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Funcionário que assumiu ser “fantasma” é exonerado no RJ

André José de Oliveira conta que, desde a nomeação, não trabalhou um dia sequer e nem teve função definida, mas recebe salário de R$ 1,7 mil

atualizado

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André José de Oliveira se denunciou fantasma e foi exonerado pela Prefeitura do Rio
1 de 1 André José de Oliveira se denunciou fantasma e foi exonerado pela Prefeitura do Rio - Foto: Reprodução

Rio de Janeiro – A Prefeitura do Rio exonerou André José de Oliveira, que ocupava cargo de assistente I na Secretaria Municipal de Ação Comunitária, e se denunciou como funcionário fantasma da Prefeitura do Rio.

André conta que, desde a nomeação, por indicação do secretário de Fazenda, Pedro Paulo Carvalho, não trabalhou um dia sequer e nem teve função definida. Mesmo assim, recebia salário de R$ 1,7 mil por mês.

Segundo ele, sua principal função é ficar à disposição de Pedro Paulo para fazer política para aliados dele na região do Itanhangá, na zona oeste do Rio de Janeiro.

“Eu só vou na secretaria para bater o ponto. Eu sou lotado na secretaria, fui nomeado, mas não trabalho. Sou fantasma. Eu estive a última vez na sexta-feira (6) para assinar o ponto. Assinei o ponto da semana e só. Assino sem trabalhar”, diz ele à reportagem do RJ2.

“Eu não faço nada, não tenho função. Mas o dinheiro está na minha conta. Eu recebo e fico à disposição do secretário Pedro Paulo. Ele que determinou minha nomeação na secretaria, e eu fico à disposição dele para fazer política na rua”, completou.

André aparece fotos registrando atos de campanha dos quais participou ao lado do então candidato a vereador Márcio Ribeiro, do Democratas, e do deputado e futuro secretário de Fazenda, Pedro Paulo, a quem já pediu sua exoneração. Segundo o “fantasma”, sua profissão é atuar na regularização de prédios construídos ilegalmente. Durante a campanha eleitoral de 2020, trabalhou sem receber.

“Eu já pedi para ser exonerado, inclusive estou nessa situação de fazer campanha para o deputado Pedro Paulo, mas ao longo do ano não faço nada. Só espero 2022. Só recebo dinheiro da Prefeitura e fico em casa”, explicou. “Eu trabalhei na promessa de ir trabalhar com ele. Não só ter um cargo. Eu não queria só receber”.

André tem guardadas mensagens solicitando seu desligamento ao secretário Pedro Paulo e à secretária Marli Peçanha, titular da Ação Comunitária. Ele diz que sabe que receber sem trabalhar é crime e informa que guardou todo o dinheiro recebido para devolver.

“Eu vou devolver, eu quero devolver, não sei como. Eu vou ao MP, quero devolver. Eu não quero dinheiro da prefeitura. Claro que tenho um conflito ético, por isso que eu estou fazendo isso”, diz ele acrescentando ainda que não é o único fantasma da prefeitura. “Não, não sou, são vários”, diz.

Antes de exonerar André, a Prefeitura do Rio havia informado à TV Globo que André Oliveira trabalhava na prefeitura, que sua nomeação havia sido uma escolha da secretária Marli Peçanha e que a função dele seria realizar visitas em favelas e comunidades, participar de reuniões e articulações locais para atender demandas e levar serviços da prefeitura à população.

Nas redes sociais, Pedro Paulo se defendeu e prometeu entrar com ação contra o fantasma.

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