.

E mesmo quando as autoridades conseguiram normalizar a situação nas rodovias, os militantes radicais não desistiram e se concentraram em outra estratégia. Se fortaleceram os acampamentos em unidades das Forças Armadas, muitos com grande estrutura. Os acampados eram alimentados diariamente por teorias de que estaria prestes a ocorrer um golpe de Estado.

A manutenção desses acampamentos e o engajamento dos militantes foram mantidos a partir de teorias que pipocavam em grupos de WhatsApp e Telegram e nas redes sociais. Declarações golpistas ou ambíguas de pessoas próximas a Bolsonaro, e dele mesmo, alimentavam essa cadeia.

No dia 19 de novembro, o general Walter Braga Netto, candidato a vice de Bolsonaro, se encontrou com manifestantes que estavam acampados no QG em Brasília e se deixou ser filmando dizendo: “não percam a fé”. Mais tarde, em 16 de dezembro, foi a vez de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, lançar um incentivo: “continuem a luta”.

Veja uma linha do tempo da mobilização bolsonarista do segundo turno até o 8 de Janeiro:

0

Aumento da violência

Conforme ia se aproximando a data da posse de Lula, o clima foi se tornando mais violento e militantes chegavam a pregar uma luta armada e a planejar atos terroristas, como a explosão de bombas em locais de grande circulação, como o Aeroporto de Brasília.

“Nós não estamos em uma movimentação de paralisação, nós estamos em uma guerrra. E pedimos também que a PRF nos ajude e não venha se intrometer, porque, se vier, não vai ser coisa boa, porque guerra é guerra”, declarou o líder de caminhoneiros Eliseu Rosário, em um protesto em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, em 18 de novembro do ano passado.

No dia 29 daquele mês, houve um ataque a tiros de mascarados em uma concessionário no Mato Grosso, na região de Nova Mutum, que terminou com veículos destruídos e queimados. Na data de 12 de dezembro, quando ocorreu a diplomação de Lula pelo TSE, houve quebra-quebra no centro de Brasília após a prisão do líder indígena cacique Serere, que também era defensor de um golpe de Estado.

Já na véspera de natal, em 24 de dezembro, a polícia encontrou dinamites em um caminhão no aeroporto de Brasília, deixadas por um grupo de bolsonaristas que frequentavam o acampamento no QG.

Escalada final

Durante boa parte do tempo em que bolsonaristas ficararam acampados, havia uma ala mais radical que defendia a saída dos quartéis e a invasão de prédios públicos.

Uma das inspirações era uma declaração do ideólogo de extrema-direita Olavo de Carvalho, morto em janeiro de 2022. Espécie de guru de Bolsonaro, Olavo defendia desobediência civil generalizada e a invasão de edifícios símbolos do governo federal para provocar a entrada das Forças Armadas.

No dia 8 de janeiro, isso se concretizou com a invasão e depredação do STF, Congresso e Palácio do Planalto, um ataque histórico contra a democracia brasileira. A esperança de depor Lula, porém, acabou frustrada, mas as consequências daqueles dias seguem vivas na política e na Justiça.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?