O Metrópoles entrevistou na manhã desta segunda-feira (31/10), ao vivo, o governador eleito de São Paulo (SP), Tarcísio de Freitas (Republicanos), que disputou o segundo turno das eleições 2022 com Fernando Haddad (PT).
Assista à entrevista:
A entrevista foi realizada pelo colunista do Metrópoles Igor Gadelha e transmitida em todas as redes sociais do portal.
Tarcísio teve 13.480.643 votos ( 55,27%). O governador eleito é engenheiro civil e militar da reserva. Foi ministro da Infraestrutura de 2018 a 2022, no governo de Jair Bolsonaro, e diretor-executivo e geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes durante o governo Dilma Rousseff, entre 2011 e 2015.
Tarcísio Gomes de Freitas nasceu em 19 de junho de 1975, no Rio de Janeiro (RJ). É casado há 24 anos, o relacionamento gerou dois filhos: Matheus e Letícia.
Tarcísio teve a candidatura apoiada pelo presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). O ex-ministro da Infraestrutura e o candidato à reeleição estiveram juntos em vários palanques, motociatas e visitas a igrejas evangélicas e ao Santuário de Aparecida do Norte.
Percalços de Tarcísio de Freitas
O percurso que resultou na vitória de Tarcísio nas urnas neste domingo (30/10) foi tão esburacado quanto as estradas que ele prometia asfaltar.
O primeiro percalço foi político. Tarcísio ficou no meio de um cabo de guerra envolvendo o PL, partido escolhido por Bolsonaro para disputar a reeleição, e o Republicanos, legenda aliada que cobrava mais protagonismo na eleição para embarcar na coligação do presidente da República.
Tarcísio também tinha um problema antigo com Valdemar Costa Neto. Durante o governo de Dilma Rousseff (PT), o governador eleito escanteou aliados do presidente do PL que estavam sob suspeita de corrupção no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
O acordo costurado pelos caciques em Brasília e as diferenças entre Tarcísio e Valdemar levaram-no a se filiar ao partido ligado à Igreja Universal, denominação com a qual o governador eleito manteve uma relação estremecida durante a campanha.

Tarcísio Gomes de Freitas, nascido em 1975, é um engenheiro, político e militar da reserva. Natural do Rio de Janeiro, Freitas é ex-ministro da Infraestrutura do Brasil e o preferido de Bolsonaro para o governo de São PauloRafaela Felicciano

Servidor de carreira vinculado à consultoria legislativa da Câmara dos Deputados, Freitas também é formado pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), a mesma frequentada por BolsonaroRafael Carvalho/Governo de transição

Em 2011, chegou a cúpula do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit), durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, e mais tarde, em 2014, assumiu o comando do órgãoAgência Brasil

Após o impeachment de Dilma, Tarcísio de Freitas passou a atuar na Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimento (PPI). Já no governo Bolsonaro, o político assumiu o comando do ministério da Infraestrutura do BrasilMarcelo Camargo/Agência Brasil

No fim de março de 2022, no entanto, Freitas deixou o ministério para se lançar pré-candidato ao governo de São Paulo pelo Partido Republicanos. Ele tem o total apoio do atual presidente da RepúblicaAlan Santos/PR

Católico fervoroso e apoiador de Bolsonaro, o ex-ministro chegou a afirmar que Jair “não só foi escolhido pela população brasileira, mas também foi escolhido por Deus”Igo Estrela/ Metrópoles

Tarcísio é conhecido por ser alguém impaciente e que enfrenta qualquer pessoa que não concorde com eleColuna Guilherme Amado/Metrópoles

Enquanto trabalhava como secretário do PPI e tentava conseguir a concessão da Rodoviária de Integração do Sul (RIS), por exemplo, auditores não quiseram liberá-la, pois enxergavam irregularidades no edital. O ex-ministro por sua vez, irritado, acusou o TCU de levantar suspeitas sem provaAlan Santos/PR

“Os auditores do TCU não são os papas do universo. Tem muito absurdo nesse relatório, faz insinuações e não apresenta evidências. Estamos seguros do que colocamos lá e vamos nisso até o fim”, disse Freitas à épocaFábio Vieira/Metrópoles

Recentemente, declarações do pré-candidato ao governo de São Paulo irritaram policiais paulistas. Isso porque em entrevista ao canal do YouTube Money Report, Freitas afirmou que a segurança pública do estado havia ruído e que um dos motivos para isso seria um suposto pacto com o crime organizadoDivulgação

Alberto Ruy/MInfra

Além disso, o deputado também criticou o destino político de Tarcísio, que quer o governo de SP, mas é do Rio de JaneiroRafaela Felicciano/Metrópoles
Depois, Tarcísio teve de enfrentar uma batalha jurídica iniciada por opositores que tentaram anular seu registro de candidatura porque ele não morava no endereço de São José dos Campos informado como seu domicílio à Justiça Eleitoral.
Por causa da concentração de agendas de campanha na capital paulista, o ex-ministro acabou alugando um imóvel no Morumbi, mesmo bairro onde fica o Palácio dos Bandeirantes, para onde se mudará a partir de janeiro. A candidatura foi deferida em setembro.
A descrença na vitória de Tarcísio permeou todo o período de pré-campanha. O ex-ministro bolsonarista ouviu de amigos que sua candidatura seria “engolida” pela máquina do governador Rodrigo Garcia (PSDB), cujo partido comanda o estado há 28 anos.
Alianças de Tarcísio de Freitas
A aliança com o PSD de Gilberto Kassab, que indicou o vice-governador Felício Ramuth, deu musculatura à campanha, que ainda se equilibrava entre apresentar ao eleitor um gestor com perfil eminentemente técnico ou um fiel aliado bolsonarista.
Novamente, foi a garupa de Bolsonaro que alavancou o governador eleito, em meio a uma disputa estadual extremamente polarizada e nacionalizada.
A cena de maio do ano passado, na ponte do Rio Madeira, se repetiu em São Paulo. Na véspera do primeiro turno, Tarcísio montou outra vez na moto de Bolsonaro, sem capacete, para ser guiada pelo presidente em uma motociata pelas ruas da capital paulista.
No dia seguinte, o ex-ministro contrariou as pesquisas e venceu o primeito turno, com sete pontos de vantagem sobre o ex-prefeito Fernando Haddad (PT).
O resultado de Tarcísio, somado ao antipetismo demonstrado pelo eleitorado paulista nas urnas, especialmente no interior, tornou o ex-ministro o grande favorito a vencer a eleição estadual.
Em poucos dias, ele atraiu o apoio de quase todos os partidos que estavam na coligação de Garcia, incluindo o próprio tucano. Passou a ser tratado como “futuro governador” e a discutir nos bastidores a divisão de cargos e a composição do seu secretariado.
Recém-eleito, Tarcísio prometeu montar uma equipe com base em critérios técnicos, mas já sofrerá pressão política para lotear áreas do governo a partir desta segunda-feira (31/10).