Eleições 2022: com aglomerações, eventos aumentam risco de Covid
Os encontros são marcados por grandes aglomerações e participação de milhares de pessoas, normalmente sem máscaras
atualizado
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Nas últimas semanas, uma série de nomes ligados à política brasileira foram contaminados (ou infectados novamente) pelo coronavírus. O ministro da Economia, Paulo Guedes; o pré-candidato à Vice-Presidência da República na chapa de Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSB); e o pré-candidato à Presidência, Ciro Gomes (PDT), estão na lista dos pacientes acometidos pela doença.
Após a redução acentuada no número de casos, internações e mortes por Covid registrada nas últimas semanas no Brasil, o comportamento da população – e de autoridades e líderes políticos – em relação a algumas medidas preventivas ficou mais relaxado. Nos eventos de pré-campanha eleitoral, a situação explicita a nova forma de encarar a doença que toma o país. Os encontros são marcados por grandes aglomerações e participação de centenas de pessoas, praticamente todas sem máscaras.
A situação foi impulsionada pela retirada do uso obrigatório de máscaras em grande parte das cidades brasileiras, e da retomada de eventos com capacidade máxima de lotação. Ao Metrópoles, o professor do Departamento de Biologia Celular da Universidade de Brasília (UnB) Bergmann Morais Ribeiro explica quais são os riscos que os eventos podem gerar à saúde dos participantes.
“Era esperado que, com a liberação total que ocorreu em Brasília e em todo o Brasil, voltássemos a ter casos. A vacinação tem um prazo de validade: depois de seis meses após a segunda dose, o nível de anticorpos reduz bastante. Por isso, é muito importante evitar aglomerações nesses eventos”, explica.
Com o isolamento imposto pela doença, compromissos políticos precisaram ser paralisados: Ciro Gomes, que pegou Covid pela segunda vez na última semana, suspendeu a campanha presidencial.
No domingo (8/5), Simone Tebet (MDB), que deve concorrer ao Palácio do Planalto, também chegou a suspender compromissos da campanha porque o marido, Eduardo Rocha, foi contaminado. Na quarta-feira (11/2), ela anunciou que teve resultado negativo em exame de Covid, e voltou a participar de eventos presenciais.
Grandes eventos
No início de maio, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participaram de eventos em comemoração ao Dia do Trabalhador. A presença dos políticos nos eventos teve um ponto em comum: as aglomerações.
Em Brasília, manifestantes pró-Bolsonaro tomaram a Esplanada dos Ministérios. Sem máscara, como costuma circular desde o início da pandemia, o presidente Bolsonaro fez uma rápida aparição no local. Os apoiadores também não usavam objetos de proteção facial.
Em ato realizado por centrais sindicais de São Paulo, Lula também esteve em aglomerações durante o 1º de maio. Grande parte dos participantes não usava máscaras.
No último sábado, o evento de pré-lançamento da chapa Lula-Alckmin à Presidência da República, em São Paulo, também foi marcado por multidões, quase nenhum distanciamento social e participação de pessoas sem máscaras. Geraldo Alckmin participou da reunião por videoconferência — o candidato à vice-presidência está com Covid e teve de suspender atividades presenciais.
Aumento de casos de SRAG
Para o professor Bergmann Ribeiro, além do risco já causado pelas aglomerações nos eventos eleitorais — que começam a ser mais frequentes devido à proximidade do pleito — a chegada das baixas temperaturas em grande parte do país também pode influenciar em um possível aumento de casos.
Dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgados nesta quinta-feira (12/5), apontam para possível crescimento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em adultos no Brasil.
Segundo a pesquisa, 17 das 27 unidades federativas apresentaram sinal de crescimento nos casos de SRAG na tendência de longo prazo (últimas seis semanas): Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins.
O estudo é referente ao período entre 1º e 7 deste mês de maio, com base em dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 9 de maio.
“Alguns vírus podem ficar ‘dormentes’ no corpo humano, e, com a diminuição de temperatura, ser reativados e causar gripes ou outras doenças respiratórias. Nós estamos adaptados a usar máscara, fazer o distanciamento social, e o ideal é que essas medidas continuem”, conclui o professor.
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