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Na disputa pelas prefeituras do Entorno, apenas 8% dos candidatos se declaram pretos

A partir da base de dados do TSE, levantamento aponta 158 candidaturas majoritárias na região, mas só 14 concorrentes se dizem pretos

atualizado

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1 de 1 Arte - Foto: Moisés Amaral/Arte Metrópoles

Na disputa das 33 prefeituras do Entorno do Distrito Federal, apenas 14 dos 158 candidatos se declaram pretos. Ou seja, somente 8,8% do total de concorrentes. Os número estão na base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O PT conta com três candidatos autodeclarados pretos. O PDT escalou dois. Os demais concorrentes são do PSol, PSB, PL, Podemos, PMN, PTB, PTC, DEM e Patriota.

Entre os candidatos pretos, há apenas uma mulher, filada ao PT. Conforme o Metrópoles revelou, nestas eleições somente 15% das chapas majoritárias no Entorno são encabeçadas por mulheres.

Confira os dados:

Apesar da baixa participação de postulantes pretos na região, eles ainda são mais numerosos nas eleições 2020 do que no último pleito municipal. Em 2016, 118 candidatos participaram da corrida majoritária na Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (Ride). Desses, sete se autodeclararam pretos. Percentualmente, foram 5,9%.

Segundo dados do TSE, 19.344 candidaturas batalham por votos para prefeituras de todo o Brasil. Desse total, 829 são representadas por candidatos pretos (4,2% do total).

Sem incentivo

Na avaliação do advogado, cientista político e professor universitário da Upis, Nauê de Azevedo, a baixa participação de pretos na disputa era esperada. “Os partidos pouco fizeram para permitir a inclusão de minorias. Não se trata apenas de pessoas pretas. Todas as outras minorias continuam sub representadas, principalmente quando falamos de cargos do Executivo”, pontuou.

Neste sentido, o pesquisador destaca a incoerência de muitos partidos situados no espectro político da esquerda. Pelo discurso progressista, essas legendas deveriam fomentar, de maneira contundente, a inserção das minorias, avalia Azevedo.

“É realmente de se estranhar o número, ainda que mais à esquerda ou à direita. Há um problema sistêmico. Isso independe do espectro ideológico do partido. É pouca candidatura [preta]. Definitivamente, demonstra o tanto que a gente tem que remar para ter representatividade”, assinalou.

Nauê de Azevedo adverte que a baixa presença de representantes das minorias em cargos públicos, especialmente nos majoritários, gera impactos no cotidiano da população.

“Significa que pessoas aptas a sentarem na cadeira e pensar políticas que vão afetar toda a população naquele local possivelmente não vão ter vivências que possam auxiliar determinados grupos, principalmente os minoritários, nem direcionar de forma mais efetiva políticas públicas para esse grupos normalmente marginalizados na sociedade”, explicou.

Cotas eleitorais

O cientista político Valdir Pucci lembrou que o TSE reservou cotas do Fundo Eleitoral para candidatos pretos. Inicialmente, a reserva ocorreria apenas em 2022. Mas o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a mudança já em 2020.

“Mudaram a regra com o jogo rolando. No Brasil, víamos até então um embranquecimento dos candidatos, um triste resultado do nosso atraso cultural. Agora começa a ocorrer um fenômeno inverso. Não por que evoluímos. Mas porque os partidos estão em busca de recursos do fundo para as campanhas”, concluiu.

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