Lula prega união entre divergentes e defende soberania do país
Em ato, Lula cita Paulo Freire para justificar a chapa com o ex-adversário político: “Unir divergentes para enfrentar antagônicos”
atualizado
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São Paulo – Evento de pré-lançamento da chapa Lula-Alckmin à Presidência da República na manhã deste sábado (7/5) em São Paulo teve romance e clima de festa. Políticos de partidos aliados, representantes de movimentos sociais e celebridades participam da cerimônia, assim como a noiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Rosângela da Silva, a Janja.
Candidato a vice na chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) discursou apenas por vídeo, na sexta-feira (6/5) ele foi diagnosticado com Covid-19.
Tanto Lula quanto Alckmin, que eram adversários políticos, exaltaram a união. Em seu discurso, o petista citou uma frase do educador e filósofo Paulo Freire para justificar a parceria entre os dois. “Nunca me esqueço das palavras de Paulo Freire: ‘É preciso unir os divergentes para melhor enfrentar os antagônicos'”, ressaltou.
Alckmin agradece confiança e diz que “Lula cai bem com chuchu”
O ex-presidente disse que nem ele, nem Alckmin sabiam do discurso um do outro, mas que as duas falas tiveram o mesmo sentido pregado pelo patrono da Educação brasileira. “Estamos pensando muito parecido”, disse Lula.
Já o ex-governador, em sua fala, fez uma brincadeira. Apelidado de “chuchu”, em alusão a crítica de que é “um político meio sem gosto”, ele disse que Lula cai bem com chuchu e que espera que esse prato se torne um hit.

Evento reuniu políticos, artistas e movimentos sociais Fábio Vieira/Metrópoles

Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido com aplausos Fábio Vieira/Metrópoles

Candidato a vice, Alckmin discursou por vídeo Fábio Vieira/Metrópoles

No evento, Alckmin lançou o prato "lula com chuchu" Fábio Vieira/Metrópoles

Lançamento da chapa Lula-Alckmin ocorre em São Paulo Fábio Vieira/Metrópoles

Lula defendeu a soberania do país Fábio Vieira/Metrópoles

Ex-presidente ressaltou a volta do país ao mapa da fome Fábio Vieira/Metrópoles

Evento teve clima de festa Fábio Vieira/Metrópoles
O petista se posicionou contrário às privatizações, classificou a política econômica do atual governo como “irresponsável e criminosa” e apontou a volta da fome ao país.
“Nossa soberania e democracia são constantemente atacadas pela política irresponsável e criminosa do atual governo. Desmontam, sucateiam e colocam à venda nossas empresas mais estratégicas. Entregam de mão beijada o patrimônio do povo brasileiro”, disse.
O ex-presidente condenou o garimpo em terras indígenas e relembrou a recente morte de uma menina Yanomami, estuprada por garimpeiros. Ao fim de sua fala, Lula ressaltou que se casará ainda este mês com a socióloga Janja.
Leia a íntegra do discurso:
Discurso do ex-presidente Lula by Grasielle Castro on Scribd
Cerimônia
O ato de pré-lançamento da chapa contou com a presença da ex-presidente Dilma Rousseff, que foi chamada ao palco com destaque logo antes da entrada do ex-presidente. A ex-presidente que, até então, tinha um papel mais discreto na campanha, foi recebida os gritos de “Dilma, guerreira, da pátria brasileira”.
Além disso, uma cena curiosa marcou a disposição no palco. Os dois pré-candidatos ao governo de São Paulo Márcio França (PSB) e Fernando Hadad (PT) se posicionaram, cada um de um lado do palco, frente a frente. Os dois não chegaram a acordo sobre um ceder espaço para formar chapa com o outro.
A ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina (PSol) foi uma das pessoas mais aplaudidas ao ser anunciadas pelos apresentadores e entrar no palco. Entre os artistas, estão presentes o ex-BBB Arthur Picoli e a apresentadora Bela Gil.
No início do evento, foi um exibido um vídeo lembrando os 580 dias em que Lula esteve preso em Curitiba e a vigília que se formou na frente à sede da Polícia Federal, na capital paranaense.
O petista foi anunciado ao som do trompete de Fabiano Leitão, que ganhou fama ao invadir links nas transmissões ao vivo de TV tocando o lema petista: “Olé Olá, Lula”. Em seguida, a cantora Tereza Cristina entoou o hino nacional, acompanhada pelo violonista João Camarero.
Bela Gil assumiu o microfone e apresentou uma linha do tempo com vídeos de campanhas e jingles de campanhas anteriores.
“Podem me prender, podem me matar, mas jamais conseguirão deter a chegada da primavera”, diz a fala de Lula destacada em um dos vídeos exibidos.
Os advogados que defenderam Lula contra a Lava Jato, Waleska e Cristiano Zanin Martins, também foram homenageados. No evento, foram exibidos vídeos de apresentadores do Jornal Nacional, da Rede Globo, anunciando as decisões de anulação de sentenças contra o petista.

Luiz Inácio Lula da Silva, nascido em 1945, é um ex-metalúrgico, ex-sindicalista e político brasileiro. Natural de Caetés, no Pernambuco, foi o 35º presidente do Brasil Fábio Vieira/Metrópoles

De origem simples, Lula se mudou para São Paulo com a família quando ainda era criança. Na infância, trabalhou como vendedor de frutas e engraxate Rafaela Felicciano/Metrópoles

Mais tarde, tornou-se auxiliar de escritório, foi aluno do curso de tornearia mecânica no Senai e, tempos depois, passou a trabalhar em uma siderúrgica que produzia parafusos, onde perdeu o dedo mínimo da mão esquerda Fábio Vieira/Metrópoles

Em 1966, Lula começou a trabalhar em uma empresa metalúrgica. Em 1968, filiou-se ao Sindicado de Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e, em 1969, foi eleito para a diretoria do sindicato da categoria Fábio Vieira/Metrópoles

Durante a ditadura militar, liderou a greve dos metalúrgicos e foi preso, cassado e processado com base na lei vigente à época. Foi justamente nesse período que a ideia de fundar o Partido dos Trabalhadores surgiu Ricardo Stuckert

Para formar a sigla, juntou representantes de movimento sindicais, sociais, católicos e intelectuais. Lula se tornou o primeiro presidente do PT. Durante a redemocratização, foi um dos principais nomes do Diretas Já, e no mesmo período, iniciou a carreira política Reprodução/YouTube

Em 1986, foi eleito deputado federal por São Paulo e, em 1989, concorreu pela primeira vez para presidente. Perdeu para Fernando Collor. Lula disputou o Palácio do Planalto outras duas vezes até ser eleito, em 2002 Ricardo Stuckert/Reprodução/Instagram

Cumprindo o primeiro mandato, foi reeleito em 2006, após disputa com Geraldo Alckmin, e permaneceu como presidente até 31 de dezembro de 2010 Fábio Vieira/Metrópoles

Durante o período em que foi chefe de Estado, ficou conhecido pelos programas sociais Fome Zero e Bolsa Família, pelos planos de combate à pobreza e pelas reformas econômicas que aumentaram o PIB brasileiro. No exterior, Lula foi considerado um dos políticos mais populares do Brasil e um dos presidentes mais respeitados do mundo Fábio Vieira/Metrópoles

Após passar a faixa presidencial para Dilma Rousseff, Lula começou a realizar palestras nacionais e internacionais. Em 2016, foi nomeado por Dilma para comandar a Casa Civil, mas foi impedido de exercer a função pelo STF Fábio Vieira/Metrópoles

Em 2017, Lula foi condenado pelo então juiz Sergio Moro por lavagem de dinheiro e corrupção, resultado da Operação que ficou conhecida como Lava Jato. A sentença levou Lula à prisão até 2019, quando ele foi solto após o STF decidir que ele só deveria cumprir pena depois do trânsito em julgado da sentença Fábio Vieira/Metrópoles

Em 2021, o Supremo declarou que Sergio Moro foi parcial nos julgamentos e, consequentemente, todos os atos processuais foram anulados. Lula tornou-se elegível outra vez e, tempos depois, confirmou a intenção de se candidatar novamente ao Planalto Reprodução