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Ex-músico de Cristiano Araújo e Marília Mendonça lamenta tragédias

Equipe descansava no hotel, quando soube do acidente. Quando os músicos receberam a notícia da morte foi uma “comoção geral”

atualizado

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Arquivo Pessoal
baixista da banda de marília mendonça e a cantora, em um dos shows pelo brasil
1 de 1 baixista da banda de marília mendonça e a cantora, em um dos shows pelo brasil - Foto: Arquivo Pessoal

Goiânia – Em um espaço de tempo de seis anos, o baixista Luís Vagner da Silva Santos, de 44 anos, passou por duas situações traumáticas. O músico fazia parte da banda de Cristiano Araújo em 2015, quando o cantor goiano, no auge da carreira, morreu em um acidente de carro em Goiás. Já, em novembro de 2021, o agora instrumentista na banda de Marília Mendonça vive situação semelhante com a morte da cantora. Luís conversou com o Metrópoles os momentos difíceis dos últimos dias.

A banda de Marília Mendonça chegou a Caratinga, no leste mineiro e onde ela faria um show, por volta das 12h de sexta-feira (5/11). Os músicos foram direto para o hotel, em seguida, alguns saíram para almoçar. E, numa questão de horas, a vida de todos eles mudou drasticamente, obrigando-os a voltar para casa.

Eles tinham saído de ônibus de Goiânia às 17h de quinta-feira (4/11). Formada em sua maioria por músicos que trabalharam com Cristiano Araújo, cantor goiano morto em acidente de carro em 2015, a banda estava animada com a retomada de shows e do contato próximo com o público, depois da paralisação gerada pela pandemia da Covid-19. A própria Marília, segundo os profissionais, estava radiante como nunca.

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No quarto do hotel, o baixista Luís Vagner da Silva Santos, de 44 anos, e que trabalhava com Marília desde 2015, aprendia os acordes de uma música da dupla do irmão dela, chamada Dom Vittor e Gustavo. Ele tinha acabado de retornar do almoço e se preparava para a apresentação que ocorreria à noite.

“E aí, quando pensa que não, chegou a notícia de que tinha acontecido um acidente com o avião da Marília. Quando eu vi a foto, eu pensei: ‘meu Deus’. Começamos, todos, a acompanhar pela imprensa. Eu mesmo imaginei que tinha sido um pouso forçado ou uma derrapagem. Foram passando as coisas pela TV e veio a confirmação. Todo mundo recebeu a notícia (da morte dela) pela imprensa”, conta Luís.

Da esperança ao desespero

Até então, os músicos sabiam do acidente, mas não tinham noção de como estavam os passageiros do avião. Existia certa esperança, entre eles, de que todos pudessem estar bem. Assim como todo o Brasil, eles souberam pela imprensa da confirmação da morte da cantora, tão jovem, com apenas 26 anos e vivendo o auge da carreira.

“Esse momento foi de desespero, de muita comoção. Eu mesmo, me descontrolei. Comecei a chorar muito, foi terrível. Na hora que confirmou, todo mundo desabou”, descreve o baixista. Os músicos ainda seguiram acompanhando as notícias até decidirem o retorno para Goiânia.

O ônibus da equipe, cujo clima havia sido de animação na ida para Caratinga, voltou para a capital goiana ao som de choro, desolação e em clima de choque coletivo. Os integrantes deixaram a cidade mineira durante a noite e chegaram a Goiânia já no horário do velório, ocorrido no ginásio Goiânia Arena. Os músicos viraram a madrugada viajando, a maioria sem dormir e tentando entender tudo que havia acontecido.

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Marília era amiga e próxima dos músicos

Marília Mendonça era o tipo de cantora que não cultivava hierarquias na equipe. Ela fazia questão de estar na companhia dos músicos, de participar das confraternizações, dos encontros, e cada um deles carrega consigo recordações pessoais de momentos vividos individualmente com ela.

“Quando acabava o show, a gente ia para o camarim dela e ficávamos lá batendo papo, ouvindo música. Ela gostava muito da presença da equipe e dividia com a gente os planos e projetos futuros. Ela compartilhava as ideias o tempo todo, escutava as nossas opiniões… A equipe da Marília sempre foi diferenciada por causa disso. A artista era um espelho para nós. Não tínhamos barreira com a artista Marília Mendonça”, afirma Luís.

Em postagens nas redes sociais, os músicos exaltaram o companheirismo da cantora e a maneira como ela conduziu a própria carreira, tornando-se uma das maiores da história do Brasil, com recordes não só no país, mas em âmbito mundial. “Nossa líder. Nossa cabeça pensante em tudo”, escreveu o baterista e produtor musical, Júnior Campi.

Encontro

Nesse domingo (7/11), um dia após o enterro de Marília Mendonça, os integrantes da banda se reuniram em um bar/restaurante de Goiânia para terem um momento de apoio e cuidado uns com os outros. A emoção, claro, tomou conta do ambiente.

O encontro serviu para eles lembrarem, além de Marília, da memória de outros dois integrantes da equipe que também morreram no acidente: o produtor geral da cantora, Henrique Ribeiro, conhecido como Henrique Bahia, de 32 anos, e o tio e assessor dela Abiceli Silveira Dias Filho, de 43.

Estavam, ainda, no avião o piloto Geraldo Martins de Medeiros Júnior, 56, e o copiloto Tarciso Pessoa Viana, 37, que também faleceram.

Veja:

Maraisa, da dupla com a irmã Maiara, esteve presente: 

Músicos enfrentam a segunda perda em seis anos

A equipe de músicos de Marília Mendonça era composta por ex-integrantes da banda do cantor Cristiano Araújo, que morreu em junho de 2015 em um acidente de carro, aos 29 anos. A cantora, cujo projeto estava iniciando, à época, e precisava montar uma equipe forte e experiente para acompanhá-la na estrada, acabou contratando o grupo de instrumentistas.

Eles estavam sem emprego e perspectivas, sem saberem ao certo o que aconteceria. Ninguém poderia imaginar que, seis anos depois, eles voltariam a enfrentar uma segunda perda, por motivos trágicos. A morte de Cristiano, que também vivia o crescimento e auge da carreira, já havia deixado em choque os músicos. Desta vez, com Marília, o sentimento é de incredulidade.

“Não dá para conviver com essa realidade. É muito sofrimento. Dói demais. Toda hora vem a imagem dela na minha cabeça. É uma dor inexplicável. Eu ainda não me conformei com o que aconteceu”, diz o baixista Luís Santos, que um mês e meio após a morte de Cristiano Araújo, com quem ele trabalhava, juntou-se a Marília nos palcos.

O primeiro show como baixista ao lado daquela menina, que estava começando e tinha, ainda, poucas músicas conhecidas no Brasil, ocorreu em Itaituba (PA), no dia 8 de agosto de 2015. “Me espantei com a quantidade de gente que foi para vê-la naquele dia”, conta. Ele e os companheiros de banda ainda não tinham uma noção exata da proporção que Marília já era.

“Quando a gente entrou no palco para tocar a ela começou a cantar, com o povo cantando junto aquelas músicas que ela mesma escreveu, eu falei: ‘meu Deus’, essa menina vai ser um fenômeno'”, revela ele. E foi mesmo.

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