Agente de fiscalização da unidade do Carrefour em que João Alberto Silveira Freitas foi morto, Adriana Alves Dutra afirmou, antes de ser presa na terça-feira (24/11), que não interferiu no espancamento de João porque estava com “a saúde debilitada, em função de uma cirurgia feita recentemente”.
Ela declarou ter sido chamada pelo rádio porque um cliente havia agredido uma funcionária. Pontuou ainda que pediu aos seguranças que parassem de bater na vítima. Nos vídeos, Adriana aparece ao lado dos dois homens apontados como responsáveis pela morte de João Alberto. Ela estava gravando o ataque brutal. Os agressores, identificados como Giovane Gaspar da Silva e Magno Braz Borges, já estão presos.

João Beto caído no chão após as agressõesReprodução/Redes Sociais

Ele foi espancado até a morte em uma unidade do Carrefour, em Porto AlegreReprodução/Redes Sociais

Um vídeo mostra as agressõesReprodução/Redes Sociais

Ele morreu ainda no localReprodução/Redes Sociais

João AlbertoReprodução/Redes Sociais

Cenas do espancamento de João BetoReprodução/Redes Sociais

Cenas do espancamento de João BetoReprodução/Redes Sociais

Cenas do espancamento de João BetoReprodução/Redes Sociais

Cenas do espancamento de João BetoReprodução/Redes Sociais

Um desentendimento com funcionários do Carrefour teria motivado as agressões sofridas por João Alberto. Dois seguranças foram presos em flagranteReprodução/Redes Sociais

A vítima foi atacada com vários socos e golpes, registrados em vídeos por pessoas que assistiam à cena de terrorReprodução/Redes Sociais

Cenas do espancamento de João BetoReprodução/Redes Sociais

João Alberto foi morto no dia 19/11, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, ao ser espancado por dois seguranças de uma das filiais da rede CarrefourReprodução/Redes Sociais

Dezenas de pessoas – entre amigos, familiares e militantes de movimentos negros – acompanharam o velório e o sepultamento de João Alberto Silveira FreitasReprodução/Redes Sociais

Ele foi enterrado na manhã de 21/11, no Cemitério Municipal São João, zona norte de Porto AlegreReprodução/Redes Sociais
Cenas da barbárie no Carrefour de Porto Alegre, João Alberto, de 60 anos, é brutalmente agredido e assassinado por seguranças do Carrefour e funcionária do mercado filma sem fazer nada.
A tragédia dos pretos e pretas não tem fim #VidasNegrasImportam#fogonosracistas pic.twitter.com/vZNNZSOy1o
— Robson de Aguiar #ViraSP50💙 (@Robsondeaguiar) November 20, 2020
O celular de Adriana foi apreendido. Ela negou que tivesse usado o aparelho para gravar as agressões. Contou que, durante o espancamento de João Alberto, segurava um radiocomunicador em vez do celular.
Delegada
Segundo a delegada que apura o caso, Roberta Bertoldo, “a partir das imagens que foram captadas e dos testemunhos colhidos, Adriana tinha, sim, o poder, naquele momento, de cessar as agressões dos fatos”.
A polícia afirma ainda que o depoimento de Adriana apresentou muitas inconstâncias, e esse é um dos motivos de sua prisão. “Ela está sendo presa, neste momento, para ajudar a investigação criminal. Por que ela está sendo presa? Justamente pelo fato de ter contradições no seu depoimento”, explica a chefe da Polícia Civil do RS, Nadine Anflor.
Por ter citado nomes de outras pessoas envolvidas na cena, a polícia estuda prolongar o prazo do inquérito, que tem duração estipulada até sexta-feira (27/11). Se a medida for adotada, os referidos por Adriana também serão chamados para prestar esclarecimentos.
“Essas pessoas estão sendo identificadas. Serão avaliados eventuais participação ou grau de responsabilidade de outras pessoas que podem ter tido alguma contribuição, ainda que de menor importância, na morte do João Alberto”, assinalou a diretora do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, Vanessa Pitrez.
O caso
Beto foi morto no Carrefour, na última quinta-feira (19/11), em Porto Alegre. A esposa da vítima, Milena Borges Alves, 43, contou que o casal esteve no supermercado a fim de comprar verduras e ingredientes para fazer uma receita de pudim.
De acordo com Milena, eles ficaram poucos minutos dentro do estabelecimento. Relatou que Beto saiu na frente, em direção ao estacionamento. Quando chegou ao local, disse que se deparou com o marido no chão e que foi impedida de chegar perto dele.