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Governo requisita 6 milhões de doses da Coronavac ao Butantan

Em ofício, Ministério da Saúde solicitou entrega imediata da vacina chinesa. Pouco tempo depois, Bolsonaro chamou Doria de “pilantra”

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Pazuello anuncia aquisição de 100 milhões de doses da vacina 9
1 de 1 Pazuello anuncia aquisição de 100 milhões de doses da vacina 9 - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

São Paulo – O Ministério da Saúde pediu ao Instituto Butantan, nesta sexta-feira (15/1), a entrega imediata das 6 milhões de doses da Coronavac que foram importadas da China ao Brasil. Em ofício enviado a Dimas Covas, diretor do instituto ligado ao governo de São Paulo, a pasta destaca que o imunizante está sob análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para concessão de autorização para uso emergencial.

“Ressaltamos a urgência na imediata entrega do quantitativo contratado e acima mencionado, tendo em vista que este Ministério precisa fazer o devido loteamento para iniciar a logística de distribuição para todos os estados da federação de maneira simultânea e equitativa, conforme cronograma previsto pelo Plano Nacional de Operalização da vacina contra a Covid-19, tão logo seja concedida a autorização pela agência reguladora, cuja decisão está prevista para domingo, 17 de janeiro de 2021″, diz trecho do ofício.

Mais cedo, em coletiva de imprensa, João Doria, afirmou que 6 milhões de doses da vacina estão prontas e disponíveis par a vacinação e encaminhará, a partir de segunda-feira (18/1), cerca de 4,5 milhões para um centro de distribuição e logística do ministério, no Terminal de Cargas do Aeroporto Internacional de Guarulhos.

O Metrópoles questionou ao Butantan se, após recebimento do ofício, houve mudança nos planos. O instituto respondeu assim:

“O Instituto Butantan esclarece que recebeu o ofício do Ministério da Saúde e já enviou resposta perguntando à pasta federal qual quantitativo será destinado ao Estado de São Paulo. Para todas as vacinas destinadas pelo instituto ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), é praxe que uma parte das doses permaneça em São Paulo, estado mais populoso do Brasil. Isso acontece, por exemplo, com a vacina contra o vírus influenza, causador da gripe. Portanto, o instituto aguarda manifestação do Ministério também em relação às doses da vacina contra o novo coronavírus.”

Na coletiva, Doria disse que planeja encaminhar 75% das doses ao ministério porque o restante cabe proporcionalmente ao estado de São Paulo, devido à quantidade de habitantes. “Não faz sentido encaminhar vacina ao Ministério da Saúde para depois o ministério encaminhar de volta a São Paulo”.

Segundo ele, as doses que ficam representam “a cota proporcional daquilo que sempre foi feito no sistema de imunização”. “O mínimo critério é o de proporcionalidade de população, acrescentando a isso São Paulo é o estado mais casos e óbitos da doença”, disse.

O governador disse ainda que só vai encaminhar as doses “desde que o ministério cumpra todos os preceitos estabelecidos contratualmente” com o instituto. “Se não houver isso, nós cederemos a vacina aos estados. Já temos 13 estados que solicitaram. É o plano B.”

“Não é homem”

Pouco depois da chegada do ofício ao governo de São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reagiu a declarações do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Mais cedo, Doria havia se referido ao chefe do Executivo federal como “facínora”, em coletiva à tarde, após ser questionado sobre a atuação do presidente diante da crise que o Amazonas vive, com o avanço da Covid-19 na região.

Com internações batendo recordes, unidades de saúde de Manaus ficaram sem oxigênio. O estado amazonense está sendo obrigado a enviar pacientes para outros estados.

“Será que o Brasil que você deseja para seus filhos e seus netos é o Brasil de Jair Bolsonaro? É o país de alguém que fala ‘E daí’, ‘Pressa pra quê?’ ‘Já fiz o que pude’, ‘O Brasil está quebrado’. Não, esse não é o Brasil que eu amo, esse não é o Brasil que eu gosto, esse não é o Brasil que eu defendo”, respondeu o governador, em referência a algumas declarações polêmicas de Bolsonaro.

Após o pronunciamento do chefe do Executivo paulista, o presidente concedeu uma entrevista ao Brasil Urgente, da TV Band. Na ocasião, o mandatário do país disse que Doria é “pilantra”, que o governador “não tem coragem moral” e que ele “não é homem”.

“Um dos estados que tem mais infectados [pela Covid-19] é o estado de São Paulo. Eu sei que aí tem também o maior número de habitantes. Ele quer jogar a responsabilidade pra cima de mim? Será que ele tem coragem moral, porque homem ele não é, nós sabemos que esse pilantra aí não é homem, de criticar o Supremo Tribunal Federal, que falou que eu não posso interferir? Eu tô cometendo um crime, Datena, por interferir, por ajudar. E não o contrário”, afirmou o presidente, em tom irritado.

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