Alvo de operação da Polícia Federal que investiga supostos desvios em contratos fechados na pandemia de coronavírus, o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), disse que a investigação evidencia a interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas instituições. Em resposta, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, acusou o ex-aliado de outros crimes, mas negou ter informações privilegiadas.
“É conversa de bar, todo mundo sabe o que você está fazendo”, disse o parlamentar em transmissão ao vivo pelas redes sociais no início da tarde desta terça-feira (26/05).
Sempre sem citar provas, Flávio disse saber de irregularidades em “pelo menos meia dúzia de secretarias” e da existência de um suposto esquema de pagamento de propina por empresários para a liberação de restos a pagar de outros anos, dívidas do governo que ficam penduradas. “O estado quebrado e você foi lá raspar o osso”, acusou Flávio.
“Mas não é informação privilegiada. É que eu ouço de todo mundo aqui no Rio, no cafezinho do Congresso”, afirmou várias vezes o filho do presidente, antes de prever: “Essa operação é só o começo. Eu acho que demorou muito, porque já ouço que você está cometendo uma série de desvios há muito tempo”.

Flávio Bolsonaro é investigado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no esquema das "rachadinhas"Rafaela Felicciano/Metrópoles

Governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson WitzelIgo Estrela/Metrópoles

Flávio e Jair BolsonaroIgo Estrela/Metrópoles

Flávio BolsonaroRafaela Felicciano/Metrópoles

Silvio Santos e filhos de BolsonaroReprodução/ Redes sociais

Esquema teria desviado ao menos R$ 6,1 milhões dos cofres públicosHUGO BARRETO/METRÓPOLES

Flávio Bolsonaro e Fabrício QueirozReprodução/Facebook

O pedido chegou em abril deste ano e já foi negado em duas decisões individuais – uma em abril e outra em maio – do ministro Felix Fischer, relator da açãoReprodução
Flávio disse ainda que o suposto esquema está sendo investigado “há muitos meses” e que começou na Polícia Civil do Rio, que passou o caso para outro instância ao chegar em autoridades. “A narrativa de que aconteceu por causa de interferência na PF é ridícula. A PF só agiu por ordem do STJ”, afirmou, na tentativa de livrar o pai das suspeitas.
Para o senador, a acusação é uma estratégia de defesa de Wilson Witzel. “Você está se fazendo de maluco para ficar inimputável, como o Adélio, e não ir pra Bangu 8”, acusou, referindo-se ao homem que tentou assassinar seu pai na campanha de 2018.